Coppe mapeia áreas verdes em residências da Zona Norte do Rio de Janeiro.
Apenas 11,40% das áreas dos quintais de residências
do subúrbio da Zona Norte do Rio de Janeiro possuem árvores e 2,47% têm
cobertura rasteira, como gramados. A pesquisa, que retrata o percentual de
áreas verdes que restou em residências localizadas nessa região, onde residem
38% dos habitantes do município, cerca de 2,4 milhões de pessoas, foi tema da
tese de doutorado da pesquisadora Vera Ruffato, defendida recentemente no
Programa de Planejamento Energético da Coppe. Trata-se do maior mapeamento de
áreas verdes residenciais já realizado até o momento no país.
Vera Ruffato, pesquisadora da COPPE
Composta por 79 bairros, distribuídos em 203 mil
km2, essa região, que é a ambientalmente mais degradada da cidade, vem sofrendo
grande alteração de sua estrutura de ocupação, principalmente pela substituição
de casas por prédios. “A proposta foi estudar a contribuição dos quintais das
residências da Zona Norte para a manutenção das áreas verdes urbanas no uso e
ocupação do solo da cidade, tendo em vista que a Prefeitura só possui o
mapeamento das áreas verdes acima de 1 mil m2 (1 hectare)”, explica Vera.
A pesquisadora diz que uma forma de amenizar o
impacto da urbanização nessa região seria incentivar o plantio de árvores nos
chamados espaços permeáveis, que permitem a absorção da água.
Essas áreas estão
sendo regulamentadas por meio dos Projetos de Estrutura Urbana (PEUs), que vêm
sendo discutidos para serem votados na câmara dos vereadores. No caso de novas
construções, o Plano Diretor do Município do Rio de Janeiro de 2011 já
estabeleceu que todas devem ter um percentual de área permeável, a ser definido
por leis complementares.
Segundo Vera as árvores protegem as residências da
incidência do sol, podendo diminuir a conta de energia das residências entre 15
e 35%, devido a redução dos custos com climatização. Suas folhas absorvem parte
dos ruídos e o sombreamento nas paredes e no chão resulta na redução de ilhas
de calor, podendo reduzir a temperatura do ar em uma cidade em até 5ºC. “As árvores
também diminuem a quantidade de poluentes, a exemplo de particulados como
monóxido de carbono. Ruas com residências arborizadas propiciam redução de 70%
da poluição na área”, afirma Vera Ruffato, acrescentando que a copa da árvore
também retém e faz evaporar parte da água da chuva, contribuindo para um volume
menor de água a ser escoado, amortizando assim os impactos dos temporais.
Algumas sugestões apontadas por Vera em sua tese de
doutorado, defendida em setembro de 2016, começam a ser implementadas por meio
de dois decretos baixados pela prefeitura dia 1º de janeiro.
Um deles estipula
o prazo de 180 (cento e oitenta) dias para que a Secretaria de Conservação e
Meio Ambiente apresente plano para criação de dois viveiros municipais de mudas
em Campo Grande e Guaratiba, visando a ampliar a área arborizada da cidade em
300 hectares até o final de 2019. As mudas deverão ser replantadas, com ênfase,
exatamente nas áreas abordadas pela pesquisadora em sua tese: nos subúrbio da
Zona Norte do Rio.
O segundo decreto estipula um prazo de 120 dias
para que a Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente e a Secretaria
Municipal de Fazenda apresentem um plano para instituir o IPTU Verde na Cidade
do Rio de Janeiro, que deverá ter, entre outras medidas, sistemas de
aquecimento solar e captação de águas da chuva para reaproveitamento. Com
relação a esse decreto, a pesquisadora da Coppe criticou o fato de que as áreas
verdes não tenham sido sequer citada no texto entre as medidas recomendadas.
“Elas foram relegadas ao item “outros”, quando deveriam estar entre os destaques”,
ressaltou.
Fonte: ENVOLVERDE
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