Os
cinturões que sustentam a floresta.
Estudo de brasileiros e alemães revela que manter a
diversidade vegetal na Amazônia ajuda a conter o ciclo vicioso causado pelo
desmatamento e pela diminuição das chuvas.
Por Luciana Vicária, do OC –
Um grupo de pesquisadores de universidades e
centros de pesquisa brasileiros e alemães divulgou nesta segunda-feira (13) um
estudo que revela o potencial de cinturões de mata preservada, ricos em
biodiversidade vegetal, na sobrevivência do bioma amazônico. De acordo com os
cientistas, a variedade de espécies ajuda a conter o ciclo vicioso causado pela
exploração de madeira e a diminuição das chuvas na Amazônia – fatores que se
retroalimentam e ameaçam a sobrevivência da floresta. O estudo foi publicado
pela revista científica Nature Communications.
Os cinturões são poderosos porque têm uma variedade
maior de espécies e, consequentemente, uma coleção de plantas que reagem de
maneira diferente ao estresse hídrico, tornando o bioma mais resistente, de
acordo com Gilvan Sampaio, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe),
um dos autores do estudo. “Preservar a diversidade de espécies pode, portanto,
ajudar a conter o ciclo vicioso causado pelo aumento do período de seca ou
estiagem ocasionados pelo desmatamento”, afirma.
Floresta altamente biodiversa e produtiva na
Amazônia. Foto: Claudio Angelo/OC
Para detectar esse comportamento, os pesquisadores
analisaram a complexa rede de fluxos de água da floresta. Eles perceberam que,
ao se reduzir a quantidade de chuvas pela metade, como ocorreu há cerca de 20
mil anos, a floresta foi reduzida em 10%. Em um cenário idêntico de estresse
hídrico, mas que inclui o desmatamento, essa perda foi estimada em 38% de
floresta, o que poderia ameaçar a sobrevivência da floresta.
A floresta produz grande parte da água de que
necessita, evaporando parte de sua umidade, que retorna por meio de chuvas, em
um processo conhecido como reciclagem. “A humanidade está impondo perturbações
maciças na Amazônia, seja na retirada de árvores, seja aquecendo o ar com gases
de efeito estufa, o que impacta o ciclo hidrológico, o transporte de umidade em
grande escala e consequentemente a precipitação”, diz Sampaio.
A Amazônia já sofre os efeitos das mudanças
climáticas. Embora as médias de chuvas não tenham se alterado drasticamente nos
últimos anos, secas prolongadas e chuvas intensas são mais comuns atualmente.
Também o desmatamento causa perturbações no ciclo hidrológico, fazendo com que
chova mais em algumas regiões e menos em outras. Assim, investir na
biodiversidade é uma forma de amenizar os efeitos da retirada florestal, afirma
o pesquisador do Inpe.
Acesse o artigo na íntegra aqui.
Fonte: OBSERVATÓRIO
DO CLIMA
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