Escola e
família no percurso da educação.
Tatiana Djrdjrjan. Foto: Cortesia da autora.
Por Tatiana Djrdjrjan*
A divulgação do Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (IDEB) reforça a preocupação em relação à Educação no País,
mas, de maneira geral, traz dados que não causam surpresa. Os números reafirmam
questões que já estão em debate como financiamento, currículo, formação de
professores e por aí segue. Entretanto, vamos nos ater ao princípio de tudo: a
relação entre escola, família e comunidade para o desenvolvimento integral de
crianças e jovens.
Ao iniciar sua vida escolar, o aluno traz consigo
uma bagagem educacional que acumulou ao longo dos seus primeiros anos de vida,
tanto em casa como em seus mais diversos ambientes de convívio social. A escola
é mais um importante estágio nesse percurso, quando a atuação de profissionais
especializados se soma ao contexto familiar. Zelar pela qualidade dessa relação
é um desafio que traz responsabilidades a todos os envolvidos, inclusive poder
público, para que seja dada a devida importância aos estudos e ao sentido da
educação como uma base estruturante, que traz benefícios para toda a vida.
Para fazer sentido, a educação precisa ser
incorporada à rotina familiar como um valor e vivenciada cotidianamente por
meio de ações simples como conversar com os alunos sobre suas atividades,
ajudá-los nas tarefas de casa, arrumar o uniforme, garantir uma rotina de
estudo. À escola, por sua vez, cabe assegurar espaços e estratégias de
acolhimento das famílias, fazendo com que o diálogo com responsáveis e alunos
ocorra com naturalidade.
Diversas pesquisas confirmam os benefícios da
interação entre família e escola. Mas a pergunta é: quais fatores dessa
intervenção podem contribuir para melhorar o desempenho dos alunos, e de que
forma? Susan Sheridan, diretora do Centro de Pesquisa em Criança, Juventude,
Família e Escola da Universidade de Nebraska-Lincoln, nos Estados Unidos,
afirma que a atuação conjunta, desde que realizada com coerência e a devida
continuidade, amplia a conexão de crianças e jovens com o aprendizado,
melhorando o desempenho ao longo do tempo.
De acordo com o “Levantamento de estudos e
avaliações sobre aproximações entre escola e família”, realizado pela Fundação
Itaú Social, o envolvimento da família aumenta a percepção positiva dos alunos
em relação à escola e aos estudos, além de ampliar a percepção dos responsáveis
sobre a importância da formação de crianças e jovens, do acompanhamento e apoio
ao seu progresso.
Em Goiás, o Programa Coordenadores de Pais vem
sendo implementado em escolas das redes de ensino Fundamental II e Médio desde
outubro de 2013. Em avaliação de impacto realizada recentemente, constatou-se
aumento de 6% no envolvimento das famílias com a rotina de estudos, segundo a
visão dos alunos. No período de um ano, houve ainda impacto positivo de 4% na
percepção dos responsáveis sobre o acolhimento das escolas em relação às
famílias.
Uma iniciativa da Fundação Itaú Social realizada em
parceria com redes públicas de ensino, o Programa estimula a participação das
famílias no cotidiano escolar. Com foco na criação de elos entre a escola, a
família e a comunidade, o profissional que atua como Coordenador de Pais, em
geral também um morador do bairro, desenvolve ações que auxiliam os responsáveis
a acompanhar e apoiar melhor o aprendizado dos filhos. Em médio e longo prazos,
os objetivos são a redução dos índices de absenteísmo, evasão e indisciplina,
aumento da participação dos familiares nas atividades propostas pela escola e a
construção de um ambiente mais acolhedor.
A avaliação realizada em Goiás, com a iniciativa
ainda em estágio piloto, irá gerar subsídios para o aprimoramento das
estratégias de aproximação família, escola e comunidade.
É importante que os programas de estímulo à aproximação
entre escola e família considerem as especificidades da população de interesse
(professores, alunos, pais e comunidade). Precisam incentivar a participação
ativa e de forma conjunta da comunidade desde o desenho da ação, garantindo que
esteja adequado às suas reais necessidades e que considere os principais
obstáculos enfrentados por essa população.
* Tatiana Djrdjrjan é especialista em
Educação da Fundação Itaú Social.
Fonte: ENVOLVERDE
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