Uma ameaça para a fauna e a flora do Brasil.
Mocó, um dos animais ameaçados de extinção. Foto:
© John Medcraft
O Brasil tem 3.286 espécies ameaçadas de fauna
e flora, sendo 698 de animais terrestres, 475 de animais aquáticos e
marinhos e 2.113 espécies ameaçadas de plantas.
Por Jaime Gesisky, do WWF Brasil –
O Brasil possui três listas que informam
oficialmente quantas e quais são as espécies ameaçadas de extinção. Uma para a
fauna, uma para a flora e outra exclusiva para peixes e invertebrados aquáticos.
São chamadas de “listas vermelhas”, pois trazem um alerta geral sobre qual a
situação em que os seres vivos se encontram no meio ambiente.
Essas listas são feitas minuciosamente, em um longo
e complexo processo de consulta e validação dos dados junto a cientistas e
estudiosos em universidades e centros de pesquisa espalhados por todo o
território nacional e mesmo fora daqui.
De tempos em tempos, o governo reúne esses
pesquisadores e atualiza os dados, pois o meio ambiente sofre mudanças
constantes, cada vez mais velozes. Às vezes, a situação melhora do ponto de
vista da proteção das espécies. Outras vezes, não. A ciência também avança e
aporta cada vez mais conhecimento para compor as tais listas. Trata-se de um
processo dinâmico.
Os critérios usados na formulação das listas são
definidos internacionalmente pelos cientistas que colaboram com a União
Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). São
critérios aceitos, inclusive, no âmbito da Convenção da Biodiversidade das
Nações Unidas, da qual o Brasil é signatário. Com isso, o país assumiu
internacionalmente que vai seguir a política de formulação e manutenção das
listas vermelhas.
De modo geral, tais listas organizam os seres vivos
em doze diferentes graus de ameaça, que vão desde a extinção completa da
espécie – o que é uma perda irreparável do ponto de vista da biodiversidade –
até as que estão vulneráveis, têm baixo risco de ameaças ou aquelas cuja
situação não se conhece, por falta de dados científicos disponíveis.
Alguns números
Só para se ter uma ideia, o Brasil tem 3.286
espécies ameaçadas de fauna e flora, sendo: 698 espécies ameaçadas de animais
terrestres (165 estão na categoria mais grave: “criticamente em perigo”, com
altíssimo risco de extinção). Isso representa cerca de 27% de todas as espécies
analisadas.
São 475 espécies ameaçadas de animais aquáticos e
marinhos (153 delas “criticamente em perigo”) e 2.113 espécies ameaçadas de
plantas (467 delas “criticamente em perigo”).
Mas o nem só de más notícias vivem as listas de
espécies ameaçadas.
Cerca de 300 espécies que estavam nas listas
anteriores deixaram de constar nas listas atualmente em vigor. Ente elas, 88
animais terrestres, 82 aquáticos e 89 plantas. Entre essas espécies, algumas
emblemáticas como arara-azul-grande e a baleia Jubarte. Outras espécies mudaram
de posição nas listas, graças a medidas de conservação tomadas justamente com
base em listas anteriores.
Eis uma das boas coisas das listas: elas orientam
as políticas de governos para o meio ambiente, indicam caminhos para novas
pesquisas e chegam a orientar importantes decisões econômicas, como no caso da
lista dos peixes e invertebrados aquáticos, muitos deles usados para a
alimentação humana. Neste caso, entrar para a lista pode significar ganhar
proteção.
Uso comercial e impacto social
Das três listas vermelhas do Brasil, duas
relacionam espécies usadas comercialmente ou que têm importância social e
econômica para comunidades locais: a de plantas, e a de peixes e invertebrados
aquáticos.
A lista de peixes e invertebrados inclui desde
moluscos até tubarões. Para ter algum tipo de uso em larga escala, as espécies
precisam figurar, pelo menos, na categoria de “vulneráveis” – o que significa
que há certa disponibilidade desse recurso na natureza e que o manejo bem feito
poderia assegurar sua sobrevivência.
No caso da lista dos peixes e invertebrados
aquáticos, há forte pressão do setor pesqueiro para rever a publicação do
governo seja revista. É que ela inclui espécies como como badejos, chernes,
garoupas, cações e tubarões.
Mas esta lista de peixes está temporariamente
suspensa por decisão liminar do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1),
a pedido da indústria pesqueira. Enquanto isso, a coleta de algumas espécies
continua preocupando a sociedade.
Além disso, as listas vermelhas do Brasil enfrentam
outras ameaças.
Projetos de lei e iniciativas de parlamentares no
Congresso Nacional querem acabar de vez com as listas, ou diminuir muito o
poder que elas têm de influir sobre o destino da biodiversidade nacional.
Fonte: WWF Brasil
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