quarta-feira, 29 de março de 2017

Navios do futuro poderão usar energia dos ventos.

O vento, energia que moveu as caravelas no século XVI, poderá ser a solução para um transporte marítimo mais eficiente no século XXI. A novíssima tecnologia de navios movidos a energia eólica será testada nos próximos dois anos pela Norsepower Oy Ltd., em parceria com a Maersk Tankers, o Energy Technologies Institute (ETI) e a Shell Shipping & Maritime.

A Maersk Tankers fornecerá um navio-tanque Long Range 2 (LR2) de 109.647 toneladas de peso-morto (DWT), que será adaptado com duas velas de rotor Norsepower de 30m de altura por 5m de diâmetro. Os cilindros altos e giratórios já foram usados ​​em embarcações menores no passado, mas esta é a primeira vez que alguém tenta colocá-los em um navio tão grande quanto um petroleiro de 245 metros. As velas do rotor serão instaladas durante o primeiro semestre de 2018 e os testes em alto mar devem acontecer em 2019.
Se os dispositivos economizarem tanto combustível como esperado – até 10% em média, em uma rota global típica – a Maersk Tankers poderia usá-los em seus navios maiores, disse Tommy Thomassen, diretor técnico da Maersk Tankers. O interesse justifica-se pela crescente proximidade das novas regras de controle da poluição marítima, que devem entrar em vigor em 2020. Elas exigem o uso de combustível com um teor de enxofre muito menor, que deve ser mais caro do que óleos combustíveis atuais. “Esse é um dos fatores de mercado que tornam este tipo de tecnologia de propulsão eólica muito mais interessante”, explica Tuomas Riski, CEO da Norsepower, empresa finlandesa que constrói as velas de rotor para o petroleiro Maersk. A Norsepower tem estudado várias idéias para cortar o uso de combustível marítimo ao longo dos anos, desde velas movidas a energia solar até pipas para rebocar embarcações.

Os cilindros de 30 metros são uma versão modernizada do rotor desenvolvida há quase um século pelo engenheiro alemão Anton Flettner. Eles aproveitam o vento usando o efeito Magnus, a força física que faz uma bola de tênis se desviar quando acertada com um topspin. Um motor ajusta os cilindros girando e quando o vento sopra, o fluxo de ar acelera em um lado da vela e retarda para baixo no oposto para criar uma diferença de pressão que gera o movimento, propelindo o navio através da água. Quando as condições de vento são favoráveis, os motores principais não são necessários, o que permite uma economia de combustível e redução nas emissões de gases poluentes sem afetar a programação. Mais detalhes técnicos podem ser consultados aqui e aqui.

O Energy Technologies Institute, um grupo de pesquisa financiado pelo governo britânico, responde pela maior parte dos 3,5 milhões de libras que estão sendo investidos no projeto. “As velas de rotor são uma das poucas tecnologias que permitirão melhorias percentuais de dois dígitos na economia de combustíveis marítimos”, explica Andrew Scott, Gerente de Programa de Energia Renovável Marinha e Offshore do Energy Technologies Institute.

Cortar o uso de combustíveis fósseis pode parecer um contra-senso para uma companhia petrolífera como a Royal Dutch Shell. No entanto, sua área de transporte marítimo e negócios marítimos, que está coordenando o projeto, tem 10 petroleiros e cerca de 40 transportadores de gás natural liquefeito. Por isso, a Shell atuará como coordenadora do projeto e prestará consultoria operacional e terminal / portuária à equipe do projeto, enquanto a Maersk Tankers fornecerá insights técnicos e operacionais.


Fonte: ENVOLVERDE

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