Natalini:
a prioridade é colocar SP na agenda do clima.
Por Katherine Rivas, da Envolverde –
Enérgico e determinado, com apenas um mês de gestão
como novo Secretário do Verde, Gilberto Natalini corre contra o relógio para
cumprir as metas de trabalho dos seus 100 primeiros dias. Seu objetivo é
colocar a cidade de São Paulo na Agenda do Clima e criar um movimento forte de
mudança ideológica na população paulistana. Natalini define como
principal aliada de gestão a Nossa Senhora Aparecida, pois é preciso milagre,
afirma, para reorganizar a cidade, os parques e a arborização de São Paulo. A
equipe da Envolverde conversou com o secretário, confira a entrevista
Gilberto Natalini. Foto: Fonte: Fanpage Oficial
Gilberto Natalini
Envolverde – Como funcionará a concessão dos
parques?
Gilberto Natalini – Atualmente temos 107 parques,
sendo 96 urbanos. O prefeito Doria criou a Secretaria de Desestatização para
cuidar a questão dos parques e nós estamos acompanhando. As concessões vão
seguir o modelo do Central Park, não haverá cobrança de ingresso e o
concessionário vai explorar publicidade, eventos, comida.
O primeiro parque que pode experimentar esta
transformação é o Ibirapuera e já existem múltiplas organizações interessadas.
No Ibirapuera já temos comércios, muitos dos eventos não são pagos, então o que
vai mudar é que uma empresa ou organização pode assumir a administração e vai
ter que cumprir um regulamento que nós vamos fiscalizar.
Então quem assumir vai cuidar do parque, da
manutenção, áreas verdes, segurança, investimentos. A lucratividade é pequena,
isso os interessados devem saber, mas vão ajudar muito na gestão. O parque
Ibirapuera custa 26 milhões de reais anualmente para Prefeitura.
Existe o risco de transformar área verde em espaço
comercial e exclusivo?
Quem afirma isso não sabe o que está falando. O
prefeito já disse que o parque é público, o que vai ser concessionado é a
gestão do parque. Não existirá ingressos, o parque continua sendo público,
todos podem entrar, todas as classes sociais.
As vezes o governo não consegue gerenciar com
rapidez o peso da gestão dos parques, então nesse sentido concessionar ajuda.
Eu visitei 50 parques minha equipe foi em 100%. Os parques da cidade, tirando o
Ibirapuera, eu os classifico em “mato na coxa”, “mato na cintura”, “mato no
peito”. A maioria estão em situação de abandono. Um claro exemplo é o parque
Raposo Tavares, os banheiros estavam fechados por depredação, roubaram as
luminárias, e tinha sete moradores de rua vivendo no parque junto a um lixão.
Estamos recuperando o parque.
A Secretaria vai informatizar os processos de
licenciamento ambiental? Qual será o orçamento?
Temos um volume muito grande, há processos que
estão esperando resolução há mais de dois anos.
A cidade de Campinas
implantou este tipo de licenciamento com resultados muito positivos.
Estamos em conversas com o Secretário do Verde de lá, Rogerio Menezes, para que
eles possam disponibilizar esta tecnologia para nós. Na Prefeitura também temos
equipamentos que podem ser aproveitados.
Queremos informatizar o licenciamento nos primeiros
100 dias de governo. O Prodam de São Paulo está em parceria com a equipe
informática de Campinas vendo isso. O orçamento é pouco, porque estamos
articulando para ganhar o sistema de Campinas, e o resultado é imensurável.
Imagine poder fazer um licenciamento em 30 ou 40 dias, o ganho econômico é
gigante.
Como a sua gestão vai trabalhar com a educação
ambiental? Será nas escolas, universidades ou vias públicas?
Queremos chegar a todas as pessoas. Estamos vivendo
diversas crises: do clima, da água e febre amarela. E isso não é porque Deus
quer, e sim porque o homem desmata, e o mosquito vem para a cidade com o vírus.
Febre amarela é uma doença ambiental, um desequilíbrio.
Minha obrigação como secretário é levar
conhecimento para que haja consciência coletiva e as pessoas saibam mexer no
lixo, economizar energia, água, regular o motor dos carros. Hoje, acredito que
a população de São Paulo já tem o preparo emocional para receber essas
informações.
Mas não adianta ficar fazendo cursinhos, imprimir 5
ou 10 mil livros. Nós já temos uma universidade de Meio Ambiente, a UMAPAZ, O
que precisamos é conversar com a população via internet, aplicativo, TV na
internet, essa é a proposta.
Sua estratégia inclui mídias sociais?
Sem dúvida, eu sou o homem das mídias sociais e
acredito que isso opera milagres. Vamos procurar empresas que trabalham com
isso, e fazer parcerias com canais de TV para apresentar nossas propostas e
chegar a toda a população. Vamos trabalhar com tecnologia da informação.
Já imaginou se conseguirmos influenciar uma novela da Globo para inserir
nela o debate do lixo? Então temos isso e temos a UMAPAZ, que é a pedra que
amola a faca.
Como será a arborização da cidade e regiões
periféricas?
Na cidade de São Paulo arborização é uma questão
complexa. Nossa metragem de verde é três vezes menor da recomendada pela ONU.
Precisamos plantar muito, mas também cuidar e até mesmo suprimir árvore. Eu
tenho um lema “árvore certa, no lugar certo e na hora certa”. Então eu vou
criar um comitê de arborização e começaremos plantando mil arvores, em alguns
córregos limpos vamos colocar água. Umas das minhas prioridades é retomar a
arborização de São Paulo.
Outra proposta que levamos a Eletropaulo e a SETEC
é o plantio de árvores embaixo das linhas de transmissão de eletricidade,
pretendemos criar hortas orgânicas.
O que acontecerá com os mananciais?
Reestruturar o contexto total destes é impossível.
Estamos falando de 2 milhões de pessoas morando na região dos mananciais.
Durante o último governo ocorreram 62 ocupações novas. Vamos reativar a Operação
Defesa das Aguas. Seis anos atrás houve 7000 desocupações na beira da
represa que incluíam barracos, restaurantes e até hotéis, uma fiscalização
muito forte que deixou nove parques na beira do Guarapiranga.
Tem algum plano que gostaria de compartilhar com a
população?
Sim. A Secretaria do Verde tem um desafio para esta
gestão que é retomar a agenda do Comitê do Clima e colocar São Paulo na Agenda climática
das cidades e do mundo. Precisamos fazer um inventário de gases efeito estufa
da metrópole.
Como presidente atual do Comitê estou marcando uma
reunião com outras secretarias para traçar uma política intersetorial.
Precisamos muito da participação da população, que
os paulistanos tenham consciência ambiental e saibam da importância da
sustentabilidade. Peço para que nos ajudem, estamos de portas abertas.
Fonte: ENVOLVERDE
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