Os
problemas do descarte de plástico nos oceanos.
De acordo com o relatório, os oceanos poderão ter
mais plástico do que peixes em 2050 caso não se reverta o atual sistema pela
qual se usa, produz e se descarta esse material. Foto: Shutterstock.
Por Reinaldo Dias*
Um dos materiais essenciais para o nosso cotidiano
é o plástico. Está presente em quase todos os lugares que frequentamos, estando
presente nas garrafas pet de todo tipo, sacos plásticos, brinquedos, e outros
produtos afins. No entanto, ao longo do tempo, nos descuidamos de sua
destinação final. Como decorrência do uso inadequado, o plástico está causando
enormes problemas ambientais como indica recente relatório apresentado no Fórum
de Davos pela Consultoria McKinsey & Co. e a ONG Ocean Conservancy
intitulado “A nova economia do plástico: repensando o futuro”.
De acordo com o relatório, os oceanos poderão ter
mais plástico do que peixes em 2050 caso não se reverta o atual sistema pela
qual se usa, produz e se descarta esse material. Nos últimos 50 anos o plástico
teve multiplicada por 20 a sua utilização. Cada ano, pelo menos, 8 milhões de
toneladas são lançados nos oceanos, o que equivale a descartar o conteúdo de um
caminhão de lixo no oceano a cada minuto. Se não forem adotadas medidas efetivas
a expectativa é que se aumente para quatro caminhões por minuto no ano de 2050.
Do plástico produzido no mundo todo mais de 70% ou
é depositado em aterros ou lançados nos cursos d’água resultando em um custo de
13 bilhões de dólares por ano em perdas para as indústrias do turismo,
navegação e pesca. O plástico perturba os ecossistemas marinhos e ameaça a
segurança alimentar das pessoas que dependem da pesca para a subsistência. O
que para os seres humanos é um item de conforto, para os animais marinhos é uma
bomba flutuante. O custo ambiental expressa a irracionalidade da utilização de
um material tão importante da economia moderna.
O relatório defende a utilização de um novo modelo
baseado na criação de caminhos efetivos para a destinação dos plásticos após o
seu uso quais sejam; o de reduzir drasticamente o descarte desse material em
sistemas naturais, em particular os oceanos; e encontrar alternativas à
utilização do petróleo e do gás natural como matéria prima na produção do
plástico. Destaca, ainda, a necessidade de integrar em um plano de ação,
medidas que até agora foram tomadas de forma isolada como, tais como: avanços
na tecnologia das embalagens, novos processos de reciclagem de plásticos,
desenvolvimento de infraestruturas para a captação de resíduos e políticas
públicas para regulamentar o acondicionamento de produtos em embalagens.
Os dados apresentados pelo Informe podem ser vistos
pela comunidade empresarial como uma oportunidade de negócios sustentável no
médio e longo prazo, pois trata-se de reintroduzir na economia uma enorme
quantidade de material reutilizável e de fácil acesso nos grandes centros
urbanos. A questão central para que isso ocorra é a adoção de maior
profissionalização e adoção de práticas de reciclagem que evitem a exploração de
pessoas pobres que buscam ganhar algum dinheiro com a venda do material. A
reciclagem profissionalizada transformaria catadores eventuais em funcionários
remunerados tirando-os da marginalidade.
Para que ocorra um encaminhamento adequado da
questão do plástico, é necessária a participação mais ativa do poder público no
incentivo de negócios com viabilidade econômica, que contribuirão efetivamente
para maior integração social gerando aumento de postos de trabalho e
contribuindo para a melhoria do meio ambiente retirando da natureza materiais
poluentes que se transformarão em matéria prima.
Não há solução para a questão do descarte de
plástico na natureza sem educação ambiental, que necessariamente, deve ser
responsabilidade do poder público. O que se faz com atividades permanentes e
sistemáticas e ações interdisciplinares envolvendo instituições de educação de
todos os níveis, e campanhas periódicas com foco em situações específicas que
exigem ação mais imediata, como no caso de grandes eventos.
* Reinaldo dias é professor da Universidade
Presbiteriana Mackenzie. Doutor em Ciências Sociais e Mestre em Ciência
Política pela Unicamp. É especialista em Ciências Ambientais.
Fonte: ENVOLVERDE
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