Amazônia
e a Economia Social de Mercado.
Dal Marcondes, especial para a
Envolverde, direto de Alter do Chão –
A organização social Saúde e Alegria, que atua na
região de Santarém, no Pará, e a Fundação Konrad Adenauer, instituição alemã
que leva o nome do primeiro governante alemão do pós guerra, reuniram
especialistas e lideranças comunitárias no balneário de Alter do Chão, para
dialogar sobre como o modelo da Economia Social de Mercado pode ser a base para
o desenvolvimento sustentável da Amazônia. O evento, de trouxe ao Brasil o
economista Markus Marktanner, que leciona nos Estados Unidos. Na conversa com
executivos de empresase lideranças locais, Marktanner defendeu a necessidade de
empoderamento das populações locais na busca de soluções para seus problemas.
Pela lógica da Economia Social de Mercado a
primeira linha de trabalho para a solução de problemas deve ser formada pela
população diretamente impactada e seu poder local. As instâncias acima devem
ser acionadas apenas quando os locais não tem a capacidade de solucionar
sozinhos o problema. Mas não se deve atuar, segundo o economista, com
paternalismo. Apesar de ser chamado por seus colegas norte-americanos de “socialista
europeu”, Marktanner se considera conservador e defende que o mercado é um bom
mecanismo para gerar desenvolvimento. Mas, ao contrário dos neoliberais, não
acredita na capacidade equitativa do mercado, porque há discrepâncias em
oportunidades que precisam ser trabalhadas através de mecanismos de políticas
públicas.
“O mercado apenas funciona se todos os tores
tiverem igualdade de oportunidades”, explica. No entanto isso não é uma
realidade recorrente em países periféricos e certamente não é na Amazônia.
Durante o seminário ficou claro que uma das questões de fundo para o
desenvolvimento de modelos de negócios para a Amazônia é a harmonização de um
projeto econômico capaz de reduzir a dependência em relação ao Estado central e
apoiar as comunidades a se apropriar de seus valores e riquezas.
Esse trabalho de suporte dados as comunidades
para levar tecnologia e visão de negócios tem sido feito por organizações
sócias, como o Saúde e Alegria, o Imaflora, o ISA e muitas outras que se
desdobram para garantir empoderamento na disputa por direitos, como o acesso à
água, à saúde e à educação, e, para além disso, a garanti de acesso qualificado
a mercado para seus produtps.
Caetano Scannavino, diretor do Saúde e Alegria,
explica que a ação das organizações em rede é um fator de alavancagem do
desenvolvimento regional e um dos fatores de apoio das comunidades para o
enfrentamento de forças muito desiguais. “As comunidades não têm como fazer o
enfrentamento de decisões de Brasília para a construção de 90 hidrelétricas na
bacia do rio Tapajós”, alerta. Por isso a construção de espaços para dar voz às
comunidades é estruturante. O ativista é um crítico do processo que está
criminalizando políticos em todo o país, no entanto não parte para uma revisão
daquilo que foi “vendido” por esses políticos, através de leis ou medidas
provisórias que abriram as portas para ações de degradação em todo o país, mas
especialmente na Amazônia. “Desde a aprovação do Código Florestal estamos vendo
empresas e setores da economia pagando por leis que os beneficiam e atropelam
as comunidades regionais, desde comunidades e indígenas até cidades de médio
porte”, explica citando o caso de Belo Monte, que impactou de forma desastrosa
a cidade de Altamira.
A construção de um processo econômico social e de
mercado, deve partir de estruturas locais, com o empoderamento da comunidade,.
um exemplo é dado pelo médico Eugênio Escannavino, também diretor e fundados do
Saúde e Alegria, a construção do empoderamento local começa em ações muito
básicas. “Anos atrás a maior parte das comunidades na Flona do Tapajós vivia
surtos de doenças de veiculação hídrica, quando conseguimos uma ação
comunitária que resolveu isso, através de educação e saneamento, as pessoas
ganharam tempo para cuidar de seus plantios e melhorar a segurança alimentar,
superada essa fase sobrou tempo para cuidar de coisas mais complexas”, explica.
A partir da melhoria de acesso a direitos
fundamentais que já estão garantidos nas cidades ao Sul da Amazônia, as pessoas
passam a ter tempo e disposição para se organizarem para o empoderamento que
permita uma relação mais horizontal com o poder público e com as empresas com
interesses na região.
Fonte: ENVOLVERDE
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