Ban pede
ratificação de Paris em setembro.
Ban Ki-moon discursa em Durban, África do Sul.
Foto: UN Photo
Diante de más notícias nas últimas semanas,
secretário-geral da ONU convoca reunião especial em Nova York para que países
acelerem adesão ao acordo do clima; objetivo é antecipar entrada em vigor.
Por Claudio Angelo, do OC –
Nesta terça-feira (19) foi a vez de o
secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, dar seu grito de “ratifica
já!” Numa carta enviada a governantes do mundo inteiro, o coreano pediu que os
países que assinaram o acordo do clima de Paris ratifiquem-no até 21 de
setembro. Ele organizou um evento na sede da ONU em Nova York para essa data,
especialmente para impulsionar a ratificação.
“O próximo passo na nossa jornada coletiva para um
futuro de baixo carbono e climaticamente resiliente é assegurar a rápida
entrada em vigor do Acordo de Paris. Fazer isso criará incentivos para a
implementação antecipada das contribuições nacionalmente determinadas e ajudará
a angariar apoio nos mercados e nas sociedades para um aumento da ambição no
clima”, escreveu Ban, segundo comunicado à imprensa distribuído pela ONU.
“Eu peço a você que acelere seu processo doméstico
de ratificação do acordo neste ano”, prossegue a carta.
O evento convocado por Ban não estava no calendário
oficial de negociações climáticas da ONU. Ele acontecerá perto da reunião anual
da Assembleia Geral, que sempre ocorre no fim de setembro (começo do outono no
hemisfério Norte), quando os líderes mundiais normalmente aportam em Nova York
às dezenas.
O objetivo do secretário-geral é manter no ar a
peteca da implementação antecipada do Acordo de Paris após uma série de más
notícias nos últimos meses.
Depois do sucesso de sua adoção, na COP21, em
dezembro, e da adesão sem precedentes, em abril, de 175 países – o maior número
de nações que já assinaram simultaneamente um acordo internacional em toda a
história –, a ONU se permitiu sonhar com sua entrada em vigor já em 2017, três
anos antes do prazo oficial.
E aí veio o Brexit, a saída britânica da União
Europeia, que ameaça atrasar o calendário de ratificação da UE – já que tanto o
bloco quanto o Reino Unido precisarão submeter novas metas, ou INDCs,
refletindo a realidade pós-divórcio. E veio também o assustador crescimento de
Donald Trump, o candidato republicano à presidência dos EUA que já ameaçou
“rever” o Acordo de Paris se eleito. E vieram uma série de atentados
terroristas – em Orlando, em Nice e no Iraque – e o recrudescimento da
violência racial nos EUA, que tendem a virar a agenda dos governos para o tema
da segurança, de costas para o multilateralismo.
Cereja do bolo, nesta semana, segundo relatou o
site Climate Home, o novo
presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, disse que não iria “honrar” os
compromissos feitos em Paris – mesmo tendo seu país ajudado a liderar o Fórum
das Nações Vulneráveis, que pressionou pela meta de estabilizar o aquecimento
em 1,5oC.
Com seu chamado, Ban planeja relembrar os países
dos compromissos assumidos e estimular quem já avançou no processo de
ratificação a correr com isso. Brasil, Canadá, EUA, China, Índia e França já
anunciaram a intenção de ratificar neste ano.
Para que entre em vigor, o acordo precisa de pelo
menos 55 ratificações, que somem 55% das emissões mundiais. Até agora, 19
países ratificaram perfazendo 0,18% das emissões globais. O único país
desenvolvido a depositar sua ratificação foi a Noruega.
Nesta segunda-feira, o grupo de ex-líderes globais
conhecido como The Elders, integrado entre outros pelo sul-africano Desmond
Tutu, pela norueguesa Gro Brundtland, pelo brasileiro Fernando Henrique Cardoso
e pelo chileno Ricardo Lagos manifestou preocupação com a falta de iniciativa
dos países ricos no processo de ratificação do acordo do clima.
Fonte: Observatório do Clima
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