quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Rio Maravilha Sem Água.
Lançamento da campanha #RioMaravilhaSemÁgua. Foto: Rede Meu Rio

Campanha dos voluntários das ONGS Greenpeace e Meu Rio vai a rua por mais transparência na gestão hídrica da cidade.

Por Thomas Mendel, do Greenpeace – 

As chuvas aumentaram nos últimos dias, e os reservatórios de água que abastassem o estado do Rio de Janeiro se afastaram do volume morto, mas isso não significa que a crise hídrica tenha chegado ao fim. Por isso, continuamos cobrando que ações eficazes sejam tomadas. Aliás, você sabe como anda a crise no Rio?

Em 2013, todos os estados da região Sudeste sofreram com uma forte estiagem somada ao despreparo dos governos de assumir e lidar com a situação. Isso desencadeou a falta d’água em São Paulo e, posteriormente, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, que se estende até hoje. Contudo, o caso na Região Metropolitana do Rio poderia ter sido minimizado ou até evitado, mas contamos com níveis altíssimos de poluição dos rios, perdas superiores a 30% durante a distribuição e o consumo em excesso da população e de atividades comerciais.

Provocados pela falta de transparência e sucessivas falhas governamentais para lidar com a crise e a gestão da água, o Grupo de Voluntários do Greenpeace Rio de Janeiro e da Rede Meu Rio se uniram para expor o problema e buscar soluções. Cerca de 77% da água consumida no estado do Rio de Janeiro vem da Bacia do Rio Paraíba do Sul, que nasce em São Paulo ­– onde fica o nosso principal reservatório, o Paraibuna – que também atende a região de Minas Gerais; os outros cerca de 33% vêm de sistemas isolados de abastecimento. A região metropolitana é atendida principalmente pelo Rio Guandu, que é abastecido por uma transposição do Rio Paraíba do Sul.

O primeiro problema enfrentado é a degradação das florestas das nascentes e da mata ciliar. O Paraíba do Sul abastece mais de 8 milhões de pessoas no Rio de Janeiro e conta com menos de 13% de floresta original em sua bacia hidrográfica. Apenas 26% das suas Áreas de Preservação Permanente (APPs), como topos de morro e beiras de rio, permanecem preservadas. O que existe ali é muito morro pelado, pasto, margens assoreadas e, principalmente na região das cabeceiras do Paraibuna, no alto da Serra do Mar, rios e nascentes totalmente secos.

A partir da água que chega, aproximadamente 90% dos municípios da região metropolitana do Rio de Janeiro são abastecidos. Desse número, 81% são atendidos por redes de esgoto, mas somente 68,5% são tratados (TrataBrasil – Desafios Do Saneamento Em Metrópoles Da Copa 2014 – Estudo Da Região Metropolitana Do Rio De Janeiro). Na cidade do Rio de Janeiro, a poluição gerada por empresas e a maior parte do que não é tratado chega à baía de Guanabara, que hoje recebe, além de lixo, 18,4 mil litros de esgoto por segundo. Sucessivas promessas de despoluição já foram feitas. A mais recente ocorreu entre o governo estadual e municipal do Rio de Janeiro com o Comitê Olímpico Internacional (COI) de tratar 80% do esgoto da Baía de Guanabara, e é mais uma que não será cumprida.

Por esses motivos, nesse domingo, o Greenpeace lançou, na Lagoa Rodrigo de Freitas, a campanha “Rio Maravilha Sem Água”, em parceria com a organização Meu Rio, para pedir mais transparência em ações e informações relacionadas aos recursos hídricos no Rio de Janeiro e preservação e recuperação dos mananciais do rio Paraíba do Sul. Voluntários das ONGs fizeram oficinas de artes para as crianças, fotomontagem com cenários da cidade em colapso hídrico, distribuíram cartões-postais destas mesmas paisagens e engajaram pessoas para somar ao time de ação da campanha. Para encerrar, um banner foi aberto sobre os pedalinhos com a frase: “O Rio já sofre com a crise hídrica. Uma hora ela chega em você!”.

Esta foi a primeira ação e contamos com você para seguir nessa batalha. Afinal, existem problemas que só são tratados como problemas quando atingem a todos. Estamos em crise e todos têm o direito de saber! Junte-se a nós: www.riomaravilhasemagua.org.br.


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