Renovável
supera carvão.
Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Por Camila Faria, do OC –
Participação global na matriz deve subir 42%,
superando previsão anterior, diz Agência Internacional de Energia; crescimento,
porém, ainda não está alinhado com meta do Acordo de Paris.
A AIE (Agência Internacional de Energia) afirmou
nesta terça-feira (25) que o crescimento de energias renováveis irá superar
significativamente as previsões anteriores para os próximos cinco anos: as
fontes renováveis seguirão com o maior crescimento em geração de eletricidade,
com uma participação que deve evoluir de 23% em 2015 para 28% em 2021. Em 2015,
elas ultrapassaram o carvão como maior fonte de capacidade instalada no planeta.
A capacidade global em energia renovável (que
inclui geração de eletricidade, transportes e aquecimento) deverá subir em 42%,
ou 825 gigawatts, durante o período, números 13% maiores do que os estimados
pela própria agência em 2015. No ano passado, foram 153 gigawatts gerados,
valor maior que a capacidade total instalada do Canadá. A maior parte veio de
energia solar e eólica. Em 2015, duas turbinas eólicas foram instaladas por
hora apenas na China.
Em seu relatório de médio prazo do mercado de
energia, a agência estima que, durante o período, as renováveis devem responder
por mais de 60% da energia elétrica adicional instalada globalmente, com níveis
diferenciados de acordo com o local. Em nações mais desenvolvidas, a tendência
é que os aumentos nessa geração sejam maiores do que o crescimento da demanda
por energia, o que contribui para a descarbonização do setor no Reino Unido e
EUA, por exemplo. A líder global da expansão, porém, continuará sendo a China,
que representa aproximados 40% do crescimento, devido a preocupações com a
poluição do ar além da questão climática. Em 2015, foram instaladas duas
turbinas eólicas por hora no país.
O aumento da taxa esperada de crescimento se dá
especialmente por políticas públicas nos Estados Unidos, China, India e México
e a uma queda nos custos, que devem diminuir em 25% para a energia solar e 15%
para energia eólica em terra. A tendência de queda é explicada pelo avanço da
tecnologia, melhores condições de financiamento e a expansão para novos
mercados de recursos renováveis. “Estamos testemunhando uma transformação de
mercado global e, como em outros campos, o centro de crescimento dos renováveis
está migrando para mercados emergentes”, afirmou o diretor-executivo da
Agência, Faith Birol.
A agência afirma que o crescimento das renováveis
no setor de eletricidade, especialmente a solar fotovoltaica e a eólica, está
em linha com as metas climáticas submetidas pelos países no Acordo de Paris. No
entanto, esse crescimento ainda não basta para alinhar o mundo com o objetivo
global de estabilizar o aquecimento global em menos de 2oC neste século.
“Manter o aumento de temperatura bastante abaixo
dos 2ºC exigirá mais políticas para descarbonização e reforço dos recursos
renováveis nos três setores: aquecimento, transporte e energia”, aponta o
relatório. Especificamente no setor elétrico, medidas adicionais de redução de
custos de financiamento em mercados como Brasil, China, EUA, Índia e União
Europeia poderiam aumentar em 29% a capacidade de crescimento prevista para o
período até 2021, aponta o estudo. No Brasil, as condições macroeconômicas
deterioradas são apontadas como principal limitante à aceleração das
renováveis.
Para os biocombustíveis, outro setor que interessa
ao Brasil, a projeção até 2021 é pouco otimista: sua participação no setor de
transportes deve oscilar marginalmente, de 3% em 2015 para 4% em 2021. Em
parte, isso se deve à queda do preço do petróleo, que reduziu a atratividade
desses combustíveis.
Fonte: Observatório do Clima
Nenhum comentário:
Postar um comentário