Sustenta-bláblá-bilidade?!
Foto: Shutterstock
Por Liliane Rocha*
No jargão popular, parece que a preocupação com
preservação ambiental e inclusão social, como componentes completares ao
crescimento econômico são mero blábláblá.
Desde a década de 1990, John Elkigton e muitos
outros especialistas lançaram luz ao tema de Sustentabilidade. Aliás, podemos
citar uma vasta gama de profissionais que dedicaram sua vida, ou bons anos
dela, ao tema, trazendo a discussão socioambiental à tona. Realmente
contribuindo para tornar o mundo um lugar melhor. Além de John Elkignton com o
tripé da Sustentabilidade (Ambiental, Social e Econômico) – recomendo a leitura
do livro “Canibais de Garfo e Faca” – poderíamos citar também Michael Porter
com a Teoria de Valor Compartilhado, Muhamad Yunus o banqueiro dos pobres,
Lester Browm e Frijot Capra. No Brasil Dal Marcodes, Ricardo Voltolini, André
Trigueiro, Fábio Barbosa, Ladislau Dowbor.
Os profissionais são muitos e qualquer tentativa de
listar alguns deles, ou todos eles, seria inútil, contudo o destaque dado é
para começar este diálogo fazendo uma nobre referência e agradecimento aqueles
que tanto têm contribuindo e solidificado a causa no Brasil e no Mundo. No
entanto, a reflexão que esse texto busca trazer, de alguma forma lança um
questionamento um pouco mais perturbador. Estariam as empresas realmente
investimento em Sustentabilidade de uma forma consistente? E mais, estaria a
sociedade realmente mais informada e crítica a ponto de realizar uma pressão
efetiva e eficaz?
Em tempos de instabilidade política e econômica é
impossível não se fazer essa pergunta. Sim, claro, muito empresas tem realizado
um trabalho primoroso e transformador. E aqui registramos também a nossa
admiração por todas elas. Apesar disso, é notório que neste momento mais
desafiador, muitas empresas encontraram como solução de um cenário crítico o
desmantelamento da área de Sustentabilidade. Redução de investimento, cortes de
profissionais especialistas, congelamento de projetos.
As vezes soa como se, apesar de todo o pretenso
avanço, quando se coloca na balança os pesos e medidas para uma toma de decisão
a Sustentabilidade sai perdendo. No jargão popular, parece que a preocupação
com preservação ambiental e inclusão social, como componentes completares ao
crescimento econômico são mero blá blá blá.
Calma, não geremos uma onda de desânimo, mas sim
uma auto análise individual e coletiva. Até que ponto estamos priorizando e
colocando no centro da estratégia empresarial o elemento Sustentabilidade? E
como os profissionais especialistas da área podem e devem contribuir para que
os tomadores de decisão realmente percebam a Sustentabilidade como vetor
estratégico fundamental para a perenidade de qualquer negócio, de qualquer
sociedade e da vida no planeta?
Como indivíduos a questão também nos assola. Até
que ponto estamos dispostos a priorizar decisões mais sustentáveis? Não somente
na oratória, mas sim, sobretudo, no cotidiano e na prática, afim de termos um
discurso e uma atitude coerentes e que caminhem juntos.
Como sempre, este momento requer uma decisão,
deixar a sustentabilidade se tornar um discurso vazio, flácido, sem sentido, ou
arregaçar as mangas com coragem e seriedade. Trazer a tona o sentido e a ação
que a temática requer, assegurando que estará presente na pauta das áreas, nas
agendas e a na vida, ativa, com sentido e transformado a realidade. É o momento
de escolher se queremos honrar e perpetuar o legado que tantos têm construído para
nós e para as gerações futuras.
* Liliane Rocha é diretora Executiva da
empresa Gestão Kairós (www.gestaokairos.com.br), mestranda em Políticas
Públicas pela Fundação Getúlio Vargas, MBA Executivo em Gestão da
Sustentabilidade na FGV, Extensão de Gestão Responsável para Sustentabilidade
pela Fundação Dom Cabral, graduada em Relações Públicas na Cásper Líbero.
Gestora com 11 anos de experiência na área de Responsabilidade Social tendo
trabalhado em empresas de grande porte – tais como Philips, Banco
Real-Santander, Walmart e Grupo Votorantim. Escreve mensalmente para Envolverde
sobre Diversidade e Sustentabilidade.
Fonte: ENVOLVERDE
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