‘Estamos destruindo as bases que
sustentam nosso planeta, e isso não aparece nos jornais’, debate com Leonardo
Boff e Adolfo Perez Esquivel.
Em evento organizado pela 350.org Argentina,
Leonardo Boff e Adolfo Perez Esquivel debateram alternativas para a
problemática da crise climática e social na América Latina
Entre Esquivel (à esquerda) e
Olsson, Leonardo Boff sintetizou todas estas questões em seu novo livro
“Sustentabilidade: a urgência ante o grito da Terra”, lançado na quarta-feira
(10) na Feira do Livro de Buenos Aires. Foto: Lorena Paeta /350AméricaLatina
O teólogo e intelectual brasileiro Leonardo Boff,
que já vem há alguns anos espalhando o trabalho levantada pelo Papa Francisco
na sua Encíclica Laudato Si, chamou a atenção nesta quinta-feira (11) para um
dos piores problemas enfrentados pela humanidade hoje: a crise ambiental e as
suas consequências sociais. A Aula Magna organizada pela 350.org Argentina e
pela Cátedra Livre de Saúde e Direitos Humanos da Faculdade de Medicina de
Buenos Aires, também contou com a participação do Prêmio Nobel da Paz, Adolfo
Perez Esquivel. No evento foi discutido o cuidado dos recursos naturais estratégicos,
e mais especificamente os casos do Aquífero Guarani, da Antártida e da
Amazônia.
“O diagnóstico dos principais cientistas do mundo
indica que estamos vivendo uma era muito preocupante para o planeta, e esses
são dados que não aparecem nos jornais, porque vão contra o sistema, evitam o
acúmulo e impedem que as empresas sigam sua lógica de desrespeito à Terra. Na
verdade, vivemos em uma época de grandes contradições”, disse Leonardo Boff
durante o encontro. “Devemos respeitar não só os aspectos físico-químicos dos
ecossistemas de cada região, mas também o aspecto humano das populações que os
habitam. Suas culturas, costumes, religiões, organizações sociais, toda essa
realidade complexa que forma os biomas”, completou o intelectual.
Mudanças climáticas produzem secas, inundações,
insegurança alimentar e aumento da incidência de doenças tropicais, afetando
mais intensamente as pessoas e regiões que contribuíram menos para agravar a
situação que enfrentam hoje. A crise climática é o resultado da queima de
combustíveis fósseis e a exploração irracional dos recursos naturais, realizada
principalmente pelos países mais ricos do Norte.
Na América Latina os efeitos mais evidentes das
mudanças climáticas podem ser visto em inundações devastadoras e sem precedentes
em sua magnitude, o que demonstra a necessidade urgente de uma mudança de
modelo econômico. Atualmente, as regiões mais afetadas pelas cheias na
Argentina são Comodoro Rivadavia (Chubut), La Pampa, Tucumán, Catamarca,
Província de Buenos Aires, San Luis e Córdoba.
“A humanidade precisa de uma grande mudança de
consciência. Estamos em um momento que representa um dilema planetário: ou
mudamos nossos ritmos e modos de produção e consumo, nosso modo de habitar o
planeta, ou vamos ao encontro do pior”, frisou Leonardo Boff. O intelectual
sintetizou todas estas questões em seu novo livro “Sustentabilidade: a urgência
ante o grito da Terra”, lançado na quarta-feira (10) na Feira do Livro de
Buenos Aires.
“As contribuições de Boff para o pensamento
latino-americano têm profundo valor e ficamos honrados de acompanhá-lo em sua
dissertação. Sua grande figura e visão representam um norte para os movimentos
sociais e ambientais nos países latino-americanos, seguindo as mensagens do
Papa Francisco”, afirmou Juan Pablo Olsson, Coordenador de Campanhas Climáticas
da 350.org Argentina.
Por sua vez, Adolfo Perez Esquivel declarou
recentemente o seu apoio à campanha global para o desinvestimento em
combustíveis fósseis. Para ele, a questão da crise climática está fortemente ligada
com a justiça social, uma vez que centenas de pessoas ao redor do mundo são
forçadas a deixar suas casas todos os dias por causa de eventos climáticos
extremos.
A Mobilização Global pelo Desinvestimento está
sendo realizada em seis continentes e visa retirar da indústria fóssil a
licença para poluir, reafirmando a necessidade de uma transição para as
energias renováveis.
Para saber mais, visite a página da Mobilização
Global pelo Desinvestimento.
Informe da COESUS/Não Fracking Brasil,
in EcoDebate,
ISSN 2446-9394, 15/05/2017
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Fonte: ENVOLVERDE
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