Neves
fixa data para energia geotérmica.
O monte Neves fica no centro da ilha vulcânica de
mesmo nome, que tem grandes reservas de energia geotérmica. Foto: Desmond
Brown/IPS.
Por Desmond Brown, da IPS –
Charlestown, São Cristóvão e Neves, 27/1/2016 – Legisladores
da ilha vulcânica de Neves, a menor das duas que formam o Estado de São
Cristóvão e Neves, já fixaram uma data para substituir a geração elétrica deste
país por energia renovável. A ilha ao norte das Antilhas Menores, com 12 mil
habitantes e consumo de dez megawatts (MW) de energia por ano, importa diesel
no valor de US$ 12 milhões. Um projeto de lei espera reduzir consideravelmente
esse valor.
O vice-primeiro-ministro e ministro do Turismo de
Neves, e também chanceler de São Cristóvão e Neves, Mark Brantley, afirmou que
a energia geotérmica é algo que distingue Neves. “Há cerca de dez anos
descobrimos que temos energia geotérmica aqui. Levou algum tempo, mas agora
estamos em uma etapa em que foi feito todo o trabalho de prospecção e temos
assegurado que a geotérmica estará pronta em dezembro de 2017”, declarou à IPS.
Segundo o ministro, “isso significa que, quando a
usina foi ligada este mês, 100% da eletricidade de Neves será fornecida por
energia renovável. Nenhum outro lugar do mundo pode se orgulhar disso, algo que
nos fará o lugar mais verde do planeta Terra. Esse é o novo lema: o lugar mais
verde do planeta”.Neves possui águas termais ativas e uma grande jazida
geotérmica. Três locais de perfuração em sete centros vulcânicos indicam que a
jazida tem capacidade de produção de até 500 MW de energia por ano. De acordo
com o ministro, a mudança para a energia geotérmica não poderia ter chegado em
melhor momento.
Mark Brantley vice-primeiro-ministro e ministro do
Turismo de Neves, e também chanceler de São Cristóvão e Neves. Foto: Desmond
Brown/IPS.
“Acabamos de sair de Paris, da 21ª Conferência das
Partes (COP 21) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática.
O mundo fala da mudança climática e o que podemos fazer. Creio que isto dá a
Neves outra coisa sobre a qual falar e projetos emocionantes que impulsionem as
viagens à ilha, na medida em que as pessoas vierem e quiserem ser parte de algo
que é tão natural”, afirmou Brantley.“Sem dúvida, seremos completamente verdes.
Nossas emissões, nossa pegada de carbono diminuirá para quase zero”, gerando
uma economia de 40% a 50%, acrescentou.
“Tradicionalmente pagamos entre US$ 0,40 e US$ 0,45
por quilowatt/hora. A energia geotérmica custa entre US$ 0,17 eUS$ 0,18.
Imagine que os custos operacionais diminuam drasticamente e com isso possa
atrair as empresas. Já há interesse por parte de pessoas que querem produzir
motonetas elétricas, assim, pense nos Jetsons”, destacouBrantley, se referindo
à série norte-americana de desenhos animados da década de 1960.
“A ideia é que se há um lugar onde chegam
visitantes e há carros elétricos, motonetas elétricas e tudo mais, é porque tem
uma fonte de energia barata. Além disso, os especialistas nos dizem que teremos
mais de 150 MW de energia disponível. Neves apenas utiliza 10 MW, por isso tem
o suficiente para exportar a São Cristóvão”, que fica a pouco mais de três
quilômetros, afirmou o ministro.
Brantleydestacou que“já fizemos estudos de
interligação, inclusive com ilhas que estão dentro desse raio, de modo que
Antiga é uma possibilidade, porque ali não há perspectivas de energia
geotérmica”, além de São Bartolomeu, Saba e São Eustáquio.“Creio que Neves
pode, potencialmente,se converter,em um ano, em exportador de energia. E poderá
mudar todo o modelo econômico”, para deixar de depender do turismo e se dedicar
à energia e à produção energética em seu lugar, acrescentou.
Dominica, outro Estado insular vizinho, lançou
recentemente seu próprio projeto geotérmico, com planos de construir uma
pequena usina de energia para consumo interno e outra maior, de até 100 MW para
exportar para as ilhas francesas vizinhas de Guadalupe e Martinica.O poder
legislativo discutirá um projeto de lei de energia geotérmica no primeiro
trimestre deste ano. O primeiro-ministro, Roosevelt Skerrit, afirmou que a
iniciativa mostra o compromisso de seu governo de alcançar o desenvolvimento do
setor.
O projeto “teria que passar por um exame rigoroso
de nossos sócios. Isso concluído, buscaremos a participação de sócios novos,
mas também vemos a possibilidade de ter uma pequena usina por nossa conta.
Buscamos a participação de governos amigos, de instituições”, acrescentouSkerrit.Segundo ele, “temos uma oferta de empréstimo do Banco Mundial que ainda está sobre a mesa. Por isso o governo tem que ver as opções de financiamento e decidir que rumo tomará na usina geotérmica. Por exemplo, a energia renovável seria sem dúvida uma grande vantagem para a economia de Dominica”.
Buscamos a participação de governos amigos, de instituições”, acrescentouSkerrit.Segundo ele, “temos uma oferta de empréstimo do Banco Mundial que ainda está sobre a mesa. Por isso o governo tem que ver as opções de financiamento e decidir que rumo tomará na usina geotérmica. Por exemplo, a energia renovável seria sem dúvida uma grande vantagem para a economia de Dominica”.
Em agosto a tempestade tropical Erika passou por
Dominica e arrasou povoados inteiros, destruiu pontes e deixou prejuízos com
reconstrução equivalentes à metade do produto interno bruto do país.
Cerca de
254 milímetros de chuva caíram em poucas horas, o que transformou os rios da
ilha montanhosa em enxurradas e as ladeiras em deslizamentos mortais. A
capital, Roseau, ficou inundada e o principal aeroporto da ilha permaneceu
fechado durante quase um mês. Sua reconstrução custará aproximadamente US$ 15
milhões. Pelo menos 31 pessoas morreram vítimas da tempestade.
Fonte: ENVOLVERDE
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