ECO21 –
As marchas dos cientistas e do clima são um dever sagrado.
A revista ECO21 edição de abril já está
disponível para assinante e gratuitamente para os internautas no site www.eco21.com.br. É a mais antiga e
importante publicação de jornalismo ambiental do Brasil.
“Esta é uma missão geracional. Temos que
marchar”, disse a ativista Naomi Klein explicando porque participar da Marcha
no Dia Mundial do Clima dos Povos, que aconteceu dia 29 de Abril. É um
protesto, entre outras razões, contra a possibilidade do Governo Trump se
retirar do Acordo de Paris. A Marcha acontece num momento em que a quantidade
de carbono presente na atmosfera está oficialmente fora de controle ao ter
ultrapassado, pela primeira vez na história humana, o marco das 410 partes por
milhão da concentração de CO2. O marco foi registrado no dia 18
deste mês no Observatório Mauna Loa, Havaí.
Desde que o Planeta atingiu no ano passado o
perigoso estágio de 400 ppm, os cientistas advertiram que o ritmo das
concentrações de CO2 está acelerado significando que a humanidade
está indo para o ponto de não retorno na direção do caos climático. Apesar
dessa ameaça sem precedentes e das advertências dos cientistas, a ação
climática tem dominado a política ambiental de Trump e de Scott Pruitt, Chefe
da Agência de Proteção Ambiental, forçando ativistas e cidadãos interessados a
irem às ruas para advertir o Governo de que se deve fazer algo para enfrentar
essa ameaça de devastação planetária.
Segundo o Climate Advisers, a política de Trump,
quanto a mudanças climáticas, poderia gerar mais 500 milhões de toneladas de
Gases de Efeito Estufa na atmosfera até 2025. A Marcha pela Ciência uniu
continentes em defesa de um projeto comum para humanizar a ciência, torná-la
mais próxima das pessoas e apoiar os cientistas num momento em que se reduzem
os investimentos nessa área. Na América Latina, 60 cidades de 11 países se
uniram à Marcha contribuindo com 10% dos eventos realizados em 610 cidades de
todo o mundo.
No Brasil, 25 cidades aderiram à iniciativa
mundial. Em São Paulo, Helena Nader Presidente da Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC) foi muito aclamada pelo seu discurso no encontro.
Disse ao Estadão: “Chega de nos classificar como gasto; nós somos investimento.
A nossa economia sobrevive por causa da ciência” Já Ildeu Moreira,
vice-presidente da SBPC e um dos organizadores da Marcha no Brasil, afirmou: “O
movimento brasileiro é mais amplo do que a campanha anti-Trump dos EUA, aqui
adicionamos as questões locais”. Também destacou o corte de mais de 40% do
orçamento para ciência e tecnologia realizado pelo Governo de Temer.
A Marcha pela Ciência, primeira de sua espécie,
era oficialmente não política. Foi concebida por Caroline Weinberg, Valorie
Aquino e Jonathan Berman, pesquisadores estadunidenses, ao considerar que a
ciência está “sob ataque” pelo Governo Trump. Por sua vez, Trump divulgou uma
declaração na qual insistiu que seu Governo estava comprometido em preservar a
“beleza inspiradora” da América, ao mesmo tempo em que protege os empregos. “A
ciência rigorosa é crítica para meus esforços por alcançar os objetivos de crescimento
econômico e proteção ambiental. Minha Administração está empenhada em avançar
na pesquisa científica que leva a uma melhor compreensão do nosso ambiente e
dos riscos ambientais Ao fazê-lo, devemos lembrar que a ciência rigorosa não
depende da ideologia, mas de um espírito de investigação honesto e um debate
sólido”.
Na convocação para a Marcha nos EUA os
organizadores justificaram o ato assim: “Embora comece com uma Marcha, nós
esperamos usar isto como um ponto de partida para tomar uma posição sobre a
ciência na política. Cortar o financiamento e restringir os cientistas de
comunicar suas descobertas (de pesquisa financiada com impostos) com o público
é absurdo e não pode ser aceito como norma política. Há certas coisas que
aceitamos como fatos sem alternativas. A Terra está se tornando mais quente
devido à ação humana. A diversidade da vida surgiu pela evolução. Os políticos
que desvalorizam o conhecimento e arriscam tomar decisões que não refletem a
realidade devem ser responsabilizados. Um governo que ignora a ciência para
impor agendas ideológicas põe em perigo o mundo”.
Agora, incentivados pela energia da Marcha pela
Ciência, os ativistas se prepararam mais uma vez.
“A Marcha do Clima dos Povos
é o próximo passo, um chamado para nos engajar no nosso sistema político, para
enfrentar o poder e exigir soluções”, explicou May Boeve, da 350.org. “É uma
nova atmosfera com a qual a humanidade terá que lidar; o aquecimento está
fazendo com que o clima mude a um ritmo acelerado; o CO2 não atingiu
esse nível em 4,5 milhões de anos”, escreveu Brian Kahn do Climate Central.
Essa terrível realidade é a força motriz por trás
da Marcha do Clima dos Povos. “A mudança climática nos diz que precisamos agir.
Este é o momento. Temos de marchar. É um dever sagrado”, disse Naomi Klein,
resumindo o pensamento de todo o universo científico e ambientalista mundial.
Gaia Viverá!
Lúcia Chayb e René Capriles
Fonte: ENVOLVERDE
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