G20
perderá meta de Paris, diz relatório.
Presidente Michel Temer durante encontro com o
presidente da República Popular da China, Xi Jinping. O encontro antecede a
reunião do G20. Foto: Beto Barata/ PR.
Por Karl Mathiesen, do
Climate Home –
Cortes propostos são “longe do suficiente” e devem
ser seis vezes mais expressivos até 2030 para impedir um aquecimento global
além de 2ºC, reporta estudo na véspera da reunião do G20.
Enquanto os líderes do G20 se preparam para
reafirmar seus compromissos com o Acordo de Paris neste fim de semana na China,
um relatório informa que as promessas de cortes na emissão de carbono precisam
ser seis vezes mais significativas para impedir um aquecimento global acima de 2ºC.
O grupo das nações mais ricas do mundo se reunirá
no próximo domingo em Hangzhou, onde se espera que a China e os Estados Unidos
sejam os primeiros a ratificar o acordo. Enquanto os compromissos de Paris
limitam o aquecimento a “bem menos que 2ºC”, um relatório da rede Climate
Transparency afirma que a meta não será atingida a não ser que todos os membros
do G20 realizem cortes mais expressivos em suas emissões.
Os compromissos atuais com o acordo estabelecem
diminuição de 15% das emissões projetadas até 2030, mas o relatório aponta que
a ambição está “longe do suficiente”: um limite de 2ºC exigiria um corte seis
vezes maior no mesmo período.
Apesar de sinais positivos, as mudanças ainda estão
demorando a acontecer. Quando se fala em alterações climáticas, o G20 é o grupo
de nações mais importante do mundo, responsável por 3/4 das emissões de gases
de efeito estufa. Apesar de o crescimento dessas emissões estar desacelerando,
elas ainda não estão caindo.
“Apesar do fim do crescimento de emissões globais
ser uma possibilidade, ainda não existe a dinâmica necessária para transformar
a economia baseada em combustíveis fósseis em uma economia verde”, afirmou
Alvaro Umaña, co-presidente do Climate Transparency, e ex-Ministro de meio
ambiente e energia da Costa Rica, pioneira em energia renovável.
Essa diminuição está se dando, em parte, por uma
revolução renovável. O uso de energia limpa cresceu 18% dentro do G20 desde
2008. Os países mais atraentes para investimentos em energia renovável são
China e Índia, grandes emissores de carbono.
“Este é um bom sinal”, afirmou Jan Burck, do
Germanwatch, um dos autores do relatório. “Essas são as economias cujas
transições terão maior impacto no clima global.”
Mas o encorajamento para investidores não foi
geral, afirmou. “A dependência francesa da energia nuclear está barrando a
emergência das fontes solares e eólicas, e o corte na energia renovável
proposto pela Alemanha é preocupante.”
Além disso, os cortes prematuros aos subsídios pelo
governo do Reino Unido causaram uma perda de empregos significativa na
indústria solar, de mais de metade de seus funcionários. O governo australiano
está tentando aprovar leis que permitam o corte de US$ 1 bilhão de seu fundo de
inovação renovável.
Entre notícias mais encorajadoras, o comércio de
carbono tem despontado a níveis nacionais e provinciais, contrariando a crença
de que não obteria sucesso fora de um quadro de políticas globais específico
(apesar de seu preço ser geralmente baixo demais).
De um modo geral, a intensidade energética e de
carbono das economias do G20 estava em declínio, porém não o suficiente para
compensar o crescimento econômico, o que significa que a poluição por carbono
continuou a crescer.
Como já foi observado, milhares termelétricas a
carvão em diversos estágios de planejamento ou construção espalhadas pelo G20
são simplesmente incompatíveis com o Acordo de Paris.
O G20 é responsável por 93% do uso de carvão, de
acordo com o Carbon Brief. Niklas Höhne, do New Climate Institute e coautor do
relatório afirmou: “Se os países do G20 se livrassem de sua dependência do
carvão, isso impactaria significativamente suas possibilidades de aumentar seus
compromissos com o clima e diminuir suas emissões no caminho para a meta de
menos que 2ºC”.
Porém, ao invés de focar seus esforços em diminuir
a dependência de carvão, petróleo e gás natural, os países do G20 continuam
investindo dinheiro público em subsídios a combustíveis fósseis. Estes chegaram
a aproximadamente US$ 70 bilhões entre 2013 e 2014, de acordo com o relatório.
Muitos países investem significativamente mais
nessas indústrias do que em alternativas renováveis, apesar do compromisso do
G20 em diminuir esse apoio. Espera-se, com incredulidade, que a reunião na
China resulte em um prazo claro para o fim aos subsídios.
* Publicado originalmente no site Climate Home e é
republicado pelo OC por meio de uma parceria de conteúdo.
Fonte: ENVOLVERDE
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