Os Corais
da Amazônia.
Por Thaís Herrero, do Greenpeace Brasil –
O navio Esperanza cumpriu sua primeira missão e a
campanha pelos corais da Amazônia continua. Saiba o que encontramos ao longo da
nossa expedição.
Depois de 20 dias de expedição pela costa norte
brasileira, o Greenpeace cumpre a primeira parte da sua missão: mostramos ao
mundo os recifes de Corais da Amazônia! E seguimos com nossa campanha para
defender esse bioma da ameaça do petróleo.
Saímos do Amapá e navegamos por 1.649 milhas
náuticas (algo em torno de 3 mil quilômetros). Ficamos a mais ou menos 100
quilômetros da costa brasileira, indo e vindo pelas áreas dos recifes – e
cruzamos a linha do Equador 4 vezes.
Pelo Esperanza passaram 48 pessoas, entre
tripulação, jornalistas, cientistas e a equipe dos escritórios do Greenpeace
pelo mundo. No total, fizemos 8 mergulhos com o submarino, sendo o mais
profundo a 220 metros da superfície. O que vimos superou nossas expectativas e
nossa imaginação. E o que fizemos foi história.
A seguir, um resumo do que encontramos. Tudo isso só mostra o quanto a região dos recifes de corais da Amazônia é incrível e guarda segredos que ainda precisamos conhecer – e respeitar.
Mosaico de biodiversidade
Esponjas amarelas, entre outras espécies, se
misturam a algas e rodolitos. Foto: ©Greenpeace
A cada mergulho que fizemos, registramos um número
maior de espécies. Encontramos arraias, caranguejo-aranhas, piraúnas, chernes,
lagostas, peixes-mariquitas, entre tantos outros. Algumas delas, nem
imaginávamos poder ver ali.
Também encontramos diferentes habitats. Nesta
região está uma estrutura recifal enorme, com uma heterogeneidade de paisagens
muito maior do que os cientistas previam. Vimos ali bancos de esponjas, bancos
de rodolitos, jardins de esponjas e jardins de corais negros.
Por ser uma área de transição entre a fauna do
Brasil e do Caribe, essa variedade foi uma surpresa boa e mostra a complexidade
da vida marinha ali.
Peixes ameaçados
Ao lado da anêmona, um peixe cherne, uma espécie
ameaçada de extinção. Foto ©Greenpeace
Entre os tantos peixes que vimos passar por perto
de nosso submarino e nossa câmera, estavam espécies que estão ameaçadas de
extinção, como o cherne e cioba. Isso só prova o quanto os recifes de corais da
Amazônia precisam ser defendidos .
Possíveis novas espécies
Um peixe-borboleta. Nossa expedição encontrou
possíveis novas espécies desse tipo de peixe. Foto: ©Greenpeace
Os cientistas da expedição comemoram a documentação
de três possíveis novas espécies de peixes:
Dois de peixe-borboleta e um de
budião-sabão. Segundo Ronaldo Francini Filho, docente da Universidade Federal
da Paraíba, essas são espécies bem diferentes no Atlântico. “O próximo passo é
continuar o estudo, tentar encontrar esses peixes e estudá-los de acordo com o
seu DNA. Só assim teremos certeza de que são uma espécie até então não
catalogada pela ciência”.
Muito maior
Conjunto de ouriços-do-mar. Foto: ©Greenpeace
A estimativa inicial era de que a região dos
recifes de corais da Amazônia tivesse 9,5 mil quilômetros quadrados. Nessa
expedição, que nem chegou a percorrer todo o território conhecido, pudemos ver
que isso é pouco. “Há indícios para que a área seja duas ou três vezes maior
que isso”, disse Ronaldo Francini Filho.
Paredão de rocha
Os mapas que mostram a geologia do fundo do mar
onde estão os recifes de corais da Amazônia são superficiais e sem detalhes.
Mas nossa expedição encontrou um paredão, apelidado de Falha do Joel, de cerca
de 70 metros de altura e 10 quilômetros de comprimento. É uma estrutura
completamente inesperada e mostra que sabemos pouco sobre a geologia da região
onde empresas de petróleo já querem explorar.
A defesa continua
Tripulação abre mensagem no Esperanza, em defesa
dos Corais. Foto: ©Marizilda Cruppe /Greenpeace
As imagens que vimos aqui, segundo Thiago Almeida,
da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil, deixam claro o quanto
único é esse bioma. “Essa expedição mostrou o quão pouco sabemos sobre nossos
oceanos e o quão importante é protege-los. Nós temos que evitar que a
exploração de petróleo ameace esse único, novo e intocado bioma”, disse.
A expedição acabou por enquanto, mas a campanha
precisa de mais e mais pessoas ao redor do mundo defendendo os Corais da
Amazônia. Vamos juntos pressionar as empresas Total e BP para que elas cancelem
seus planos de explorar petróleo na foz do Rio Amazonas. Faça sua parte, assine e compartilhe a petição.
Fonte: Greenpeace Brasil
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