quarta-feira, 20 de julho de 2016

Empresas de mercados emergentes obtêm baixo nível de transparência.
75% das empresas no relatório da Transparency International alcançaram uma pontuação abaixo de 5, na escala de 0 a 10, nos testes de transparência.

A maioria das mais importantes empresas de mercados emergentes não mostram um bom desempenho no que diz respeito à transparência, criando um ambiente que proporciona a proliferação da corrupção nos negócios e nos lugares onde operam. Um novo relatório da Transparency International revela a necessidade urgente de essas grandes empresas multinacionais fazerem muito mais para combater a corrupção.

Na última edição do documento Transparency in Corporate Reporting: Assessing Emerging Market Multinationals  (Transparência em Relatórios Corporativos: Avaliando Multinacionais de Mercados Emergentes), as 100 empresas com maior crescimento, baseadas em 15 países emergentes e operando em 185 países do mundo, alcançaram uma pontuação média de 3,4 pontos de 10 pontos possíveis, onde 0 significa menos transparente e 10 significa mais transparente. A pontuação média caiu ligeiramente (0,2%) em relação à última pesquisa feita em 2013.

“Níveis patéticos de transparência em grandes empresas de mercados emergentes levantam a questão da importância que o setor privado dá para o combate à corrupção como meio de eliminar a pobreza e reduzir a desigualdade nos lugares onde fazem negócios. Repetidamente vemos enormes escândalos de corrupção envolvendo multinacionais, tais como o Grupo Odebrecht ou a China Communications Construction Company, trazendo danos enormes às economias locais. Isso poderia ter sido evitado com medidas adequadas de transparência e anticorrupção e a determinação dos diretores. Embora muitas empresas declarem que querem combater a corrupção, isso não é suficiente. Ações falam mais alto do que palavras”, diz José Ugaz, Presidente da Transparency International.

As 75 empresas dos países BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) não se saíram melhor, ficando abaixo da pontuação média, com o desempenho fraco das empresas chinesas puxando o grupo todo para baixo. As empresas dos países BRICS produzem cerca de 30% do PIB mundial, portanto, têm a obrigação clara de assumir responsabilidade pelas suas ações.

As empresas chinesas, que compõem um terço das empresas avaliadas, tiveram o pior desempenho no geral, alcançando uma média de 1,6 de 10, sendo que apenas uma delas ficou entre as melhores 25. Mais uma vez, isso destaca a necessidade de a China e a sua comunidade de negócios tomarem medidas urgentes para melhorar os seus padrões. Isso é particularmente relevante em lugares como a África, onde o governo chinês comprometeu-se, recentemente, a investir US$60 bilhões, dinheiro que provavelmente será gasto em serviços de empresas chinesas.

O desempenho muito fraco da China é o resultado de políticas e procedimentos anticorrupção precários ou inexistentes ou de uma falha clara na divulgação destes de acordo com as melhores práticas internacionais. A regulamentação é uma questão importante, como mostra o caso indiano. As empresas indianas tiveram a melhor pontuação entre todos os países, alcançando 75% ou mais em transparência organizacional, devido em grande parte à sua Lei de Empresas.

Nos mercados emergentes, todas as empresas devem fazer muito mais para gerar relatórios públicos abrangentes para lidar com a corrupção e oferecer a transparência necessária para uma governança robusta e responsável.

Programas anticorrupção que impeçam que uma empresa use subornos como ferramenta ou que proporcionem formas para que indivíduos denunciem casos de corrupção sem medo de retaliação devem ser disponibilizados publicamente para enviar uma mensagem clara aos seus clientes, funcionários e parceiros de que a empresa não aceita práticas corruptas.

“Clientes devem exigir que as empresas obedeçam os mais altos padrões anticorrupção ou arriscam perder negócios’, diz Ugaz.

Listas completas de subsidiárias, afiliadas, joint ventures e outras entidades devem ser facilmente acessíveis, permitindo que as partes envolvidas locais entendam o impacto econômico e social das empresas multinacionais nas suas sociedades e comunidades.

Ao mesmo tempo, os governos devem implementar leis contra o suborno que sejam rígidas, tal como a Lei de Suborno do Reino Unido, bem como devem garantir a aplicação dessas leis, como os Estados Unidos o faz, e adotar regras para o relatório obrigatório das estruturas anticorrupção e organizacionais das empresas.


Fonte: ENVOLVERDE

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