Site
conecta quem precisa e quem tem espaços para guardar objetos.
Startup criada por
ex-alunos da Escola Politécnica da USP trouxe solução inovadora para a questão
da armazenagem
Os imóveis encolhem cada dia mais
em cidades como São Paulo, criando um problema para as pessoas que têm muitos
objetos e pouco espaço para armazená-los. Além disso, as vagas de garagem se
tornaram espaços valiosos nos grandes centros urbanos onde as famílias
geralmente têm mais de um carro, e frequentemente apenas uma vaga para seu
automóvel. De olho nesta tendência, dois engenheiros formados pela Escola
Politécnica (Poli) da USP se uniram a um advogado, um administrador de empresas
e um economista para criar uma startup que trouxe uma solução inovadora para a
questão da armazenagem.
Trata-se da Wish a Storage, um site que une quem
tem espaços vazios em casa e quem precisa guardar seus objetos. A grande
vantagem em relação aos serviços de empresas de self storage é o preço
e localização dos espaços. Em média, o custo do metro quadrado de um aluguel de
espaço em residências é metade do metro quadrado de um box na cidade de São
Paulo. Além disso, com uma rede de anunciantes de espaços cada vez maior, é
possível que o local alugado esteja a alguns metros da residência daquele que
precisa guardar suas coisas, reduzindo tempo e custos com transporte. “O site
também é útil para quem não tem onde guardar seu carro ou moto e procura uma
vaga para seu veículo que não seja cara como um estacionamento privado”, conta
Daniel Eiro, um dos sócios da startup.
O funcionamento da plataforma é bastante simples.
Quem tem espaço livre em casa e quer alugá-lo anuncia no site, gratuitamente.
Já o interessado faz a busca no site e, ao encontrar o espaço ideal, entra em
contato com o proprietário. Toda a transação é feita por meio do site. Ambos
assinam um termo de uso que, na prática, funciona como um instrumento legal
para proteger as partes envolvidas.
No caso do locador (conhecido como storager),
para resguardá-lo da responsabilidade de ter seu espaço usado para estocagem de
produtos ilegais, por exemplo. No caso do locatário (chamado também de
wisher), para ter garantias se houver danos ao seu patrimônio.
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Equipe da startup, da esquerda para a direita: Franz Bories, Thiago Fogaça, Daniel Eiro, Ricardo Russo, Hilarindo Silva – Foto: Divulgação/Poli-USP.
Perfil dos usuários
Em São Paulo, a procura maior vem de bairros
localizados no centro expandido, como Pinheiros, Perdizes, Higienópolis, onde o
metro quadrado é mais caro e há demanda maior de pessoas procurando espaço para
armazenagem. Já os anunciantes são de bairros um pouco mais periféricos, mas
não muito distantes do centro, como Pirituba, Saúde e Conceição, entre outros,
onde ainda existem muitas residências e mais espaço.
“A demanda mais comum é de pessoas que estão se
mudando e precisam guardar móveis temporariamente em algum local até acertarem
a nova residência, além de uma boa procura por vagas de garagem”, diz. Há um
pouco de tudo. “Temos, por exemplo, uma empresa que faz cenografia para teatro
e usa os espaços alugados para armazenar seus objetos”, destaca Eiro.
Planos de expansão
A plataforma, que começou a operar em novembro do
ano passado, tem cerca de 70 anúncios e 200 usuários cadastrados. O lucro vem
do percentual do valor do aluguel, que é repassado para a Wish a Storage. A
meta é fechar o ano com 800 anúncios e 1000 novos usuários. Para tanto, os
sócios estão trabalhando no desenvolvimento de um aplicativo, além de
investirem em recursos de marketing, bem como em campanhas online e offline
para o maior alcance de usuários e transações na plataforma.
Como nesse início de operação os recursos são
relativamente baixos, eles próprios tocam o negócio. Daniel Eiro cuida da parte
tecnológica do negócio ao lado de Hilarindo Silva, também formado em
engenharia. Já Franz Bories e Thiago Fogaça, ambos formados nas áreas de
negócios, e Ricardo Russo, advogado, ficam com a parte administrativa e
comercial.
“Como dizem na linguagem do empreendedorismo, as
startups nascem, em geral, de uma ‘dor’ de um dos empreendedores. Foi o nosso
caso”, brinca Eiro. A ‘dor’, no caso, era de Bories, que, após formado no
interior de São Paulo, veio trabalhar na capital paulista. Durante anos ele
morou em um flat de cerca de 25 metros quadrados e não tinha lugar para guardar
seus instrumentos musicais – seu hobby é tocar percussão
junto aos amigos. Ao fazer cotação em serviços de self storage,
viu que ficaria muito caro guardá-los em boxes comerciais. Ele pensou em pagar
a um de seus vizinhos uma quantia para que deixasse guardar seus equipamentos em
sua casa.
Da conversa sobre esse problema veio a ideia de
criar um negócio. Todos estavam empregados nesse período e continuaram assim
por um tempo, enquanto desenvolviam melhor a proposta da empresa. Até que
participaram do processo de seleção de uma das maiores aceleradoras da América
Latina, a Startup Farm, ao mesmo tempo em que buscavam espaço na incubadora
Cietec, da USP. O projeto foi aprovado por ambas e eles acabaram optando pela
aceleradora, onde ficaram por cinco semanas.
“Quando recebemos esses retornos positivos,
soubemos que tínhamos um negócio com bom potencial. Decidimos então juntar
nossas economias e deixar nossos empregos para nos dedicarmos somente à
empresa”, diz Eiro. No momento, todo o investimento feito na empresa vem do
capital dos próprios sócios. Eles ainda estão avaliando a possibilidade de
procurar fontes de financiamento para o negócio.
O começo
A vida de empreendedor tem sido desafiadora.
Eiro, por exemplo, conta que sempre quis ter uma empresa, mas não tinha uma boa
ideia para abrir um negócio. “Quando entrei na Poli, eu gostava de eletrônica,
de programação, mas não achava que ia seguir carreira em Tecnologia da
Informação. Acabei encontrando emprego nessa área, comecei a gostar mais a cada
dia, me interessando mais sobre aspectos da Internet e tecnologia”, lembra.
Ele destaca a formação obtida na Poli como
essencial não só para lidar com os aspectos tecnológicos, mas com a própria
administração do negócio. “Na graduação eu realmente aprendi a aprender. Hoje,
isso está sendo essencial na gestão do meu negócio, pois lido diariamente com
novas tecnologias e preciso me atualizar rapidamente”, conta. “Lidar com todo
esse ambiente de incertezas que cerca uma startup vem sendo um dos meus grandes
desafios, e o background que a Poli me proporcionou tem sido fundamental para
encará-lo”, completa.
Para Hilarindo Silva, o sentimento é parecido. “A
Poli me ensinou desde o início que disciplina e organização são fundamentais
para uma carreira de sucesso”, pontua. “Como engenheiro, aprendi a analisar e
resolver problemas de forma rápida e eficiente. Como empresário, aprendi a ser
multitarefa, o que me permite trabalhar em vários projetos ao mesmo tempo”,
finaliza.
Fonte: Jornal da USP
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