Vigilância
nuclear ganha novas estações.
Cada potência nuclear gasta milhões de dólares para
melhorar seu arsenal, segundo especialistas. Foto: Administração Nacional de
Segurança Nacional/CC-BY-ND-2.0.
A Organização do Tratado de Proibição Completa dos
Testes Nucleares (OTPCE), com sede em Viena, na Áustria, instalará em breve
duas estações de monitoramento no Equador, o que vai melhorar sua capacidade
para registrar testes nucleares em qualquer parte do planeta.
Por Thalif Deen, da IPS –
Nações Unidas, 8/3/2016 – O secretário executivo da
OTPCE, LassinaZerbo, explicou à IPS que as duas estações, RB 24 e IS 20, “nos
permitem dar um importante passo para a conclusão do sistema de Monitoramento
Internacional, uma rede que supervisiona o que acontece no mundo durante 24
horas por dia, sete dias por semana, em busca de sinais de explosões de testes
nucleares”.
Zerbo acrescentou que está“muito agradecido ao
governo e ao povo do Equador por sua valiosa contribuição à segurança global,
principalmente pelo status especial das ilhas Galápagos”. As duas estações
estarão localizadas naprovíncia equatorianadas ilhas Galápagos, um arquipélago
vulcânico no Oceano Pacífico.
Zerbo destacou a importância dessas novas estações,
que vão melhorar a cobertura global do regime de verificação do Tratado de
Proibição Completa dos Testes Nucleares (Tecen). Estarão localizadas perto da
linha do Equador, onde a capacidade de detecção infrassônica e de radionuclídeos
são relativamente baixas pela ausência de ventos constantes.
Os dispositivos permitirão melhorar de forma
considerável a cobertura no Oceano Pacífico, onde foram realizados centenas de
testes nucleares nas últimas décadas.Segundo a OTPCE, a estação de vigilância
infrassônica em Galápagos não vai apenas melhorar as capacidades de detecção
global do regime de verificação, como também ajudará nos esforços de alerta de
desastres, o que inclui a detecção de erupções vulcânicas.
Há numerosos vulcões no Equador, como o Tungurahua,
que entrou em erupção pela última vez em abril de 2014. Os dados gerados pelas
duas estações nesse país também contribuirão para investigar a atmosfera, os
sistemas de tempestades e a mudança climática.A rede global de monitoramento da
OTPCE inclui atualmente mais de 300 estações, algumas nos rincões mais
distantes e nas áreas de maior dificuldade de acesso por terra e mar.
É um sistema que permite obter quatro tipos de
dados: sísmicos (ondas de choque na Terra), hidroacústicos (medição do som na
água), infrassônicos (som de baixa frequência) e radionuclídeos
(radioatividade). A rede já está com 90% de sua capacidade instalada. Quando o
sistema estiver completado, contará com 337 estações em diferentes partes do
mundo para verificar com eficiência cada parte do planeta.
Atualmente há três estações sísmicas certificadas
na América Latina, na Argentina, Bolívia e Brasil, 16 auxiliares, seis
infrassônicas certificadas, e outras duas ainda em planejamento, incluída umano
Equador, uma hidroacústica, na ilha de Juan Fernández, no Chile, e nove
radionuclídeas, duas delas em construção, sem contar a prevista para ser
instalada no Equador. Além disso, há laboratórios de verificação radionuclídea
na Argentina e no Brasil.
As localizações das diferentes estações são
obrigatórias no contexto do TPCEN e baseadas em métodos científicos, projetadas
para garantir a total cobertura da Terra. Cada nova estação certificada melhora
a confiabilidade de toda a rede, que já funciona com muito mais precisão do que
se previa quando o tratado foi negociado, segundo a OTPCE.
A rede é uma forma de proteção contra as violações
do tratado de proibição de testes nucleares, porque o TPCEN proíbe explosões
nucleares em todo o mundo, na atmosfera, sob a água e debaixo da terra.“O
Sistema de Monitoramento Internacional da OTPCE ampliou sua missão em relação à
prevista por seus criadores e monitora um planeta ativo e em permanente
evolução”, destacouZerbo.
Algumas pessoas comparam o sistema a um rastreador
e um estetoscópio combinados e gigantes da Terra que olham, ouvem, sentem e
detectamas irregularidades no planeta, pontuou Zerbo. Além disso, é a única
rede global que detecta a radioatividade atmosférica e as ondas sonoras que os
humanos não podem ouvir, ressaltou.
A OTPCEN trabalhará de forma estreita com todos os
atores nacionais responsáveis por garantir que a instalação das duas estações
nas ilhas Galápagos seja a mais rápida já coordenada pela organização, pois
assegurará os maiores padrões em matéria de proteção ambiental durante as
operações, disse o especialista. Por fim, Zerbo expressou seu agradecimento
pela excelente coordenação levada adiante pelo Ministério das Relações Exteriores
do Equador.
Fonte: ENVOLVERDE
Nenhum comentário:
Postar um comentário