Aliança
revolucionará conhecimento do Oceano Atlântico.
Brasil, União Europeia e África do Sul
reforçam cooperação com a assinatura da Declaração de Belém.
O compromisso firmado de estabelecer uma aliança
em torno do Atlântico Sul e a implementação da Declaração de Belém são os
principais resultados do evento “A New Era of Blue Enlightenment”, que ocorreu
recentemente em Lisboa (Portugal). Na ocasião, Brasil, União Europeia (UE) e
África do Sul assinaram um documento de intenções que estabelece as diretrizes
da parceria para a investigação nas águas do Oceano Atlântico. Ficou ainda
definido que o Brasil irá ser a sede da próxima reunião dessa cooperação,
prevista para o início do próximo ano, em Salvador (BA).
A participação do Brasil nesta aliança também
conta com o apoio dos Diálogos Setoriais – um dos instrumentos da parceria
estratégica entre Brasil e União Europeia com o intuito de favorecer a troca de
conhecimentos, experiências e melhores práticas em temas de interesse comum,
que vão desde desafios e políticas globais à ciência e tecnologia, clima, meio
ambiente, transporte marítimo e transporte aéreo, educação, cultura, turismo,
geração de emprego, entre outros.
O objetivo da Declaração de Belém é integrar
atividades de investigação entre os países banhados pelo Oceano Atlântico para
melhorar e aprofundar o conhecimento científico ligado aos ecossistemas
marinhos; às relações entre oceanos e mudanças climáticas; à produção de
alimentos provenientes do mar; e sobre sistemas de energia provenientes dos
oceanos, além de entender as dinâmicas do Oceano Atlântico com os Sistemas de
Circulação interconectados com o Ártico e a Antártida.
Participaram do evento, o ministro da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações do Brasil, Gilberto Kassab, o comissário
europeu da União Europeia para Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas,
e a ministra do Departamento de Ciência e Tecnologia da África do Sul, Naledi
Pandor, além de líderes políticos, representantes de agências de fomento, de
instituições de investigação e do setor privado e stakeholders europeus,
brasileiros e sul-africanos em ciências marinhas.
Segundo o coordenador-geral de Oceanos, Antártida
e Geociências, do MCTIC, Andrei Polejack, a presença dos Diálogos Setoriais no
evento “A New Era of Blue Enlightenment”, já há alguns anos na cooperação entre
o Brasil e a União Europeia na investigação marinha, foi fundamental como
apoiador. “É uma ferramenta magnífica, porque dá a flexibilidade de montar missões
técnicas, de participação em eventos do calibre político como este. Também
permite a troca de experiências e tecnologias, que é o que fundamenta todos os
diálogos políticos que tivemos aqui. Sem o apoio dos Diálogos nada disso seria
possível”, revelou.
Pesquisa no Atlântico Sul e Tropical
– A Declaração de Belém deverá construir objetivos bilaterais, nomeados como
Declaração de Intenções em Investigação Marinha e Cooperação em Inovação com o
Brasil e África do Sul (Letter of Intent on Marine Research and Innovation
Cooperation with Brazil and South Africa), e o desenvolvimento do Contexto
Sul-Sul para Cooperação Técnica e Científica no Atlântico Sul, Tropical e
Austral. O plano científico foi construído pelo Brasil e pela África do Sul,
focado no aprofundamento da cooperação no Atlântico Sul e Tropical, bem como em
outros oceanos austrais.
O documento destaca a relevância do oceano para
as economias e sociedades dos dois países, diante da influência marinha no
clima e, consequentemente, em atividades de agropecuária, mineração, pesca e
aquicultura, transporte e turismo. Também reforça a necessidade de conhecer
melhor o papel das porções meridional e tropical do oceano nas mudanças
climáticas de ambas as nações, dos continentes vizinhos e do Planeta.
De acordo com Polejack, o Brasil não é mais o
irmão ‘vira-lata’ da cooperação, porque está no mesmo patamar de
desenvolvimento científico dos outros países europeus e sul-africano. “Há
alguns anos, o país aproximou-se da África do Sul para falar sobre pesquisa marinha
e antártida”, esclareceu.
Ele também considera que esse diálogo é resultado
de realidades parecidas, como a grande preocupação em relação ao equilíbrio das
potências. Na ocasião, Polejack citou orgulhosamente, Marcelo Rebelo de Sousa,
o presidente de Portugal, quando este, no momento da assinatura da Declaração
de Belém disse que Brasil, União Europeia e África do Sul são três potências
científicas mundiais. “São três potências que se uniram para compreender como
funciona o Atlântico e como ele influencia a nossa vida. Isso foi um marco na
cooperação internacional para as ciências sociais”, declarou.
A iniciativa de aprofundar a cooperação bilateral
envolveu, nos últimos dois anos, esforços de equipes ligadas ao Ministério da
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e ao Departamento de Ciência e
Tecnologia da África do Sul, com apoio de investigadores. A decisão de liderar
a colaboração internacional em pesquisa no Atlântico Sul partiu de um workshop
realizado em outubro de 2015, em Brasília, junto a representantes de Angola,
Argentina, Namíbia e Uruguai.
Colaboração em Investigação no Atlântico
Sul e Tropical – O Brasil, em outubro de 2015, e a África do Sul, em
outubro de 2016, juntamente com a União Europeia, assinaram as declarações
bilaterais de intenção sobre a cooperação em investigação e inovação marinha. A
partir daí, iniciou o processo de definição de uma agenda para colaboração em
investigação científica no Atlântico Sul e Tropical. A ideia é aperfeiçoar os
mecanismos de cooperação em pesquisa oceânica. A parceria também prevê o
intercâmbio de investigadores e técnicos entre universidade e institutos de
análise do Brasil e União Europeia.
Diálogos Setoriais – É um dos
instrumentos da parceria estratégica entre Brasil e União Europeia no âmbito de
30 áreas temáticas, que vão desde desafios e políticas globais à ciência e
tecnologia, clima, meio ambiente, agricultura, energia sustentável, transporte
marítimo e transporte aéreo, educação, cultura, turismo, geração de empregos,
entre outras. Atualmente, a Iniciativa está na 9ª Convocatória da IV fase.
Lançado em maio de 2008, o instrumento discute vários temas que tem como base
princípios de reciprocidade e complementaridade. Coordenado pelo Ministério
do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (MP), pela Delegação da União
Europeia no Brasil (DELBRA) e pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE),
tem como objetivo o intercâmbio de conhecimentos e experiências em áreas de
interesse comum.
Fonte: ENVOLVERDE
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