Brasil
deve dar prioridade ao combate às desigualdades regionais.
África 21 Digital, com Agência Brasil –
O
Brasil precisa priorizar o combate às desigualdades regionais se quiser
alcançar as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da
Organização das Nações Unidas (ONU), ligados diretamente à criança e ao
adolescente, indica estudo divulgado hoje (25) pela Fundação Abrinq, no Rio de
Janeiro.
Dos 17 ODS, dez têm metas diretamente associadas à
infância e adolescência. A pesquisa “A Criança e o Adolescente nos ODS – Marco
zero dos principais indicadores brasileiros – ODS 1, 2, 3 e 5” visa
complementar relatório voluntário entregue pelo governo à ONU, na semana passada.
Nesse primeiro lançamento, foram selecionados quatro dos dez objetivos:
erradicação da pobreza, fome zero, saúde e bem-estar e igualdade de gênero.
No balanço geral, o Brasil cumpriu sete dos oito
Objetivos do Milênio, voltados para os países em desenvolvimento, com exceção
da meta de redução da mortalidade materna.
A administradora executiva da Abrinq, Heloisa
Oliveira, ressaltou que, apesar dos avanços na última década, há regiões do
país e grupos sociais cujos dados apontam extrema desigualdade e que são
camuflados pela média nacional. Para que os objetivos traçados para 2030 sejam
cumpridos, disse ela, todos os grupos sociais e regiões do pais precisam estar
incluídos nas metas.
“Nossas estatísticas são boas, mas muitos dados
precisam ser desagregados. Vivemos em um país extremamente desigual. Olhando a
média nacional dá para pensar que alguns indicadores estão bons, mas precisamos
olhar para as diferentes realidades brasileiras para enxergar onde estão os
desafios”, afirmou.
Avanços e discussão
“Precisamos implementar os ODS a nível local porque
somente assim avançaremos. É preciso aprofundar e detalhar mais a discussão,
elaborar um ponto de partida de todos os indicadores, investir em novas
estatísticas para sabermos de onde estamos saindo e para onde vamos”, explicou.
A Abrinq é uma das oito organizações selecionadas,
por meio de edital, para debater e implementar a chamada Agenda 2030 na
Comissão Nacional para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
De acordo a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílio (PNAD-2015), 27% dos habitantes vivem com até meio salário mínimo por
mês. Mas esse percentual sobe para 40,2% se for feito um recorte da população
de 0 a 14 anos, ultrapassando a casa dos 60% de crianças e adolescentes em
situação de pobreza em estados como Alagoas, Maranhão, Ceará, Bahia e
Pernambuco.
“Não podemos falar de uma agenda para 2030 sem
priorizar esse grupo que será a população economicamente ativa, adulta, e que
vai de fato viver nesse mundo de 2030. Não podemos falar de futuro sem falar de
criança e adolescente”, disse a representante da Abrinq.
Em relação à mortalidade infantil, apesar de uma
progressiva melhora nos indicadores, em 2015, para mil nascidos vivos, 14,3
morreram, pouco mais da metade da taxa do ano 2000 (30,1 por mil nascidos
vivos). Já os óbitos entre menores de um ano ficaram em 12,4, para mil nascidos
vivos, no mesmo período (a taxa era de 26,1 por mil nascidos vivos em 2000).
Em 2015, a taxa de mortalidade materna era de 54,9
para cada 100 mil nascidos vivos. Heloísa ressaltou que, embora a média
nacional não seja alta a nível nacional, no que diz respeito à morte materna,
ela está muito acima da média em alguns estados, como Tocantins, Maranhão,
Roraima, Piauí e Amapá. “São números de óbitos muito altos por causas
evitáveis. Por isso, precisamos de estratégias específicas para tratar essas
diferenças regionais”.
O Brasil conseguiu sair do Mapa da Fome da
Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) em 2014. A
pobreza na infância foi prioridade das ações governamentais com a criação do
Programa Brasil Carinhoso e a mudança nos critérios do Programa Bolsa Família.
Objetivos da ONU
Em 2000, 191 países que integram as Nações Unidas
assinaram compromisso de atingir os Objetivos de Desenvolvimento do
Milênio (ODM), cujo prazo final terminava em 2015. Aquele pacto global era
voltado apenas a países pobres e em desenvolvimento.
Em 25 de setembro de 2015, 193 países das Nações
Unidas adotaram a Resolução “Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável”, com 17 objetivos e 169 metas que devem ser
cumpridos por todas as nações – os chamados Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS).
Fonte: ENVOLVERDE
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