segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Mudança climática e água pautam gestão da cadeia de valor nas empresas, revela pesquisa.
Relatório apontou que 53,7% das empresas possuem os riscos relacionados a gestão de recursos hídricos associados as suas despesas. Foto: mcdarius/ Flickr/ (cc).

Ao todo, 41,8% das companhias passaram a integrar a gestão de água às suas estratégias de negócio, de acordo com os resultados do programa CDP Supply Chain America Latina 2015, que analisa dados sobre água e mudanças climáticas da cadeia de valor de grandes empresas. Pela primeira vez, a pesquisa realizada pelo CDP (Carbon Disclosure Project), organização internacional que provê um sistema global único de reporte de impactos ambientais, incluiu informações sobre a gestão hídrica na cadeia de fornecimento, além dos dados sobre a gestão de emissões de gases de efeito estufa.

O relatório apontou que 53,7% das empresas possuem os riscos relacionados a gestão de recursos hídricos associados as suas despesas, inclusive com 35,2% delas declarando ter encontrado oportunidades para redução de custos com a gestão. 12,8% das companhias ainda relataram que já sofreram ou identificaram impactos prejudiciais às operações relacionados à gestão da água, principalmente nos setores de químicos, tabaco, automóveis e componentes, processamento de alimentos e bebidas e varejo de produtos alimentares básicos.

Em relação à gestão de mudanças climáticas, foi registrado um aumento do número de empresas que possuem iniciativas ativas e que relatam a redução das suas emissões, totalizando 26,1% dos respondentes contra 15% no ano de 2014. No Brasil esse percentual chega a 23%. Na relação com a cadeia de valores, 58,8% dos respondentes afirmaram não possuir práticas ou iniciativas de engajamento. Na América Latina, 34,1% das empresas declaram ter integrado a gestão das mudanças climáticas as suas estratégias de negócio. As empresas do Brasil representam 58,1% do total.

A pesquisa também mostrou um aumento do número de empresas que reportaram suas informações ambientais aos seus clientes, em um ano pautado pelo acordo feito na 21ª Conferência da Convenção Quadro das Nações Unidas (COP21), que definiu um novo compromisso global com o clima e as mudanças climáticas.

Fornecedores de todo o mundo

O reporte conta com informações de mais de 8 mil fornecedores no mundo todo, 500 somente na América Latina, que alcançou um índice de resposta de 67% aos questionários do programa, representando a segunda melhor média global, atrás apenas da Ásia, com 71% de taxa de respostas. Além disso, 62 fornecedores responderam o questionário sobre gestão de Água, com um índice de resposta de 65% e também o segundo maior do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Os 75 membros do CDP Supply Chain responsáveis pelo pedido de informação junto a suas cadeias de fornecimento para produzir esse relatório representam juntos um poder aquisitivo anual combinado de quase U$S 2 trilhões em gastos combinados e incluem organizações como Banco Bradesco, Braskem, Arcos Dourados (empresa controladora da marca McDonalds na América Latina), Walmart, entre outras.

Empresas brasileiras

Na América Latina, o Brasil representou o maior número de empresas respondentes, tanto para o questionário de gestão da água, representando 38,3% do total de respondentes no Brasil, com 62 fornecedores, como para o questionário de mudanças climáticas, que totalizou 55% do total e contou com a participação de 278 fornecedores. Em seguida, vieram México, com 29% do total de respondentes em gestão de água e 34% em mudanças climáticas, e a Argentina, com respectivamente 9,9% e 3% de respondentes.

“Os resultados do programa CDP Supply Chain nos mostrou uma tendência crescente de reporte adotada pelas empresas, atendendo às demandas por maiores níveis de transparência da sociedade e em adequação a novas regras e exigências de mercado. O aumento dos índices de respostas e adesão ao programa evidencia que as questões ambientais tornaram-se cada vez mais determinantes na agenda corporativa, influenciando as relações comerciais também em mercados emergentes”, afirma Lauro Marins, gerente do Programa Supply Chain.

Movimentos e acordos globais

“Além disso, novos movimentos e acordos globais tendem a fortalecer esta tendência, como por exemplo, o acordo celebrado na COP21, que definiu o novo compromisso global com o clima e o endereçamento das mudanças climáticas, incluindo a adaptação aos impactos já identificados”, completa o executivo.

As empresas que se destacaram por apresentarem boas práticas relacionadas a temática de mudanças climática, como Kurita do Brasil (Score CDP: 92 A-), Oxiteno S.A Industria e Comércio (Score CDP: 93 C) e Supricel logística (Score CDP: 85 C), foram selecionadas para elaboração dos estudos de caso a partir de suas iniciativas.

O Sumário Executivo com os resultados do Supply Chain foi elaborado pela Gestão Origami, empresa de consultoria em sustentabilidade, parceira do CDP e responsável por implantar a metodologia de scoring da organização para a avaliação e orientação de empresas participantes do programa no Brasil. A MGMinnova foi a empresa de consultoria responsável por essa atividade na América Latina.

Veja o sumário na íntegra aqui.


Fonte: EcoD

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