Derramamento
de óleo ameaça rios na Amazônia.
Rio na Amazônia peruana: vazamentos de petróleo
ameaçam a biodiversidade. Foto: Del-Uks/Flickr/(cc).
Vazamentos de petróleo em grandes proporções na
Amazônia peruana, desde janeiro, disparam um alerta para os impactos negativos
aos rios e à população. O óleo atingiu os rios Chiriaco e Morona, no Noroeste
do país, prejudicando comunidades ribeirinhas e indígenas.
Por Bianca Paiva, da Agência Brasil –
O acidente no oleoduto da empresa Petroperu ocorreu
na bacia Rio Marañon, que é um afluente do rio Amazonas. De acordo com o
pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Adalberto
Luís Val, apesar de atingir o lado peruano, as consequências são para todo o
bioma da Amazônia.
“A gente precisa pensar na Amazônia como um bioma
ocorrendo em todos os países simultaneamente. Não importa muito aonde a gente
tenha um desafio ambiental. Ainda que esse acidente esteja ocorrendo no Peru
ele vai afetar o ambiente como um todo”, afirmou.
Segundo o pesquisador, parte do petróleo é solúvel
em água e imperceptível, mas tóxico, podendo causar tumores nos peixes. Ele
explica que a parte sólida, que fica na superfície da água, é preocupante para
algumas espécies típicas da região.
“Uma boa parte dos peixes desenvolveu a capacidade
de respirar na interface da água com o ar, ou mesmo respirar ar diretamente,
como é caso do pirarucu. Quando em ambientes contaminados com petróleo, que
forma uma fina camada sobre a superfície da coluna de água, as estratégias que
eles desenvolveram para poder lidar com a baixa disponibilidade de oxigênio na
água acabam contaminando os animais”, explicou.
Adalberto Luís Val esclarece que a água contaminada
por petróleo contem compostos tóxicos que são prejudiciais para humanos. “Se
eles estiveram internalizados pelos peixes e estiverem presentes na musculatura
dos animais prejudicam os consumidores de peixes. Ou se os compostos estiverem
dissolvidos na água em níveis significativos, a água se torna inapropriada para
consumo humano”, alertou Val.
No final do mês passado, o governo peruano decretou
situação de emergência em 16 comunidades amazônicas por causa do vazamento de
petróleo nos rios que são fornecedores de água potável. O decreto tem validade
de 60 dias e prevê que as famílias recebam ajuda humanitária e auxílio nas
ações de limpeza.
A assessoria de imprensa do Ibama informou que a
mancha de óleo está a 700 quilômetros da Amazônia brasileira e tem poucas
chances de cruzar a fronteira.
* Edição: Beto Coura.
Fonte: Agência Brasil
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