COP 22:
Desafios e oportunidades da NDC brasileira.
Caroline Ligório, de Marrakech para
Envolverde –
Os desafios e oportunidades para implementar e
fortalecer as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NCD) brasileiras
fizeram parte do debate no segundo dia (8) da 22ª da Conferência das Partes
(COP22). A importância da participação civil na cobrança do cumprimento das
medidas e o compartilhamento de ações foram discutidas.
O objetivo do Acordo de Paris prevê que até 2100,
a temperatura do planeta aumente entorno de 1.5°C a 2°C. No entanto, a INDC
brasileira alcançaria apenas o índice de 2.9°C a 3.4°C, número muito superior
ao previsto pelo acordo já ratificado pelo país. Para Viviane Romeiro,
coordenadora de mudanças climáticas do WRI Brasil, o Acordo é um importante
progresso, em relação ao Protocolo de Kyoto, mas ainda há um espaço entre o que
temos agora e o que precisamos alcançar. “O Acordo de Paris oferece dois
instrumentos de grande relevância para fortalecer as ambições e a transparência
dos países”.
A transparência
estaria associada a maior clareza do governo brasileiro, que em diálogo com a
sociedade, aumentaria o envolvimento em relação às políticas climáticas e
discutiria as estratégias de longo prazo e as possibilidades de novas NDCs com
caráter mais ambicioso. O Brasil está trabalhando em um documento, para o
acompanhamento de implementação de políticas de clima e a implicação na NDC
brasileira. É importante para o governo ter um sistema de monitoramento robusto
e sistemático para monitorar a realização das políticas. Viviane aponta que
algumas medidas já estão sendo postas em prática, mas ainda é necessário maior
transparência e abertura para que qualquer um consiga identificar o estágio da
implementação.
Branca Americano, coordenadora do Instituto do
Clima e Sociedade enfatizou o diálogo entre o governo e a sociedade, para que
juntos estabeleçam medidas de longo prazo, que seriam planos pensados para a
sociedade. As propostas da NDC são apontadas como ambiciosas, no entanto, pouco
evidentes quanto a como alcançá-las. Por outro lado, organizações, como o WRI,
indicam como o Brasil pode alcançar esta ambição. “Nós acreditamos que um país
como o nosso tem grandes possibilidades em termos de recursos naturais. Temos a
indústria do etanol, temos alternativas de mobilidade urbana, remodelar a
cidade para melhor mobilidade e redução de emissão de poluentes.
Exitem vários
aspectos tecnológicos e naturais que combinados podem fornecer soluções”,
Americano explica a importância de se estimular iniciativas.
Carlos Rittl, secretário-executivo do
Observatório do Clima, vê os aspectos tratados como positivos, mas faz
ressalvas. “No ano passado, o desmatamento na Amazônia sofreu aumento de 24%.
Espera-se que a nova taxa, anunciada até o final do ano, aponte novamente um
aumento”, diz Rittl. Ainda relata que 50 a 90 milhões de hectares ou 500 a 900
mil quilômetros quadrados (mais 10% do nosso território), é degradado pelas
pastagens ou abandonadas, com baixa produtividade, que poderiam ser restauradas
para para possibilitar a produção de comida para o consumo, como também para
exportação. Para ele o Brasil pode fazer muito mais, isto não seria bom somente
para o clima, mas para a economia também, para isso seria preciso, entre vários
aspectoas, restaurar florestas e investir em energia renovável.
Adriano Santhiago de Oliveira, diretor do Departamento de Mudanças Climáticas, enfatizou
que o governo fica entusiasmado com a participação da sociedade civil, de
representantes de setores subnacionais e do setor privado, uma vez que, não é
uma contribuição governamental determinada. O envolvimento do setor privado,
seria uma maneira de contribuição em um momento em que o país está sujeito à uma
restrição orçamentária. “O setor privado pode encarar a questão de mudança
climática como uma oportunidade de orientar o Brasil a reorientar seu plano de
desenvolvimento.
Mudança do clima é também uma questão de competitividade
econômica internacional, de geopolítica. É uma oportunidade para provermos
novas frentes de tecnologia, de investirmos muito em energia renováveis”.
Santhiago explica de que forma se daria o diálogo entre os vários setores,
ainda rebateu o aspecto levantado por Rittl referente ao desmatamento. “ Em
termos de mudanças climáticas, temos que ter uma perspectiva mais ampla.
Considerar somente um ano de aumento do desmatamento não é representativo para
analisar o fenômeno”. O período de 2004 a 2015 foi apontado por Oliveira como o
momento em que o Brasil foi capaz de alcançar 78% de redução do desmatamento.
O Brasil está
preparando estratégias para implementar suas propostas previstas na NDC. Até o
final de 2016, um documento básico será lançado para iniciar a discussão.O país
ja vêm implementando sua NDC. A aprovação da lei que prevê aumento do uso do
biodiesel , que de 7% atuais, poderá chegar a um aumneto de 10% e o plano de
combate ao desmatamento na Amazônia, com início em 2004, são algumas das
iniciativas apontadas como medidas a se cumprir a NDC.
Fonte: ENVOLVERDE
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