REDD+
Integrado propõe ampliação de modelos financeiros para viabilizar as metas do
clima.
Autor Sucena Shkrada Resk -
14/06/2017
A Aliança REDD+ Brasil lançou recentemente o artigo
“REDD+
Integrado: modelo financeiro para viabilizar as Metas de Paris”,
estabelecidas durante a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações
Unidas para a Mudança do Clima (COP-21), de 2015.
A Aliança
é formada por diferentes organizações socioambientais e empresas:
– BVRio (Bolsa de Valores Ambientais do Rio de Janeiro);
– Biofílica Investimentos Ambientais;
– Environmental Defense Fund (EDF);
– Fundação Amazonas Sustentável (FAS);
– Instituto Centro de Vida (ICV);
– Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam);
– Instituto de Pesquisas da Amazônia (IPAM);
– Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
– BVRio (Bolsa de Valores Ambientais do Rio de Janeiro);
– Biofílica Investimentos Ambientais;
– Environmental Defense Fund (EDF);
– Fundação Amazonas Sustentável (FAS);
– Instituto Centro de Vida (ICV);
– Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam);
– Instituto de Pesquisas da Amazônia (IPAM);
– Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Além dessas organizações que compõem a Aliança,
também apoiaram a proposta desse artigo o Fórum Nacional dos Secretários de
Meio Ambiente da Amazônia Legal e a Companhia de Desenvolvimento de Serviços
Ambientais do Estado do Acre (CDSA).
Retrospectiva
Após sete anos de rodadas de negociação, o mecanismo internacional do REDD+ foi oficialmente adotado em novembro de 2013, durante a COP-19, de Varsóvia, Polônia, para recompensar financeiramente países em desenvolvimento por seus resultados de redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs) provenientes do desmatamento e da degradação florestal.As atividades reconhecidas como REDD+ são as que promovem a redução de emissões do desmatamento e degradação florestal, a conservação de estoques de carbono florestal, o manejo sustentável de florestas e aumento de estoques de carbono florestal (+). Os pagamentos são realizados de acordo com o volume de redução que a atividade promoveu (resultados de mitigação ou redução de danos), medidos em toneladas de CO2 equivalente, em relação a um nível de referência previamente definido e avaliado pela convenção.
O artigo propõe a inclusão do REDD+ em mercados
complementares (por meio da venda de créditos de carbono) integrado de forma
equilibrada com atividades não-florestais, como de agricultura de baixo
carbono, de transporte e energias renováveis e promoção de incentivos para
serviços ambientais. Essa ampliação seria uma alternativa para reverter o
cenário atual no país de baixa disponibilidade de recursos para o fomento de
atividades que promovam a conservação de florestas e o atingimento das metas
estabelecidas pelo Brasil, chamadas de NDC.
Até agora, no Brasil, a captação de recursos para
REDD+ foi limitada ao escopo do Fundo Amazônia (sob gestão do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES), ou seja, cerca de R$ 8 bilhões,
que correspondem a apenas 6% do potencial de recursos que poderiam ter sido
obtidos levando-se em conta as contribuições que o país já deu com a redução do
desmatamento da Amazônia. A maior parte das doações ao Fundo são provenientes
do governo norueguês e alemão, além da Petrobras.
A redução do desmatamento na Amazônia, de acordo
com o documento, entre 2006 e 2015, evitou a emissão de mais de 4 bilhões de
toneladas de CO2e4 e gerou a maior contribuição já realizada por um país em
termos de redução de emissões de gases do efeito estufa (GEEs). Mas um processo
inverso vem sendo observado nos anos seguintes. O desmatamento teve aumento de
24% em 2015 e 29% em 2016 em relação a 2014. Este é um sinal de alerta.
Paula Bernasconi, especialista em Gestão Ambiental
do ICV, que é uma das autoras do artigo com a diretora-adjunta da organização,
Alice Thuault, explica que o REDD+ Integrado estabelece propostas de mecanismo
financeiro para tornar compatível a entrada dos créditos de REDD+ sem que “inunde”
o mercado de créditos e desvalorize os créditos de outras fontes (como de
reflorestamento, usinas etc.).
No documento, é exposta a preocupação para que este
mecanismo não venha a competir com outros setores da economia (como
agropecuário e plantações florestais) em países com grandes extensões de
florestas nativas e políticas de conservação em implantação, como o Brasil.
Como pode sair do papel? É uma questão de ordem
política, esclarece Paula, ao expor que há a necessidade de o governo brasileiro
apoiar a participação do REDD+ em mercados, no acordo de Paris, além de
incorporar o conceito na estratégia de implementação da Política Nacional de
Mudanças do Clima.
“ Em novembro próximo, na 23ª COP do Clima, em
Bonn, Alemanha, voltarão a se reunir os signatários do Acordo celebrado em
Paris. Agora, com o objetivo de encaminhar as normas que embasarão as políticas
públicas climáticas e os projetos de mitigação elegíveis a financiamento
internacional. Um dos desafios do Brasil é sair do isolamento (junto com a
Bolívia) em que se colocou ao rejeitar o REDD+ como um dos mecanismos elegíveis
ao Mecanismo de Desenvolvimento Sustentável (MDS)”, diz. Este mecanismo exige
que os países assumam metas absolutas de redução de emissão, ou seja, um
número exato de quanto irão cortar em carbono e inclui possibilidade de
incentivos e regras também ao setor privado.
Ao mesmo tempo, outros atores são estratégicos para
fortalecer a proposta do REDD+ Integrado, segundo ela. Entre eles, os
Ministérios do Meio Ambiente (MMA), Agricultura e Pecuária (MAPA), Relações
Exteriores (MRE), o Congresso, outras ONGs e empresas que possam usar os
créditos em um futuro mercado brasileiro, segundo a especialista em gestão
ambiental.
Contexto internacional
Vale lembrar que na COP-21, mais de 190 países
participantes se comprometeram a manter ações voluntárias para atingir o
aumento da temperatura média global menor do que 2º C e se possível, limitada a
1,5º C. O Brasil se comprometeu a reduzir em 37% as emissões até 2025, com indicativo
de chegar a 43% em 2030, na comparação com os níveis registrados em 2005, e
atingir o desmatamento ilegal zero na Amazônia e reflorestar 12 milhões de
hectares até 2030. Esta decisão foi ratificada no final de 2016 e em junho
desse ano foi regulamentada, ou seja, agora o Acordo de Paris tem força de lei
no Brasil. O REDD+ é um instrumento com grande potencial para essas metas serem
alcançadas.
O alcance dessas metas no Brasil e no mundo é
fundamental para conter as mudanças climáticas e seus efeitos. Dentre
eles,estão:
– Aumento da frequência e intensidade de
eventos extremos e catástrofes climáticas como enchentes, tempestades,
furações, secas, aumento do nível do mar;
– Alteração do regime de chuvas que pode afetar vários serviços de infraestrutura;
– Alteração do calendário agrícola, que pode promover quebra de safras, prejuízos para irrigação, maior incidência de pragas, provocando êxodo rural em regiões de semiárido;
– E aumento de incidência de doenças tropicais como dengue e malária, entre outros efeitos.
– Alteração do regime de chuvas que pode afetar vários serviços de infraestrutura;
– Alteração do calendário agrícola, que pode promover quebra de safras, prejuízos para irrigação, maior incidência de pragas, provocando êxodo rural em regiões de semiárido;
– E aumento de incidência de doenças tropicais como dengue e malária, entre outros efeitos.
O artigo pode ser consultado também diretamente na
página do REDD+,
da ONU.
Fonte: ICV
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