Aquecimento Global e o fim das
ilhas Maldivas, artigo de José Eustáquio Diniz Alves.
A República das Maldivas é um país insular
situado no Oceano Índico ao sudoeste da Índia, constituído por 1.196 ilhas,
agrupadas em 26 atóis e com uma população de cerca de 330 mil habitantes. A
capital, Malé, tem cerca de 100 mil habitantes. A colonização das Maldivas é
antiga e ocorreu a partir de Sri Lanka. No século XVI, os portugueses
estabeleceram uma pequena feitoria nas Maldivas, que administraram a partir da
colônia principal portuguesa de Goa. Mas após 15 anos, foram expulsos por uma
revolta popular. A religião predominante no passado era o budismo, mas houve
uma conversão ao islamismo que permanece a religião hegemônica.
Mas as Maldivas, e os diversos países ilhas
representados pela AOSIS (Aliança dos Pequenos Estados Insulares), correm o
perigo de desaparecerem em função do aquecimento global e do aumento do nível
do mar. Foi a AOSIS que pressionou a COP-21, em dezembro de 2015, para colocar
a meta do limite de 1,5º C. de aumento da temperatura no Acordo de Paris. Mas
tudo indica que esta meta será ultrapassada e as Maldivas correm o risco de
naufragar e desaparecer do mapa.
Pela primeira vez, desde o início da série de
medições que começou em 1880, houve um aumento de temperatura por seis anos
seguidos, com recordes sucessivos nos últimos 3 anos. As temperaturas ficaram,
acima da média do século XX, em 0,58º C em 2011, 0,62º C em 2012 e 0,67º C em 2013.
Mas, mas nestes 3 anos, as temperaturas ficaram abaixo do que em 2010 que
marcou 0,70º C acima da média do século XX. Nos anos seguintes, pela primeira
vez a temperatura bate recordes seguidos, 2014 com 0,74º C, 2015 com 0,90º C e
2016 com 0,94º C.
O ano de 2016 foi também o ano em que a
concentração de CO2 bateu o recorde e ficou acima de 400 partes por milhão em
todas as semanas e dias (menos um) do ano. Os estudos e as evidências indicam
que o degelo do polo norte, da Groenlândia, da Antártica e dos glaciares tem se
acelerado, o que eleva o nível dos oceanos. Milhões de pessoas que vivem nas
áreas costeiras estão sob risco crescente. Mas o risco mais iminente ocorre
nesses pequenos países insulares (Nauru, Tuvalu, Fiji, Kiribati ilhas Marshall,
etc.) que perigam desaparecer totalmente em função da elevação do nível dos
oceanos. O futuro das ilhas Maldivas é desaparecer como ocorreu com a cidade de
Atlântida, na antiguidade.
Mas existem outros perigos que são também atuais.
As Maldivas são um destino internacional para o turismo de mergulho, em busca
dos jardins de corais coloridos e uma vida marinha espetacular. Contudo, a
riqueza e a beleza dos ecossistemas marinhos está ameaçada.
Em decorrência do aquecimento global e a
consequente acidificação dos oceanos, os corais estão morrendo. O branqueamento
(bleaching), retira a cor dos recifes deixando-lhes apenas um branco
fantasmagórico. Este fenômeno ocorre quando os corais entram em stress devido
às altas temperaturas. Estudos recentes mostram que mais de 60% das colônias de
corais estão sofrendo com o branqueamento.
O governo da República das Maldivas criou um
fundo de poupança para comprar terras no exterior onde a população possa migrar
e viver em função da possibilidade das águas engolirem o paradisíaco
arquipélago. Nas Maldivas o aquecimento global não é apenas uma ameaça. É uma
sentença de morte.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate,
é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em
População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências
Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal.
E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
Fonte: EcoDebate
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