segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Desenvolvimento limpo, o que se espera agora.
Placar da votação de 31 de agosto no Senado. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado.

Nota da Coordenação do Observatório do Clima a propósito do resultado do julgamento no Senado.

O julgamento do Senado Federal que cassou nesta quarta-feira o mandato de Dilma Rousseff e transferiu a Presidência a seu vice, Michel Temer, não põe fim às múltiplas crises que o Brasil atravessa.

O país segue imerso em uma grave crise econômica, política e ética. A saída para as três passa por um compromisso nacional com o desenvolvimento limpo – nas várias acepções do termo.

Desenvolvimento limpo é uma das chaves para a recuperação da economia. Indústrias de energia renovável, como a eólica, seguem gerando emprego mesmo durante a recessão. O país tem oportunidades imensas a partir das metas com que se comprometeu no Acordo de Paris: pode criar uma economia florestal digna da maior extensão de florestas tropicais do mundo e pode dinamizar sua agropecuária e sequestrar carbono ao mesmo tempo ao recuperar 30 milhões de hectares de pastagens degradadas. Vários estudos têm mostrado que há ganhos econômicos na redução das ineficiências que nos fazem emitir CO2 demais. E há ganhos econômicos e sociais na adoção de políticas ambiciosas de adaptação e redução de vulnerabilidades à mudança do clima.

Mas desenvolvimento limpo também é o remédio contra a crise política e moral. O modelo que nos traz a degradação dos ecossistemas, as grandes obras que violam direitos, a aposta total nos combustíveis fósseis e as seguidas tentativas de retrocesso na legislação ambiental é o mesmo que produz a corrupção que afeta todo o sistema político.

Romper com esse modelo, ao mesmo tempo aproveitando as vantagens comparativas do Brasil na nova economia, seria o caminho virtuoso para qualquer governo brasileiro.


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