Uma
tragédia para a biodiversidade.
Índios Munduruku lutam há mais de 30 anos contra a
construção da usina e agora pedem que a Siemens diga “não” ao projeto. Foto: ©
Markus Mauthe/Greenpeace.
A construção de uma barragem no Rio Tapajós pode
levar à extinção espécies de animais e plantas, além de impactar profundamente
a vida de populações tradicionais.
Por Redação do Greenpeace Brasil –
Erguer uma grande hidrelétrica em ecossistemas
sensíveis como a Amazônia, como quer o governo brasileiro no Rio Tapajós, teria
impactos irreversíveis do ponto de vista econômico e social. A obra também
seria um desastre sem proporções para a biodiversidade local. Ao alterar a
dinâmica do rio e de suas espécies, podemos colocar em risco não apenas a
existência de milhares de animais e plantas, mas também nosso próprio futuro.
Mas mesmo com este conhecimento, o governo e
empresas continuam a insistir no projeto. Por isso, ativistas do Greenpeace do
mundo todo estão pressionando a Siemens, uma das principais fornecedoras de
turbinas do mercado, para que a empresa não participe deste projeto desastroso.
De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental (EIA)
produzido por um grupo de empresas interessado em participar do leilão da usina
hidrelétrica de São Luiz do Tapajós – a maior das 43 planejadas pelo governo em
toda a bacia – foram identificadas mais de 3.600 espécies de fauna e flora na
área de influência da barragem. Mas um estudo realizado por pesquisadores
independentes já mostrou que os impactos a estas espécies não foram
levados em consideração, enquanto as novas espécies encontradas, entre
anfíbios, aves e macacos, sequer foram citadas.
Na Amazônia, as planícies inundáveis incluem uma
série de habitats, como praias, ilhas, pedrais e igapós, que possuem
características únicas e insubstituíveis para o ecossistema local. Estes
ambientes atuam como berçários para peixes e outros animais, inclusive de
importância econômica, e fornecem recursos-chave para as populações humanas e
os animais. Mas se uma barragem for construída neste local, esses lugares desaparecerão,
gerando um profundo impacto na biodiversidade.
Os impactos, entretanto, não se limitam à área
alagada pelo reservatório. Ao interromper o pulso natural de inundação do rio –
os padrões de cheia e seca – a vida tanto rio abaixo como rio acima é alterada
de forma permanente . Portanto, os efeitos de uma hidrelétrica não estão
restritos a poucos quilômetros acima ou abaixo da barragem, mas podem ser
detectados por centenas de quilômetros da obra.
Ativistas do Greenpeace protestam na Bélgica, em frente
à sede da Siemens no País, pedindo que a empresa não se envolva no projeto da
hidrelétrica de São Luiz do Tapajós. Foto: © Philip Wilson/Greenpeace
Estamos falando de 95 espécies de mamíferos, 553
aves, 302 tipos de borboletas e mais de 1.400 espécies de plantas. Só no caso
dos anfíbios e répteis, o estudo de impacto ambiental identificou 109 espécies,
sendo 16 inéditas, ou seja, ainda nem conhecidas pela ciência. E tudo isso está
ameaçado pela ganância e mau planejamento do governo e de empresas interessadas
em participar da obra.
A Siemens, por exemplo, é uma empresa multinacional
que vende ao mundo a imagem de “verde” e “ambientalmente responsável”, mas
participou da tragédia de Belo Monte, fornecendo turbinas ao empreendimento.
Mas talvez o mais curioso é que esta mesma empresa produz turbinas eólicas.
Então porque não avançar pelo caminho certo?
O futuro está na energia eólica e solar, não em
barragens que destroem comunidades, animais selvagens e a floresta. E a Siemens
pode mostrar isso a seus consumidores e ao governo brasileiro, negando-se
publicamente a participar do projeto de São Luiz do Tapajós.
Afinal, de que lado a empresa quer estar: do lado
da eficiência energética, da biodiversidade, dos povos indígenas e do povo
brasileiro, que pede por mudanças; ou do lado onde apenas o dinheiro fala mais
alto?
Está na hora de escolher, Siemens.
Fonte: Greenpeace Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário