Florestas
queimando, planeta aquecendo.
Os graves incêndios florestais que
enfrentamos no Brasil têm grande relação com as mudanças climáticas e ambos
problemas pedem fortes medidas de proteção às florestas.
Por Redação
do Greenpeace Brasil –
Enquanto no papel o governo brasileiro transforma
em lei o importante Acordo de Paris da ONU, assumindo o compromisso de fazer a
sua parte para evitar mudanças climáticas drásticas, na prática o ano de 2016
pode se tornar recordista em queimadas e incêndios florestais – problema que
anda de mãos dadas com o desmatamento e o aquecimento global.
Só no primeiro semestre foram identificados 27.814
focos de fogo no Brasil, 81% acima da média histórica e o maior número já
registrado para o período. Como estamos em plena temporada de queimadas, o
problema só deve aumentar. Entre os dias 16 e 18 de agosto, o Greenpeace
sobrevoou os estados do Amazonas, Rondônia, Acre, Mato Grosso e Pará para
documentar a situação.
Queimadas e mudanças climáticas operam em um ciclo
vicioso, onde um problema contribui para o agravamento do outro. Quando se
queima uma floresta, ela emite grandes quantidades dos gases de efeito estufa
que geram o aquecimento global. Para se ter uma ideia, quando há queimadas na
Amazônia algo entre 40-50% do carbono retido nas árvores vai direto para a
atmosfera na forma de gás carbônico, principal gás de efeito estufa – sem
contar os restos que ficam em decomposição e seguem emitindo.
Em contrapartida, quanto mais o planeta aquece,
maiores ficam as chances de queimada. Um estudo publicado na revista Nature mostra que,o período
anual de queimadas no mundo já ficou 18,7% mais longo por conta de mudanças no
clima. Na Amazônia, o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais e o Met Office Hadley Centre estimam que o volume de
chuvas pode cair de 11% a 41% se não pararmos as mudanças climáticas e, no
longo prazo, a floresta tende a se tornar uma savana, o que também altera a
dinâmica de serviços ambientais fundamentais
que a floresta nos presta.
O desmatamento representa, hoje, cerca de 40% das
emissões de gases de efeito estufa do Brasil. Somos o sexto país que mais emite
gases de efeito estufa no mundo. Isso torna o enfrentamento ao desmatamento, e
às queimadas relacionadas a ele, passos fundamentais se quisermos evitar um
aquecimento global superior a 1,5ºC – conforme o Brasil e outros 179 países se
comprometeram a fazer no Acordo de Paris.
Porém, apesar do Brasil ter avançado
significativamente no combate ao desmatamento entre 2004 e 2012, de lá para cá
a taxa medida pelo Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira
por Satélite (Prodes), vem registrando uma média 5 mil km² de floresta
destruída todos os anos, o que equivale a quatro vezes a área da cidade do Rio
de Janeiro. Para piorar, a próxima taxa de desmatamento (que será divulgada
entre novembro e dezembro) pode trazer um aumento. É o que indicam os alertas
do Imazon, que aponta 8% de aumento, e do DETER, que indica 12% de crescimento.
Caso siga o padrão que vem sendo apontado nos alertas, o desmatamento na
Amazônia pode superar os dos 6 mil km².
Isso pode ser atribuído a alguns fatores. Por um
lado, o problemático Novo Código Florestal,
aprovado em 2012, perdoou todos que desmataram ilegalmente até o ano de 2008.
Por outro, na mesma ocasião em que o Brasil se comprometeu com o Acordo de
Paris, mencionado acima, o governo apresentou o objetivo nacional de acabar o
desmatamento ilegal na Amazônia só em 2030 – o que significa aceitar o crime
por mais 14 anos lá, e por tempo indefinido no resto do país. Tudo isso dá um
sinal verde a desmatadores, que seguem destruindo florestas em ritmo alarmante.
O governo precisa aumentar a ambição de suas
medidas de combate ao desmatamento com urgência, assumindo de uma vez o
compromisso com o Desmatamento Zero. Esse foi o recado passado por 1,4 milhão
de habitantes que apoiaram um projeto de lei sobre o assunto entregue ao congresso no ano passado.
E dá para começar pela revisão da inaceitável meta favorável a desmatadores
estabelecida sob o Acordo de Paris.
O fogo que queima a floresta traz graves
consequências tanto a quem vive perto da floresta e é diretamente afetado,
quanto a toda a população que sofre com as consequências das mudanças climáticas.
Apesa de neste ano um El Niño particularmente intenso contribuir para a
expansão de queimadas, na enorme maioria dos casos o problema se inicia por
ação humana. A forma de interromper o ciclo vicioso que liga queimadas e
aquecimento global é assumindo sérios compromissos com a proteção das
florestas. Só falta o governo se posicionar firmemente a favor do povo e contra
os desmatadores.
Espalhe a notícia, acesse o site do Desmatamento
Zero e saiba como se mobilizar.
Fonte: Greenpeace Brasil
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