Por que
um Brasil sustentável, logo agora?
Renata Koch Alvarenga* –
Em meio ao caos que se resultou no país após o
impeachment de Dilma Rousseff, com a entrada de um novo governo e com a
economia decadente, o discurso da sustentabilidade tornou-se figurante no
Brasil e corre o risco de não voltar a estar dentre as prioridades do governo
tão cedo – o que é extremamente alarmante.
A COP21, Conferência das Nações Unidas sobre as
Mudanças Climáticas, aconteceu em dezembro de 2015, somente um mês após o maior
desastre ambiental da história do Brasil: o rompimento da barragem em Mariana,
Minas Gerais. Apesar disso, o Brasil teve uma posição de liderança nas
negociações climáticas, e o Acordo de Paris, que entrou em vigor no final do
ano passado, foi adotado por 195 países, incluindo diversas medidas que visam
combater as mudanças climáticas.
Dentre essas medidas, destaca-se a cláusula para
manter o aumento
da temperatura média global em menos de 2°C em relação aos níveis
pré-industriais, realizando esforços para que o aumento máximo da temperatura
seja de 1,5°C. Essa última condição, motivo de polêmica nas negociações em
Paris, é crucial, pois esse meio grau Celsius de diferença pode resultar em
consequências desastrosas para o planeta – e principalmente para o Brasil.
Delegação de jovens brasileiros
da ONG Engajamundo realizaram ações na COP21 para garantir que o limite de
temperatura 1.5°C estivesse no Acordo de Paris..
Sede da maior floresta tropical do mundo, o Brasil
tem 42% do seu território ocupado pela floresta Amazônica. Devido a essa
riqueza natural, o governo brasileiro possui o dever de implementar medidas
ambientais que visem proteger a Amazônia. A questão do 1,5°C encaixa-se nisso,
já que dentre as principais fontes emissoras de gases de efeito estufa no
Brasil está o desmatamento de regiões tropicais como a floresta Amazônica.
Um segundo fator diz respeito à queima de
combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral), que não são
renováveis e causam muita poluição na atmosfera. O setor de produção de energia
brasileiro, por meio das termelétricas, é um dos mais poluentes e, desde 2013,
tem sido utilizado como medida
para amenizar a crise hídrica que atingiu o Brasil – mais um motivo para
manter o aumento em 1,5°C.
De acordo com o site Carbon
Brief, o orçamento atual de carbono revela que em apenas quatro anos de
emissões globais de gases de efeito estufa o aumento da temperatura média
global será maior do que 1,5°C. Essa informação leva o planeta a um estado de
urgência; e o Brasil, como um dos principais emissores do mundo (atrás da
China, dos EUA, e da União Europeia), tem enorme responsabilidade na luta para
estabilizar a temperatura do planeta.
A crise política e econômica do Brasil não deve – e
nem pode – ser deixada de lado em meio à urgência ambiental no planeta.
Entretanto, mais do que nunca, as secas e as enchentes, assim como outros
desastres ambientais, têm o potencial de desestabilizar o Brasil em proporções catastróficas.
Se as mudanças climáticas e o desenvolvimento sustentável não forem vistos como
prioridades pelo governo brasileiro e pela população, as consequências serão
muito piores do que a atual instabilidade que figura nos setores público e
privado.
*Renata é estudante de Relações Internacionais e
representou a juventude brasileira na COP21.
Fonte: ENVOLVERDE
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