Degelo
ártico ameaça resto do mundo.
Relatório apresenta 19 pontos críticos em que
mudanças climáticas na região polar podem causar impactos permanentes;
temperaturas em partes do Ártico estão até 20oC mais altas que a média.
Por Redação do OC –
O Ártico enfrenta mudanças climáticas bruscas que
ameaçam os ecossistemas locais e podem ter consequências catastróficas para o
restante do planeta. É o que mostra o Arctic Resilience Report, relatório
resultante de cinco anos de pesquisa de cientistas do Instituto de Pesquisas
Ambientais de Estocolmo.
O relatório apresenta 19 “pontos de virada” já em
curso ou próximos de entrar em curso, que podem ser desencadeados pelo
derretimento da banquisa (camada de mar congelado que recobre o Oceano Ártico)
na região. Esses pontos de virada são caracterizados por mudanças rápidas ou
bruscas em um sistema natural, que podem causar alterações irreversíveis em
outros ecossistemas próximos. Verões sem gelo marinho, o colapso de sistemas de
pesca do Ártico, transformação de paisagens e mudanças de solo e vegetação
estão entre as possíveis consequências cujos efeitos poderiam afetar mais
regiões do planeta.
Um desses pontos é o chamado “feedback de albedo”,
ou a mudança no padrão de absorção de radiação pela superfície. Com o
aquecimento global, o gelo e a neve (que são brancos e rebatem a maior parte da
radiação solar de volta para o espaço) dão lugar à tundra, mais escura, que
absorve radiação e esquenta mais a região. Isso, por sua vez, eleva a
temperatura do solo, liberando gás metano da matéria orgânica antes congelada,
que eleva ainda mais as temperaturas, num círculo vicioso. Já a mudança na
distribuição de gelo no oceano pode causar mudanças que chegam até a Ásia.
O mais temido desses “pontos de virada” é a perda
do gelo marinho permanente na bacia do Ártico, o que causaria problemas sérios
para espécies como o urso polar, mas também mudaria os padrões meteorológicos
em boa parte do hemisfério Norte, já que o regime de ventos na região é
controlado em parte pelo Oceano Ártico. Embora o IPCC (o painel do clima da
ONU) tenha descartado que o gelo da região já tenha atingido o ponto de virada,
o monitoramento da banquisa em 2016 tem deixado os cientistas de cabelo em pé.
Pesquisadores medem gelo marinho no Ártico. Foto:
ClimateVisuals.
A extensão mínima de gelo marinho no verão foi a
segunda menor registrada desde o início das medições com satélites, no fim dos
anos 1970. E, neste inverno, o gelo está derretendo em algumas regiões em vez
de se recompor, como seria esperado. Alguns locais têm registrado temperaturas
até 20oC superiores à média para novembro.
“Sistemas sociais e biofísicos do Ártico estão
profundamente ligados com os sistemas sociais e biofísicos do nosso planeta.
Mudanças rápidas, dramáticas e sem precedentes nessa sensível região
provavelmente serão sentidas em outros lugares. Como lembramos com frequência,
o que acontece no Ártico não se restringe somente ao Ártico”, afirma o
documento.
“O Ártico está passando por mudanças rápidas e
dramáticas, e é fundamental e urgente desenvolver resiliência na região. Essa
resiliência não depende apenas do comprometimento e imaginação das comunidades
locais; a população precisa de apoio de governos e outros parceiros para
encontrar soluções sabendo que terão auxílio externo para implementar seus
planos”, conclui.
Fonte: Observatório do Clima
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