Metas
nacionais declaradas na COP-21 não garantem elevação de apenas 2Cº.
Roberto Schaeffer, professor da Coppe/UFRJ,
participou do estudo,
publicado pela Nature, que mostra que as metas nacionais submetidas em Paris
não são suficiente para garantir uma elevação da temperatura média da Terra em
menos de 2 graus centígrados.
Dal Marcondes, da Envolverde –
Roberto Schaeffer, professor da Coppe/UFRJ
Estudo publicado na Nature mostra que mesmo que os
países cumpram integralmente as metas de emissão descritas em suas INDCs
(pretendidas contribuições nacionalmente determinadas) submetidas em preparação
para a 21ª Conferência das Partes (COP-21), realizada em Paris, em dezembro de
2015, o planeta chegará a 2100 com uma temperatura média cerca de 2,60C
a 3,10C superior àquela verificada na era pré-industrial. Esta
é uma das conclusões do estudo realizado por nove especialistas de diferentes
países, entre eles o brasileiro Roberto Schaeffer, professor da Coppe/UFRJ, que
é um dos destaques da revista Nature,
na edição publicada em dia 30 de junho.
Roberto Schaeffer propõe que os países revisem suas
metas e apresentem propostas mais ambiciosas se pretendem, de fato, cumprir o
que foi acordado e Paris. O estudo conclui sem uma revisão drástica das metas
apresentadas não será possível atingir as metas climáticas desejadas até o
final deste século.
No artigo “Paris Agreement climate proposals need a
boost to keep warming well below 20C”, os autores fazem uma
abordagem inédita sobre o alcance das INDCs apresentadas pelos governos de 160
países em preparação para o Acordo de Paris. No caso de cumprimento integral
das INDCs, a soma das propostas aponta, na melhor das hipóteses, para uma
elevação de 2,6Cº e, na pior, de 3,1Cº. No entanto, há ceticismo em relação á
capacidade dos governos de cumprirem, todos, integralmente o que foi proposto.
Diante da incerteza do que, de fato, será alcançado
em termos de cumprimento das metas, o estudo incorpora uma série de análises
probabilísticas, com previsões sobre a elevação da temperatura diante de
diferentes hipóteses, que consideram as emissões de CO2 diante de quatro
cenários. Para cada um deles, o estudo aponta a gradação da elevação média
esperada da temperatura.
Segundo o pesquisador Roberto Schaeffer, diante
desse fato o Acordo de Paris prevê a necessidade de se revisar as metas
nacionais de forma a ajustar para que se atinja, de fato, o objetivo de
elevação máxima da temperatura em 2Cº, sendo que o indicativo da COP-21 é que o
esforço deveria ser para manter esse número em 1,5Cº. “O acordo prevê que a
cada 5 anos deve ser feita uma revisão nos esforços nacionais de forma a
garantir o atendimento da meta”, explica.
O artigo, segundo Schaeffer, serve como uma baliza
para que os países entendam que devem ser mais ambiciosos na revisão de suas
INDCs. “O que eles chegaram até agora pode chegar a 2,9Cº e não dá para esperar
até 2030 para fazer uma revisão. Já que sabemos que a soma não está dando
ainda, é preciso agir rapidamente”, diz. O que é mais preocupante é que a meta
mais ambiciosa de elevação de apenas 1,5Cº não é mais possível de ser atingida,
segundo o pesquisador da Coppe/UFRJ. “Mas os 2 Cº ainda é possível se os países
começarem a fazer alguma coisa até 2020”, explica.
Uma oportunidade que se apresenta agora é que cada
país terá agora de ratificar suas metas e o que foi assinado em Paris em seus
Congressos nacionais. “Esse é um momento importantes, porque nada impede que os
países já apresentem aos parlamentares uma meta já retificada, mais ambiciosa e
capaz de garantir a o aquecimento original de 2Cº”, explica Schaeffer.
Outro dado importante, segundo ele, é que o Brasil
está em um ciclo recessivo, o que inibe a atividade econômica e, portanto, há
uma redução natural das emissões, sem que isso represente um esforço para o
cumprimento da meta. Portanto, se o país fizer os investimentos e as ações
propostas na INDC, pode ser que chegue a 2030 com números que anteriormente
estavam previstos para serem ultrapassados em 2020. “Tenho colegas
pesquisadores chineses que também acreditam que seu país vai conseguir superar
as metas a INDC proposta em Paris”, diz.
O estudo publicado pela Nature, que pode ser lido aqui, é um documento estruturante para o monitoramento das
INDCs dos países e para garantir que os ajustes necessários para o cumprimento
das metas da COP-21, sejam feitos com a ambição e magnitude necessárias.
Fonte: ENVOLVERDE
Nenhum comentário:
Postar um comentário