Navios do futuro poderão usar energia dos ventos.
O vento, energia que moveu as caravelas no século
XVI, poderá ser a solução para um transporte marítimo mais eficiente no século
XXI. A novíssima tecnologia de navios movidos a energia eólica será testada nos
próximos dois anos pela Norsepower Oy Ltd., em parceria com a Maersk Tankers, o
Energy Technologies Institute (ETI) e a Shell Shipping & Maritime.
A Maersk Tankers fornecerá um navio-tanque Long
Range 2 (LR2) de 109.647 toneladas de peso-morto (DWT), que será adaptado com
duas velas de rotor Norsepower de 30m de altura por 5m de diâmetro. Os
cilindros altos e giratórios já foram usados em embarcações menores no
passado, mas esta é a primeira vez que alguém tenta colocá-los em um navio tão
grande quanto um petroleiro de 245 metros. As velas do rotor serão instaladas
durante o primeiro semestre de 2018 e os testes em alto mar devem acontecer em
2019.
Se os dispositivos economizarem tanto combustível
como esperado – até 10% em média, em uma rota global típica – a Maersk Tankers
poderia usá-los em seus navios maiores, disse Tommy Thomassen, diretor técnico
da Maersk Tankers. O interesse justifica-se pela crescente proximidade das
novas regras de controle da poluição marítima, que devem entrar em vigor em
2020. Elas exigem o uso de combustível com um teor de enxofre muito menor, que
deve ser mais caro do que óleos combustíveis atuais. “Esse é um dos fatores de
mercado que tornam este tipo de tecnologia de propulsão eólica muito mais
interessante”, explica Tuomas Riski, CEO da Norsepower, empresa finlandesa que
constrói as velas de rotor para o petroleiro Maersk. A Norsepower tem estudado
várias idéias para cortar o uso de combustível marítimo ao longo dos anos,
desde velas movidas a energia solar até pipas para rebocar embarcações.
Os cilindros de 30 metros são uma versão
modernizada do rotor desenvolvida há quase um século pelo engenheiro alemão
Anton Flettner. Eles aproveitam o vento usando o efeito Magnus, a força física
que faz uma bola de tênis se desviar quando acertada com um topspin. Um motor
ajusta os cilindros girando e quando o vento sopra, o fluxo de ar acelera em um
lado da vela e retarda para baixo no oposto para criar uma diferença de pressão
que gera o movimento, propelindo o navio através da água. Quando as condições
de vento são favoráveis, os motores principais não são necessários, o que
permite uma economia de combustível e redução nas emissões de gases poluentes
sem afetar a programação. Mais detalhes técnicos podem ser consultados aqui e
aqui.
O Energy Technologies Institute, um grupo de
pesquisa financiado pelo governo britânico, responde pela maior parte dos 3,5
milhões de libras que estão sendo investidos no projeto. “As velas de rotor são
uma das poucas tecnologias que permitirão melhorias percentuais de dois dígitos
na economia de combustíveis marítimos”, explica Andrew Scott, Gerente de
Programa de Energia Renovável Marinha e Offshore do Energy Technologies
Institute.
Cortar o uso de combustíveis fósseis pode parecer
um contra-senso para uma companhia petrolífera como a Royal Dutch Shell. No
entanto, sua área de transporte marítimo e negócios marítimos, que está
coordenando o projeto, tem 10 petroleiros e cerca de 40 transportadores de gás
natural liquefeito. Por isso, a Shell atuará como coordenadora do projeto e
prestará consultoria operacional e terminal / portuária à equipe do projeto,
enquanto a Maersk Tankers fornecerá insights técnicos e operacionais.
Fonte: ENVOLVERDE
Nenhum comentário:
Postar um comentário