Mudança
climática sufoca peixes.
Oceanos perderam 2% de seu oxigênio entre 1960 e os
dias atuais; segundo cientistas alemães, fenômeno se deve ao aquecimento da
água, que reduz a quantidade do gás dissolvido.
Por Claudia Chow*
Não bastasse o lixo que se vê em mares, oceanos e
praias, agora anda também faltando oxigênio na água para os peixes respirarem.
Um estudo alemão publicado na semana passada no periódico Nature mostra que,
durante as últimas cinco décadas, a quantidade de oxigênio dissolvido nos
oceanos caiu 2%. Essa alteração de 2% que pode parecer pequena, mas
considerando que os oceanos naturalmente não tem grandes quantidades de
oxigênio dissolvido, que apenas bactérias vivem com pouco ou nenhum oxigênio e
toda a cadeia alimentar depende desse gás qualquer alteração já é um sinal de alerta.
O grupo, liderado por Sunke Schmidtko, do Helmholtz
Centre for Ocean Research (Geomar), na Alemanha, revela que 15% dessa perda
pode ser atribuída ao aquecimento dos oceanos, que por sua vez leva a menor
solubilidade de oxigênio das águas. Quem já passou pela desagradável
experiência de abrir uma garrafa de refrigerante quente sabe que gases tendem a
escapar mais facilmente de líquidos em alta temperatura. Nos oceanos ocorre
fenômeno análogo.
Essa “desoxigenação” também sofre influência de uma
maior estratificação das águas oceânicas (causado também pelo aumento da
temperatura dos mares) e de fenômenos climáticos naturais como El Niño, a
Oscilação do Atlântico Norte entre outros que acontecem ao redor do globo e
que, de tempos em tempos, aumentam a temperatura das camadas superiores do mar.
Pargos em Bonare, no Caribe. Foto: Barry Brown/Catlin Seaview Survey
Mas qual é a importância da quantidade de oxigênio
dissolvida na água do mar? As alterações na quantidade desse gás no mar são
importantes, pois podem mudar os ciclos de nutrientes dos mares e o habitat
marinho, ou seja, a população marinha está sofrendo como nós sofremos nas
grandes cidades com ar poluído.
Em 2011 pesquisas já indicavam uma diminuição de
oxigênio nos oceanos. No estudo apresentado agora o volume de dados analisados
é quatro vezes maior que o de pesquisas anteriores. Foi utilizado um inventário
completo de dados com suas tendências desde 1960, abrangendo todos os oceanos
do planeta.
“Fomos capazes de documentar a distribuição de
oxigênio e suas alterações para o oceano inteiro pela primeira vez. Estes
números são um pré-requisito essencial para melhorar as previsões para o futuro
dos oceanos” afirmou Schmidtko à rede de TV americana CNN.
A maior perda de concentração de oxigênio foi em
áreas que já tinham baixas quantidades de oxigênio dissolvidas, como as
chamadas “zonas mortas”, em regiões tropicais de todos oceanos. A maior área
com perda absoluta de oxigênio foi no Oceano Ártico, Pacífico Equatorial e
Norte, seguido pelo Oceano Austral e o Atlântico Sul. Somando todas essas áreas
o contínuo declínio de oxigênio representa mais de 60% da perda global de
oxigênio no oceanos.
* Claudia Chow é geóloga e autora do blog
Ecodesenvolvimento.
Fonte: Observatório do Clima
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