Zika Vírus: o risco continua.
Aedes aegypti é o mosquito transmissor da dengue,
da febre amarela urbana e do zika. Menor do que os mosquitos comuns, é preto
com listras brancas no tronco, na cabeça e nas pernas. Suas asas são
translúcidas e o ruído que produzem é praticamente inaudível ao ser humano.
Foto e informações: EBC
Novas descobertas e estudos sobre o tema deixam
especialistas no Brasil e no mundo em estado de alerta.
Depois de alguns meses sem estampar as manchetes
dos jornais, o Zika vírus volta a chamar a atenção da imprensa e também dos
especialistas. Por um lado, algumas notícias veiculadas nas últimas semanas
apontam para o fim da epidemia e uma aparente tranquilidade da população, que
volta a fazer planos para aumentar a família. De outro, especialistas observam
com receio esta tranquilidade sobre o tema.
“O vírus segue circulando e oferecendo riscos,
especialmente às gestantes”, alerta o Dr. Thomaz Gollop, Professor
Livre-Docente em Genética Médica pela Universidade de São Paulo e coordenador
do Grupo de Estudos sobre o Aborto (GEA).
Prova disso foi a confirmação, na última semana, do
primeiro caso de microcefalia associado ao zika vírus contraído no Rio Grande
do Sul.
Um bebê, nascido em julho de 2016, vinha sendo
acompanhado desde a gestação, quando a mãe apresentou um quadro de zika. Exames
clínicos e radiológicos realizados pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre
(HCPA) agora confirmaram que as alterações que o bebê apresenta estão
associadas à Síndrome Congênita do Zika (SCZ).
Este foi o primeiro caso de contaminação ocorrida
no próprio estado do Rio Grande do Sul. Todos os demais casos registrados
anteriormente no Estado, haviam sido de contaminações ocorridas em outras
localidades.
Este caso é uma comprovação de que o vírus não foi
erradicado no país e segue oferecendo riscos à população.
Estudos sobre o zika
Em São Paulo, pesquisa feita pela Faculdade de
Medicina (Famerp), em São José do Rio Preto (SP), apontou que o padrão
verificado no Estado é diferente daquele vivido no Nordeste do país. Os casos
de bebês com microcefalia nascidos após contaminação das gestantes por zika
vírus foram inferiores aos apresentados em Salvador, girando em torno de 10%.
No entanto, mesmo sem a microcefalia, houve relatos de danos neurológicos em
diversos casos.
Os pesquisadores já haviam acompanhado nascimentos
em um hospital público de Salvador durante o pico da epidemia de zika no
estado, em 2015, e compararam aos dados obtidos em Rio Preto. Para eles, o fato
de mais crianças apresentarem microcefalia no Nordeste que em Rio Preto, pode estar
relacionado ao próprio hospedeiro humano ou a algum fator genético.
Nos Estados Unidos, a preocupação também é grande.
O primeiro relatório sobre o tema foi divulgado este mês e mostrou que 5% das
mulheres com infecções confirmadas tiveram filhos com malformações relacionadas
ao zika. O documento do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados
Unidos incluiu números oficiais dos Estados americanos e também de Porto Rico,
Samoa Americana, Estados Federados da Micronésia, República das Ilhas Marshall
e Ilhas Virgens Americanas.
No total, foram 1.508 mulheres grávidas infectadas
pelo zika vírus de 1º de janeiro de 2016 a 25 de abril deste ano.
Segundo o Dr. Thomaz, os dados também revelam que
os casos de SCZ após a contaminação de gestantes podem ter origem em qualquer
período da gestação, embora a gravidade da manifestação seja maior quando a
infecção materna ocorre no primeiro trimestre.
“A diferença está nas alterações ocorridas na
placenta ao longo da gravidez. No primeiro trimestre, receptores de ligação
estimulam a adesão e a entrada do zika vírus através da placenta, infectando o
feto. Já no final da gravidez, as células da placenta são mais resistentes à
infecção, dificultando sua entrada e ativando genes associados à defesa
antiviral.”
Queda nos nascimentos
Dados preliminares do Ministério da Saúde sugerem
que houve redução do número de nascidos vivos a partir do segundo semestre de
2016 em todo o país, ou seja, aproximadamente nove meses após o início da
epidemia do zika vírus.
Os dados ainda não estão consolidados e ainda
poderão sofrer alterações. Além disso, outros fatores podem ter influenciado
esta queda, como a crise econômica que o país vem atravessando. Mas é certo que
desde o brusco aumento de casos de microcefalia, e posterior confirmação da
SCZ, especialistas e profissionais de saúde de todo o país vem alertando as
mulheres para os riscos de uma gestação nesta época., o que pode ter acarretado
o adiamento dos planos em muitas famílias.
Outra possível evidência do impacto do zika na queda
de nascimentos no país é o estudo publicado na revista The New England Journal
of Medicine, em julho de 2016, que aponta o aumento da demanda por medicações
abortivas por meio da ONG Women on Web nos países da América Latina afetados
pelo zika. Segundo o estudo, as solicitações feitas por gestantes brasileiras
cresceu 108% no período.
Fonte: EcoDebate
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