Energia
Limpa cresce no Brasil.
Grupo BYD, de Campinas. Foto: Divulgação
Por Júlio Ottoboni*
Setor chama a atenção de parceiros
internacionais.
Os investidores e empresas do setor de energia
limpa estão vasculhando os centros de excelência tecnológica no interior de São
Paulo em busca de condições de produção de painéis e equipamentos voltados para
energia solar. Um eixo tecnológico está se construindo nesta busca e envolvem
as regiões de São José dos Campos, Campinas, São Carlos e Sorocaba. Esse
quadrilátero tem sido o preferido dos investidores estrangeiros.
Sorocaba acaba de anunciar a inauguração da fábrica
painéis solares da Canadian Solar . A previsão é que a indústria gere 600
empregos diretos e indiretos na cidade. A empresa tem um portfólio de 390 MWp
de projetos solares no Brasil, que entrarão em operação comercial em 2017 e
2018.
Grupo BYD, de capital chinês, promoverá
investimentos de R$ 150 milhões para instalação da primeira fábrica de painéis
solares fotovoltaicos no Brasil. A meta da empresa é produzir 400 MW de painéis
solares por ano. o grupo chinês aportou R$ 100 milhões na instalação de uma fábrica
de ônibus elétricos em Campinas (SP), local que abrigará a fábrica e um centro
de pesquisas. Até o final de 2017, o Grupo BYD pretende investir R$ 1 bilhão no
Brasil.
Valinhos, também na região de Campinas, tem desde
2015 a primeira fábrica brasileira de painéis de energia solar feitos em larga
escala. A empresa Globo Brasil visa atender a demanda que virá com a
construção de usinas solares no país. No ano passado, quase 1 giga watt de
energia solar foi contratado para ser injetado na matriz energética brasileira
a partir de 2017.
Vice ministro Itália. Foto: Júlio Ottoboni
O vice-ministro de desenvolvimento econômico da
Itália, Ivan Scalfarotto, esteve recentemente em missão comercial e diplomática
no Brasil, quando reafirmou o interesse de seu país investir pesadamente em
tecnologia de ponta e na área acadêmica em solo brasileiro. A energia limpa e
renovável, assim como o desenvolvimento tecnocientífico italiano, serão os
grandes diferenciais para esse processo.
“Temos uma tecnologia avançada e muitos estudos na
área de energias limpas e sustentáveis que podem ajudar muito ao Brasil e a
nossa aproximação comercial”, destacou o vice-ministro em sua visita ao Parque
Tecnológico de São José dos Campos, que pode abrigar um centro de pesquisas
ítalo-brasileiro neste segmento.
O principal atrativo para investimentos
estrangeiros vem dos próprios números gerados pelo Brasil. A energia eólica
brasileira atingiu recentemente a marca de 9 gigawatts (GW) de potência
instalada na matriz elétrica nacional, o que equivale a quase uma Belo Monte,
segundo dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) divulgados
em fevereiro de 2016. E a tendência é crescer mesmo diante da crise econômica,
pois os resultados apresentaram a constituição de mais de 40 mil postos de
trabalho e investimentos superiores a R$ 15 bilhões por ano, nos últimos 2
anos.
Pelas perspectivas do setor, mais 10 GW de potência
de energia eólica deverão ser instalados nos próximos quatro anos, alçando a
fonte renovável a nada menos do que 10% do total da matriz elétrica nacional.
Em energia solar, a quantidade de instalações de
sistemas fotovoltaicos conectados no país triplicou de 2014 para 2015. Somente
no período de outubro a dezembro de 2015, a quantidade de micro e mini
geradores Fotovoltaicos aumentou 64%.
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
(CCEE) anunciou que a geração de energia eólica no Sistema Interligado
Nacional (SIN) cresceu 52,7% de janeiro a outubro de 2016 se comparado ao mesmo
período do ano passado, saltando de 2.343 MW médios para 3.577 MW médios.
Globo Brasil de Valinhos. Foto: Divulgação
A análise sobre a expansão da energia limpa no país
faz parte do estudo “O Mercado Brasileiro de Geração Distribuída Fotovoltaica –
2016”, desenvolvido pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio
de Janeiro (AHK-RJ) e pelo Instituto para o Desenvolvimento de Energias
Alternativas na América Latina (Instituto IDEAL). O documento foi
recentemente divulgado.
Segundo as avaliações, as maiores taxas de
crescimento desse sistema de geração de energia verde foram registradas nos
estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. O estudo constatou
ainda que o número de empresas cadastradas no programa “América do Sol”, que
dissemina a energia solar fotovoltaica, tem dobrado a cada ano e o número de
funcionários do setor acompanha a tendência.
O documento surgiu a partir de questionários
respondidos por mais de 300 empresas brasileiras do setor. O estudo pioneiro no
Brasil apresenta o desenvolvimento do mercado e identifica os desafios no processo
de conexão à rede de micro e mini geradores fotovoltaicos, no âmbito da RN
482/2012 da ANEEL.
A energia eólica no Brasil também tem chamado
atenção de grandes investidores. O país passou a ser o 8º maior produtor do
mundo. São 400 parques eólicos em funcionamento com mais de 5,2 mil aero
geradores em operação, sendo 15 parques já construídos aguardam ligação com a
rede. A capacidade instalada de quase 10 gigawatts (GW) o que representa
6% da matriz energética brasileira.
A energia vinda do vento abastece 45 milhões de
brasileiros. Em 2015, esse tipo de geração energética abasteceu a cada
mês o equivalente ao consumo residencial de toda Região Sul do país e gerou 41
mil postos de trabalho. A expectativa do setor é que a capacidade instalada da
energia eólica chegue a 18.8 GW em 2019 com uma taxa anual de crescimento de
20%. Como comparação, vale lembrar que a Usina Hidrelétrica de Itaipu tem 14 GW
de capacidade instalada.
Em 2015 o crescimento do setor foi de 46%, o maior
índice registrado no período em todo o mundo.
Pelos levantamentos, desde 1998
foram investidos R$ 60 bilhões em energia eólica no Brasil. No dia 31 de julho
de 2016, às 9h, a região Nordeste quebrou um novo recorde. Naquele momento, 76%
da energia consumida na região foram gerados a partir do vento.
No mundo a energia eólica tem também seu salto de
crescimento. Eram produzidos do total da energia mundial, 22% vieram da
força dos ventos em 2015, principalmente na China, Estados Unidos e Alemanha.
Em 2016 esses números ainda não foram atualizados. O setor eólico
respondeu por quase metade de todo o crescimento da oferta de energia no mundo
em 2015.
A energia oriunda do vento responde por 4% da
energia do planeta. Esse percentual alcançará entre 6% a 8% em 2020, 18% a 20%
em 2030 até chegar a 1/3 de toda a energia produzida no mundo em 2050,
caso o Acordo do Clima firmado em Paris seja cumprido.
Fonte: ENVOLVERDE
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