Água
invisível: não há produto sem água!
#Envolverde –
No Dia Mundial da Água (22/3), o Instituto
Akatu convida a população a refletir sobre os gastos de água na produção do que
ela consome.
Hoje, vivemos novas condições hídricas. Lugares
com regimes regulares de chuva passaram a ter períodos de estiagem. No Brasil,
as atuais crises hídricas que o Nordeste brasileiro e Brasília (DF) vivem, sem
contar com a de São Paulo em 2015, associadas a campanhas de conscientização,
incentivaram o consumidor a usar a água com mais moderação. Porém, de uma forma
geral, quando se pensa em quanto de água é consumida ao longo do dia, é comum
lembrarmos apenas das ações cotidianas, como tomar banho, preparar a comida,
escovar os dentes, lavar o carro ou as roupas. Em geral, não nos ocorre que
existe também o “gasto invisível”, que é a quantidade de água usada durante a
produção de praticamente tudo o que é consumido. É fundamental ter consciência
sobre esse consumo invisível de água, que é tão ou até mesmo mais importante
quanto os gestos de consumo da água que a gente vê.
Segundo dados da ONU, cada pessoa consome
diariamente de 2 a 5 mil litros de “água invisível” contida nos alimentos. Para
chegar a esses números, os pesquisadores analisam toda a cadeia de produção de
um bem de consumo, com cálculos baseados em padrões que variam conforme os
processos e a região de cada produtor. Por esses cálculos, por exemplo, uma
única maçã, por exemplo, consome 125 litros de água para ser produzida, segundo
a Waterfootprint, rede multidisciplinar de pesquisadores e empresas que estudam
o consumo de água nos processos produtivos.
A pecuária também é responsável por um consumo
alto de água. Para cada quilo de carne bovina, são gastos mais de 15 mil litros
de água. Essa quantidade se refere à água e alimentação utilizadas para o gado
até que ele atinja a maturidade e também a tudo que é gasto no processo do
frigorífico, como limpeza e resfriamento do ambiente.
E a “água invisível” não está presente apenas na
produção de alimentos. De acordo com pesquisa da Mind your Step, produzida pela
Trucost a pedido da Friends of the Earth, entidade de proteção ao meio
ambiente, a produção de um único smartphone consome cerca de 12.760 litros de
água, valor equivalente à quantidade transportada por um caminhão-pipa médio.
Um item básico no guarda-roupa de todo brasileiro
é a calça jeans. Para produzir uma simples unidade são consumidos 10.850 litros
de água durante toda a cadeia de produção – quantidade suficiente para suprir o
consumo de uma residência média no Brasil por mais de três meses. Essa
quantidade contabiliza desde a água gasta na irrigação do algodoeiro, material
usado para fabricar o tecido, até a água da confecção da peça.
“Melhorar os processos de produção para conseguir
usar a água de forma mais eficiente é um dever, e é certamente de interesse,
das empresas. Do ponto de vista empresarial, é preocupante ser dependente desse
recurso que é cada dia mais escasso. E essa preocupação não deve ser só das
empresas. As políticas públicas devem contribuir para evitar desperdícios
hídricos e garantir a preservação dos mananciais. E, além disso, cada pessoa e
cada família pode fazer a sua parte buscando consumir apenas o necessário,
evitando o desperdício desse recurso tão essencial”, afirma Helio Mattar,
diretor-presidente do Instituto Akatu.
Você sabia? Se toda a água da Terra coubesse em
uma garrafa de 1 litro, a água doce disponível equivaleria a pouco mais de uma
gota!
Seguem algumas dicas do Instituto Akatu que podem
evitar o gasto excessivo da “água invisível”:
– Antes de fazer qualquer compra, reflita sobre a
necessidade de adquirir um novo item. Pense se você não pode pegar o item
emprestado, comprar o produto usado, ou fazer uma troca com outra pessoa;
– Promova uma feira de trocas com os amigos e
familiares; inúmeros artigos como roupas, acessórios, bijuterias, livros, entre
outros, podem ser reaproveitados e ganhar uma nova vida nas mãos de outra
pessoa;
– Dê preferência aos itens duráveis mais do que
os descartáveis;
– Faça o uso compartilhado de bens e serviços. Se
possível, alugue-os temporariamente ou combine o uso comunitário, entre várias
pessoas;
– Produtos concentrados, como de higiene ou
limpeza, utilizam menos água em sua produção e transporte; por isso, devem ser
preferidos em relação aos produtos diluídos;
– Dê preferência aos alimentos produzidos
próximos ao local onde você mora e compre aqueles que são da estação, pois isso
fará com que durem mais e não haja desperdício;
– Aproveite cascas, sementes, talos e folhas de
legumes, verduras e frutas. Essas partes que muitas vezes são jogadas fora
desconsiderando que têm nutrientes e podem ser aproveitadas em inúmeras
receitas;
– Diminua o consumo de carne bovina, que exige
muita água em sua produção. Você não precisa eliminá-la de sua dieta, mas pode
consumi-la com menos frequência, substituindo-a por outras fontes de proteína –
e assim diminuir o impacto negativo de sua produção no meio ambiente e, consequentemente,
na vida das pessoas.
Sobre o Instituto Akatu
Criado em 15 de março de 2001, o Instituto Akatu
é uma organização não governamental sem fins lucrativos que trabalha pela
conscientização e mobilização da sociedade para estilos sustentáveis de vida com
consumo consciente e mais bem-estar para todos. As atividades do Instituto
estão focadas na mudança de comportamento do consumidor em duas frentes de
atuação: Educação e Comunicação, com o desenvolvimento de campanhas, conteúdos
e metodologias, pesquisas, jogos e eventos. O Akatu também atua junto a
empresas que buscam caminhos para a nova economia, ajudando a identificar
oportunidades que levem a novos modelos de produção e consumo – modelos que
respeitem o ambiente e o bem-estar, sem deixar de lado a prosperidade.
Fonte: ENVOLVERDE
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