Jornalistas
lançam guia para melhorar a cobertura das eleições municipais de 2016.
Por Heloisa Aruth Sturm*
Eleitores dos 5.570 municípios brasileiros irão às
urnas neste ano para escolher os futuros governantes e legisladores de suas
cidades. Para que os jornalistas locais desempenhem bem o seu papel de informar
o cidadão, o Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor) lançou
recentemente o Manual GPI Eleições 2016, disponível online com
intuito de qualificar a cobertura das eleições municipais deste ano no Brasil.
“Já existe um grande repositório de informações
disponíveis, então pensamos em reunir um acervo mínimo pra guiar o repórter
sobre o que ele precisa saber em termos de política pública municipal,” afirmou
Angela Pimenta, presidente do Projor, em entrevista ao Centro Knight para o
Jornalismo nas Américas.
O guia reúne informações de interesse público e
aborda as principais questões envolvendo o
município, tais como orçamento, capacidade de investimento, e outras
atribuições. É possível também acessar ferramentas de monitoramento para
analisar o desempenho de cada cidade em relação às políticas nacionais de
educação básica, saúde, habitação, meio ambiente e segurança.
Reprodução do Manual GPI Eleições 2016
“O jornalista precisa conhecer os sinais vitais do
município dele. Nossa obrigação como jornalistas é contextualizar a informação,
e a nossa missão como quem quer desenvolver o jornalismo no país é achar
ferramentas que sejam compatíveis e adotá-las,” disse Pimenta.
O manual faz parte do projeto Grande Pequena
Imprensa (GPI), focado no fortalecimento da imprensa local e do jornalismo
independente, e foi realizado pelo Projor em parceria com o Observatório da
Imprensa e com apoio institucional do Google.
Para Pimenta, a necessidade de se criar um manual
como esse também decorre de duas peculiaridades das eleições municipais deste
ano, que não se parecem com nenhuma eleição na história democrática do país.
Primeiro, uma severa crise econômica colocou 90 por
cento dos municípios brasileiros em situação de déficit. Segundo, a reforma eleitoral de 2015 modificou
diversas regras, especialmente quanto ao financiamento de campanhas.
Além de servir como fonte de consulta, o manual
também reúne uma série de ferramentas para os repórteres que quiserem coletar,
analisar e visualizar informações dos municípios.
Os jornalistas Tiago Mali e Vitor Haddad Prado
reuniram no manual os aplicativos indispensáveis ao jornalismo
de dados e criaram alguns tutoriais para facilitar esse trabalho:
desde operações básicas em planilhas do Google até o uso de softwares para
obter dados (IFTTT e Webscraper), analisar as informações (Google Fusion Tables
e Qlik), e criar infográficos (Tableau Public e Infogr.am).
O guia possui fácil navegação e foi organizado a
partir de um template disponível no website wix,
que é gratuito. A decisão foi de não gastar em design para poder investir nos
materiais de apuração.
Também está nos planos a realização de pesquisas
qualitativas para analisar a cobertura eleitoral dos jornais que usarem o
manual e compará-la com as reportagens produzidas em eleições anteriores. Os
estudos devem ser conduzidos pelo professor da Universidade Estadual Paulista
(Unesp), Francisco Belda, que também participou da elaboração do projeto.
Há ainda um espaço destinado a sugestões de pauta, com
dicas para abordar o perfil do candidato, informações sobre financiadores de
campanhas, grau de conhecimento do candidato sobre a gestão municipal e o
diagnóstico do município, além de promessas de campanha – e se de fato é possível
cumprir o que se está prometendo. As sugestões vêm acompanhadas de links para
tutoriais.
“A idéia foi facilitar ao máximo a vida do
jornalista para dificultar ao máximo a vida dos candidatos. Porque isso é bom
para o eleitor,” afirmou Angela.
Fonte: Journalism in the Americas
Nenhum comentário:
Postar um comentário