Negócios
sustentáveis podem gerar pelo menos US$ 12 trilhões.
Novo relatório mostra que a próxima década será
crucial para as empresas abrirem 60 grandes oportunidades em mercados-chave,
enfrentarem desafios sociais e ambientais, e reconquistarem a confiança da
sociedade.
Por Redação da Envolverde*
Londres (16 de janeiro de 2017) — Mais de 35 CEOs e
líderes da sociedade civil da Business & Sustainable Development Commission
(Comissão de Desenvolvimento Sustentável e Empresarial) revelaram hoje que os
modelos de negócios sustentáveis poderiam abrir oportunidades econômicas no
valor de pelo menos US$ 12 trilhões e gerar até 380 milhões de empregos por ano
até 2030.
Colocar as Metas de Desenvolvimento Sustentável, ou Metas Globais, no
centro da estratégia econômica mundial, poderia desencadear uma mudança radical
no crescimento e na produtividade, com um boom de investimento em
infraestrutura sustentável como um fator crítico. No entanto, isso não
acontecerá sem uma mudança significativa na comunidade empresarial e de
investimento. É necessária uma verdadeira liderança para que o setor privado se
torne um parceiro confiável no trabalho com governos e com a sociedade civil
para consertar a economia.
Em seu principal relatório, Better Business, Better
World, a comissão reconhece que, embora nas últimas décadas centenas de milhões
de pessoas tenham sido retiradas da pobreza, houve também um crescimento
desigual, mais insegurança no campo do emprego e um endividamento cada vez
maior. Esses fatores alimentaram uma reação antiglobalização em muitos países,
com interesses empresariais e financeiros considerados centrais para o
problema, minando o crescimento econômico de longo prazo que o mundo precisa. A
Comissão passou o último ano analisando uma questão central: “O que será
necessário para que as empresas sejam fundamentais para criar uma economia de
mercado sustentável, que possa ajudar a atingir os Objetivos Globais?”. O
Better Business, Better World, programado para ser lançado junto o Fórum
Econômico Mundial, em Davos, e a posse presidencial nos Estados Unidos, mostra
como.
“Este relatório é um apelo à ação para líderes
empresariais. Nós estamos no limite e não mudar resultará em mais oposição
política e em uma economia que simplesmente não funciona para um número
suficiente de pessoas. Temos que mudar para um modelo de negócio que funcione
para um novo tipo de crescimento inclusivo”, afirma Mark Malloch-Brown,
presidente da Business & Sustainable Development Commission. “O Better
Business, Better World mostra que existe um incentivo convincente para que o
mundo não seja apenas bom para o meio ambiente e para a sociedade, mas que ele
faça sentido em termos de negócios também”, complementa.
No centro da discussão da Comissão estão os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ou Objetivos Globais) – 17 objetivos
para eliminar a pobreza, melhorar educação e saúde, criar melhores empregos e
enfrentar os principais desafios ambientais até 2030. A Comissão acredita que
os Objetivos Globais oferecem ao setor privado uma nova estratégia de
crescimento que abre oportunidades de mercado valiosas ao criar um mundo que
seja sustentável e inclusivo. E as possíveis recompensas para fazer isso são
significativas.
O relatório revela que 60 grandes oportunidades em
mercados sustentáveis e inclusivos em apenas quatro áreas econômicas
importantes poderiam gerar pelo menos US$ 12 trilhões, valor acima de 10% do
PIB atual. A discriminação das quatro áreas e seus valores potenciais são:
energia, com US$ 4,3 trilhões; cidades: com US$ 3,7 trilhões; alimentos e
agricultura, com US$ 2,3 trilhões; e saúde e bem-estar, com US$ 1,8 trilhão.
Foto: Shutterstock
Essas grandes oportunidades dos Objetivos Globais
identificadas no relatório têm o potencial de crescer 2 a 3 vezes mais
rapidamente do que o PIB médio nos próximos 10 a 15 anos. Além dos US$ 12
trilhões estimados diretamente, a análise conservadora mostra potencial para
mais US$ 8 trilhões de criação de valor em toda a economia se as empresas
incorporarem os Objetivos Globais a suas estratégias. O relatório também mostra
que, se o custo das externalidades (impactos negativos das atividades de
negócios, como emissões de carbono ou poluição) for levado em conta, o valor
global das oportunidades aumenta em quase 40%.
“Em um momento em que nosso modelo econômico está
desafiando os limites de nossas fronteiras planetárias e condenando muitos a um
futuro sem esperança, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável nos oferecem
uma saída”, diz Paul Polman, CEO da Unilever, e membro da comissão. “Muitos
estão agora percebendo as enormes oportunidades que existem para empresas
esclarecidas e dispostas a enfrentar estes desafios urgentes. Mas cada dia que
passa é mais uma oportunidade perdida para a ação. Devemos reagir de forma
rápida, decisiva e coletiva para garantir um mundo mais justo e próspero para
todos”, afirma Polman.
Embora as oportunidades sejam convincentes, a
Business & Sustainable Development Commission deixa claro que duas
condições críticas devem ser atendidas para criar esses novos mercados.
Primeiro, será necessário um financiamento inovador de fontes públicas e
privadas para liberar os US$ 2,4 trilhões necessários anualmente para alcançar
os Objetivos Globais.
“Como gestores de capital de longo prazo, a
indústria de investimentos e seus clientes podem apoiar a realização dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, criando métricas de sustentabilidade
simples e padronizadas, integrantes do processo de investimento”, explica
Hendrik du Toit, CEO da Investec Asset Management e membro da Comissão. “Também
precisamos de novas parcerias otimizadas com governos e comunidades que possam
reduzir os riscos para todos e trazer mais investimento privado a um custo mais
baixo para o desenvolvimento de infraestrutura sustentável”, complementa o CEO.
Ao mesmo tempo, a Comissão acredita que um “novo
contrato social” entre empresas, governo e sociedade é essencial para definir o
papel das empresas em uma nova economia mais justa. O Edelman Trust Barometer
2017, recentemente lançado, reforça esta ideia. Ele mostra que, embora a
credibilidade do CEO esteja em forte queda, 75% dos entrevistados da população
em geral concordam que “uma empresa pode adotar ações específicas que aumentam
os lucros e melhoram as condições econômicas e sociais na comunidade onde ela
opera”. Elas podem fazer isso de formas que se alinham com as recomendações e
ações descritas no Better Business, Better World: reconquistar a confiança
criando empregos dignos, recompensando os trabalhadores de forma justa,
investindo na comunidade local e pagando uma parcela justa de impostos.
“A promessa dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável e do Acordo Climático de Paris é um mundo livre de carbono e com
pobreza zero. Para alcançar esses Objetivos Globais, precisamos recuperar
confiança. Um novo contrato social para as empresas onde as pessoas, seu meio
ambiente e desenvolvimento econômico sejam reequilibrados pode garantir que
todos os filhos e filhas sejam respeitados com liberdade, salário mínimo
adequado, acordos coletivos e trabalho seguro garantido.
Somente um novo modelo
de negócios baseado em antigos princípios de direitos humanos e justiça social
irá apoiar um futuro sustentável”, explica Sharan Burrow, Secretária-Geral da
International Trade Union Confederation e também integrante da Comissão.
Ao longo de 2017, a Comissão focará seus esforços
em trabalhar com as empresas para reforçar o alinhamento delas com os Objetivos
Globais, incluindo: orientar a próxima geração de líderes de desenvolvimento
sustentável; criar roteiros setoriais e tabelas que classifiquem o desempenho
corporativo em relação aos Objetivos Globais; e apoiar medidas para a liberação
de financiamentos que viabilizem investimentos em infraestruturas sustentáveis.
“Precisamos mostrar que essas ideias funcionam não apenas em um relatório, mas
na linha de frente dos negócios”, ressalta a Dra. Amy Jadesimi, CEO da LADOL,
uma empresa nigeriana de desenvolvimento de infraestrutura e logística, e membra
da Comissão.
“Os Objetivos Globais fornecem um modelo de
crescimento sustentável e lucrativo para as empresas e têm o potencial de
desencadear uma nova ‘corrida competitiva para o topo’. Quanto mais rápido os
CEOs e conselhos fizerem dos Objetivos Globais seus objetivos de negócios,
melhor será para o mundo e suas empresas”, finaliza Jeremy Oppenheim, diretor
de Programa da Comissão.
Sobre a Business & Sustainable Development
Commission
A Business & Sustainable Development Commission
(Comissão de Desenvolvimento Sustentável e Empresarial) foi lançada no Fórum
Econômico Mundial, em Davos, em janeiro de 2016. A iniciativa reúne líderes de
empresas, finanças, sociedade civil, organizações trabalhistas e internacionais
com o duplo objetivo de identificar o retorno econômico que poderia estar
disponível para as empresas se os Objetivos Globais forem atingidos, e
descrever como elas podem contribuir para alcançá-los. Para acessar o
relatório, visite report.businesscommission.org. Os eventos de
lançamento do Better Business, Better World serão realizados durante a semana
de 16 de janeiro, primeiro no Philanthropreneurship Forum em Viena, depois no
Fórum Econômico Mundial, em Davos. Eventos regionais também estão programados.
Para saber mais, visite www.businesscommission.org.
Para ler o relatório completo visite report.businesscommission.org.
Twitter: twitter.com/BizCommission
* Com informações da
Business & Sustainable Development Commission.
Fonte: ENVOLVERDE
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