Existe
pouca vida ao longo do Rio Doce.
Grupo Independente para Avaliação do Impacto
Ambiental (GIAIA) publica novo relatório mostrando que as calhas dos rios Doce,
Gualaxo e do Carmo estão seriamente afetadas.
Por Redação do Greenpeace Brasil –
Qual é a situação ambiental ao longo da bacia do
Rio Doce hoje, após o desastre da Samarco em Mariana (MG)? Haverá de fato
recuperação ambiental e quando? Essas são algumas das questões que grupos de
pesquisadores independentes estão tentando responder, de forma clara e
imparcial. Entre eles, o GIAIA acaba de lançar o relatório “Análise da
Comunidade Bentônica”, revelando os resultados dos impactos da tragédia sobre
os bentos (organismos que vivem no fundo do leito do rio).
Os bentos são
compostos por espécies de animais e plantas, cuja presença e diversidade é
muito utilizada para avaliar a situação da conservação e alteração de
ambientes. De acordo com a análise de ocorrência dos bentos, as calhas dos rios
Doce, Gualaxo e do Carmo foram seriamente afetadas.
Os resultados ainda são preliminares e precisam
ter continuidade, mas apontam que, ao longo dos 11 pontos de coleta, os
pesquisadores encontraram poucos indivíduos bentônicos, e, em sete dos pontos,
não foi encontrado nenhum indivíduo vivo. No relato, os únicos organismos
encontrados vivos foram larvas de besouro, minhocas e alguns camarões.
Comparando os resultados obtidos com levantamentos anteriores realizados na
calha do Rio Doce, em seus afluentes e lagos, já havia uma baixa ocorrência
destes organismos. Os pesquisadores atribuem isso à intensidade de ocupação do
solo na região e à baixa qualidade de água em decorrência de ação humana.
O estudo enfatiza que “além dos organismos
bentônicos terem sido afetados pelo rejeito de ferro, a comunidade do médio
curso do Rio Doce, estava sofrendo com a poluição orgânica”. Outras questões
devem ser consideradas em futuras expedições científicas, pois estes organismos
têm sua ocorrência e riqueza influenciada por alterações e também pela
densidade e constituição de sedimentos, conforme cita o estudo: “a enxurrada de
lama de rejeitos carregou e eliminou esses organismos no momento do acidente”.
Existem muitas lacunas de pesquisa biológica e
dos impactos na população humana atingida, que ainda precisam ser preenchidos.
Houve intensa alteração na paisagem nas calhas dos rios afetados, e os estudos
que o GIAIA acaba de apresentar demonstram que estamos apenas no começo do
entendimento dos reais impactos socioambientais gerados pelo incidente.
Assim como esta, novas iniciativas têm surgido,
abrindo mais possibilidades de investigação e produção de resultados, para
consolidar uma base de dados confiável que possa estar à disposição das
autoridades e da sociedade. Atualmente, está em curso o edital Rio Doce,
idealizado por artistas que se sensibilizaram com a gravidade da situação e
promoveram shows beneficentes em Belo Horizonte (MG) e São Paulo (SP). Os
recursos obtidos por esta iniciativa foram destinados ao projeto coletivo
#RiodeGente, do qual o Greenpeace participa como gestor do edital de pesquisas
que está aberto a propostas até o dia 22 de março.
Serão apoiados projetos no valor máximo de 70 mil
reais durante seis meses, totalizando R$ 350 mil reais. Leia aqui o edital e as respectivas linhas de pesquisa
propostas pelo coletivo #RiodeGente. “Os temas buscam gerar resultado para
ajudar a entender os impactos da tragédia e gerar dados independentes para o
monitoramento da recuperação do meio ambiente e compensação justa para as
pessoas”, explica Nilo D’Ávila, coordenador de campanhas do Greenpeace Brasil.
Leia a íntegra do relatório “Análise da
Comunidade Bentônica” do GIAIA aqui.
Quer ser um dos pesquisadores a calcular o
impacto dessa tragédia? Leia mais sobre o Edital Rio Doce aqui.
Fonte: Greenpeace Brasil
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