COP22: Conferência do clima inicia com expectativas e dúvidas.
Por Reinaldo Canto – De Marrakech especial
para a Envolverde e para o projeto Cásper na COP 22 –
O que esperar dessas duas semanas de discussões no
Marrocos durante a realização da COP 22? E o carvão no Brasil, como é que fica?
Reinaldo Canto
Plagiando os treinadores de futebol que possuem
grandes jogadores para compor seu elenco, a COP 22 tem um bom problema para
resolver. Afinal, assim como ter vários craques no time representa um bom
desafio, mas nada significa em princípio, pois, “nome não ganha jogo”, a
Conferência das Partes das Nações Unidas em sua Vigésima Segunda Edição, também
começa com um bom e inesperado “problema”, pois não se imaginava que, após a
COP 21 de Paris, o acordo mundial climático fosse assinado em tempo recorde e
entrado em vigor antes desta nova edição.
Pois bem, assim como um time repleto de craques não
é garantia de títulos, mas uma boa perspectiva, a assinatura rápida e o
compromisso de cerca de 100 nações, também representa uma esperança, mas longe
de significar que os problemas climáticos já estão sendo solucionados a
contento.
Na abertura oficial, a ministra do Meio Ambiente
francês Segolene Royal passou oficialmente o bastão da presidência da COP para
o marroquino Salaheddine Mezouar aqui em Marrakech.
Segolene pode dizer que cumpriu o seu papel e
mostrou otimismo em sua manifestação ao afirmar, “todos juntos tornamos
possível o que se acreditava impossível”. Agora teremos de esperar para saber
se o marroquino poderá dizer o mesmo ou algo ao menos parecido.
Se a ministra francesa chamou o Acordo de Paris de
algo próximo do impossível, o que diria ela deste momento em que os países
deverão fazer agora para tirar o acordo do papel e colocar em prática os
compromissos diversos assumidos por eles de reduzir suas emissões de gases de
efeito estufa?
Como já diria um velho ditado, “papel aceita tudo”
e, na verdade, a mais importante lição de casa começa agora e, certamente,
ultrapassará em muito as duas semanas de duração da COP que deverá se encerrar
no dia 18/11, daqui, portanto, a 14 dias. Obstáculos e enormes desafios,
certamente, estão no caminho de todos esses países, praticamente sem exceções.
Enquanto isso no Brasil
Para os especialistas e ambientalistas brasileiros
que já se encontram no Marrocos a expectativa é grande para conhecer melhor o
posicionamento do novo governo de Michel Temer quanto ao que vinha sendo
discutido e negociado exaustivamente antes dele chegar ao poder. E uma
sinalização importante não deverá ser dada no espaço Brasil em Marrakech, mas
no próprio Palácio do Planalto onde Temer irá receber o projeto de lei aprovado
no Congresso Nacional e que concede subsídios à produção de carvão. Como se
sabe esse é um dos fósseis mais importantes para agravar o fenômeno do efeito
estufa e, portanto, grande contribuinte do aquecimento global.
Se Temer sancionar a lei como chegou a ele, criará
um fato bastante negativo sobre os compromissos do Brasil no enfrentamento às
mudanças climáticas e quase tornará letra morta, a assinatura que deu anteriormente
aderindo ao Acordo de Paris.
Caso vete essa proposta, o presidente vai ajudar o
trabalho dos negociadores brasileiros presentes à COP 22 que terão de dar menos
explicações aos seus pares estrangeiros sobre a responsabilidade de nosso país
nessa questão tão séria e delicada.
Afinal, não é possível passarem despercebidos os
representantes do país com a maior floresta tropical do mundo. Queiramos ou
não, o clima nos interessa e ao mundo interessa o que o Brasil pretende fazer,
de verdade, para o enfrentamento das mudanças climáticas.
Vamos torcer e aguardar!
Fonte: ENVOLVERDE
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