Rio
Maravilha Sem Água.
Lançamento da campanha #RioMaravilhaSemÁgua. Foto:
Rede Meu Rio
Campanha dos voluntários das ONGS Greenpeace e Meu
Rio vai a rua por mais transparência na gestão hídrica da cidade.
Por Thomas Mendel, do Greenpeace –
As chuvas aumentaram nos últimos dias, e os
reservatórios de água que abastassem o estado do Rio de Janeiro se afastaram do
volume morto, mas isso não significa que a crise hídrica tenha chegado ao fim.
Por isso, continuamos cobrando que ações eficazes sejam tomadas. Aliás, você
sabe como anda a crise no Rio?
Em 2013, todos os estados da região Sudeste
sofreram com uma forte estiagem somada ao despreparo dos governos de assumir e
lidar com a situação. Isso desencadeou a falta d’água em São Paulo e,
posteriormente, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, que se estende até hoje.
Contudo, o caso na Região Metropolitana do Rio poderia ter sido minimizado ou
até evitado, mas contamos com níveis altíssimos de poluição dos rios, perdas
superiores a 30% durante a distribuição e o consumo em excesso da população e
de atividades comerciais.
Provocados pela falta de transparência e sucessivas
falhas governamentais para lidar com a crise e a gestão da água, o Grupo de
Voluntários do Greenpeace Rio de Janeiro e da Rede Meu Rio se uniram para expor
o problema e buscar soluções. Cerca de 77% da água consumida no estado do Rio
de Janeiro vem da Bacia do Rio Paraíba do Sul, que nasce em São Paulo – onde
fica o nosso principal reservatório, o Paraibuna – que também atende a região
de Minas Gerais; os outros cerca de 33% vêm de sistemas isolados de
abastecimento. A região metropolitana é atendida principalmente pelo Rio
Guandu, que é abastecido por uma transposição do Rio Paraíba do Sul.
O primeiro problema enfrentado é a degradação das
florestas das nascentes e da mata ciliar. O Paraíba do Sul abastece mais de 8
milhões de pessoas no Rio de Janeiro e conta com menos de 13% de floresta
original em sua bacia hidrográfica. Apenas 26% das suas Áreas de Preservação
Permanente (APPs), como topos de morro e beiras de rio, permanecem preservadas.
O que existe ali é muito morro pelado, pasto, margens assoreadas e,
principalmente na região das cabeceiras do Paraibuna, no alto da Serra do Mar,
rios e nascentes totalmente secos.
A partir da água que chega, aproximadamente 90% dos
municípios da região metropolitana do Rio de Janeiro são abastecidos. Desse
número, 81% são atendidos por redes de esgoto, mas somente 68,5% são tratados
(TrataBrasil – Desafios Do Saneamento Em Metrópoles Da Copa 2014 – Estudo Da Região
Metropolitana Do Rio De Janeiro). Na cidade do Rio de Janeiro, a poluição
gerada por empresas e a maior parte do que não é tratado chega à baía de
Guanabara, que hoje recebe, além de lixo, 18,4 mil litros de esgoto por
segundo. Sucessivas promessas de despoluição já foram feitas. A mais recente
ocorreu entre o governo estadual e municipal do Rio de Janeiro com o Comitê
Olímpico Internacional (COI) de tratar 80% do esgoto da Baía de Guanabara, e é
mais uma que não será cumprida.
Por esses motivos, nesse domingo, o Greenpeace
lançou, na Lagoa Rodrigo de Freitas, a campanha “Rio Maravilha Sem Água”, em
parceria com a organização Meu Rio, para pedir mais transparência em ações e
informações relacionadas aos recursos hídricos no Rio de Janeiro e preservação
e recuperação dos mananciais do rio Paraíba do Sul. Voluntários das ONGs
fizeram oficinas de artes para as crianças, fotomontagem com cenários da cidade
em colapso hídrico, distribuíram cartões-postais destas mesmas paisagens e
engajaram pessoas para somar ao time de ação da campanha. Para encerrar, um
banner foi aberto sobre os pedalinhos com a frase: “O Rio já sofre com a crise
hídrica. Uma hora ela chega em você!”.
Esta foi a primeira ação e contamos com você para
seguir nessa batalha. Afinal, existem problemas que só são tratados como
problemas quando atingem a todos. Estamos em crise e todos têm o direito de
saber! Junte-se a nós: www.riomaravilhasemagua.org.br.
Fonte: Greenpeace Brasil
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