COP 22: a
insustentável leveza de Blairo Maggi em Marrakech.
Por Reinaldo Canto direto de Marrakech para a
Envolverde e Projeto Cásper Líbero na COP 22.
Ministro da Agricultura é protagonista de
reclamações, elogios, contestações e comparações no mínimo polêmicas.
Nesta segunda e última semana da COP 22 teve início
o chamado Segmento de Alto Nível. Nesta fase, a chefia da delegação brasileira
está a cargo do Ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, mas quem tem agitado a
participação do Brasil é o nosso Ministro da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Blairo Maggi.
Em suas intervenções, sejam elas para o público
brasileiro ou em painéis com representantes estrangeiros, Maggi, tem sido
bastante veemente em defender o agronegócio brasileiro e discordar de
posicionamentos caros aos ambientalistas.
Blairo Maggi
Apesar de reconhecer as mudanças climáticas como
algo “comprovado cientificamente e um grande risco para a produção de alimentos
no país” e sentir na pele, como proprietário rural, “estão quebrando safras
como eu nunca vi antes” e refletir sobre o futuro “como meus filhos e netos vão
fazer agricultura nesse clima?” Maggi não deixa de contestar as reservas legais
definidas no Código Florestal e cujo seu Ministério é um dos principais
guardiões, “imagine um hotel que tenha 100 quartos, mas que só possa
comercializar 20 unidades. As outras 80 ele tem que manter fechadas”, fazendo
menção às propriedades rurais existentes no bioma amazônico que precisam manter
80% de suas áreas preservadas. O ministro só não explicou porque uma lei como
essa seria válida para um hotel. Quais razões haveria para uma interdição
absolutamente sem nexo? Já a definição das regras para as reservas legais foi
exaustivamente debatida no Congresso Nacional e faz todo o sentido no contexto
ambiental.
O ministro tem reclamado do posicionamento dos
países ricos quanto à falta de reconhecimento dos esforços brasileiros para
conservar áreas florestais e, portanto, contribuindo para evitar a emissão de
gases de efeito estufa. Segundo ele, “outros grandes produtores de alimentos
como Estados Unidos, Argentina e Canadá não possuem reservas legais como nós, mas
isso não nos trás vantagens”. Nesse caso, Maggi considera um problema
assumirmos esse “ônus”, enquanto outros países não o fazem e desconsidera os
serviços ambientais prestados pelas florestas, inclusive, para a produção de
alimentos.
Outra polêmica de Maggi foi causada quando ele
contestou o número de ativistas ambientais assassinados. O país lidera o
ranking, segundo a ONG Global Witness, com 50 assassinatos (http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2016-06/brasil-lidera-ranking-de-mortes-de-ambientalistas-em-2015-diz-ong).
Para o ministro, esses números não refletem a realidade, pois muitas dessas
mortes foram causadas por conflitos que nada tem a ver com ativismo ou disputa
por terras, “quando se vai fundo nas investigações, descobre-se que as razões
das mortes foram outras”.
Mesmo representando o governo que recentemente
ratificou o Acordo de Paris (assinado pelo Presidente Michel Temer) Blairo
Maggi se mostra preocupado com o que o Brasil se comprometeu, “de onde virão os
40 bilhões de dólares que deverão custar a restauração de 12 milhões de
hectares e a recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens?”. Aliás, nesse
caso, ele é acompanhado pelos ambientalistas que também tem dúvidas quanto à
origem dos recursos para uma demanda dessa proporção.
Para não parecer um estranho no ninho ao fazer
questionamentos às ações previstas para o combate às mudanças climáticas no
Brasil e no mundo em plena conferência do clima, nosso ministro estende as mãos
aos ambientalistas, cuja ação ele faz questão de elogiar, “produtores e
ambientalistas agora andam juntos”.
Então, estamos todos no mesmo barco. Entendido?
Fonte: ENVOLVERDE
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