Novo
satélite buscará planetas similares à Terra.
Jornal da USP
Satélite com telescópios irá procurar variações no brilho de estrelas
durante passagem de planetas em suas órbitas.
Descobrir
planetas fora do sistema solar é o objetivo da missão Trânsito Planetário e
Oscilação de Estrelas (Plato), anunciada pela Agência Espacial Europeia (ESA)
no último dia 19 de junho. A busca será feita por um satélite equipado com um
conjunto de telescópios, que irá procurar variações na intensidade do brilho de
estrelas causadas pela passagem de planetas em suas órbitas. No Brasil, o
programa é coordenado pelo professor Eduardo Janot Pacheco, do Instituto de
Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP. O lançamento do
satélite está previsto para 2026.
“O Plato buscará por exoplanetas, isto
é, planetas fora do sistema solar, pelo método dos trânsitos, mas o fará com
muito mais precisão que os experimentos anteriores desse tipo, como os
satélites Most e CoRoT, e a sonda espacial Kepler”, explica Pacheco. “A busca
será feita por um satélite com um conjunto de cerca de 30 telescópios – o
CoRoT, por exemplo, tinha apenas um telescópio – o que permitirá obter imagens
mais precisas das estrelas e detectar variações de luz”.
Uma das
montagens possíveis do satélite PLATO. Pode-se ver os cerca de 30 telescópios
que observarão simultaneamente as estrelas, na busca por planetas de tipo
terrestre – Imagem: Divulgação / ESA
A missão irá monitorar aproximadamente
um milhão de estrelas. O método dos trânsitos consiste em procurar pequenas
variações regulares de intensidade em seu brilho que seriam causadas pela
passagem de planetas em suas órbitas (eclipses). “A busca terá ênfase em
planetas do tipo terrestre, ou seja, planetas rochosos como a Terra, onde há
possibilidade da existência de vida”, conta o professor, “orbitando estrelas
semelhantes ao Sol, em sua zona habitável, isto é, em distâncias da estrela que
possibilitem a existência de água líquida na superfície do planeta”.
O projeto também será capaz de detectar
atividades sísmicas em algumas dessas estrelas (sismologia estelar), que
servirão para determinar suas massas, tamanhos e idades. Essas informações
ajudarão a compreender melhor cada sistema planetário.
Contribuições
Diversos centros de pesquisa brasileiros
já colaboram com a missão Plato, com contribuições científicas e de engenharia
(software e hardware). “Com isso, teremos acesso aos dados do satélite, num
regime de compartilhamento com os outros países que fazem parte do projeto”,
afirmou Janot.
“Na parte de engenharia, pesquisadores
brasileiros desenvolvem o software de controle do satélite. Um grupo do
Instituto Mauá de Tecnologia, em São Caetano do Sul (Grande São Paulo),
constrói uma réplica dos componentes que fazem a leitura das imagens captadas
para os telescópios, de forma a poder de resolver problemas de funcionamento em
terra quando o satélite estiver em órbita”.
Na área científica, os cientistas de
diversas instituições do Brasil participam das comissões responsáveis pelas
previsões e observações preliminares do Plato, e com o lançamento do satélite,
das observações em solo que complementarão a observação no espaço. “O IAG
pesquisa os exoplanetas e sua habitabilidade”, diz Janot. “Além disso, também
são feitos estudos de sismologia estelar [estudo da estrutura interna de
estrelas pulsantes], fundamentais para determinar o tamanho das estrelas, e dos
planetas que orbitam em torno delas. Os planetas rochosos, similares à Terra,
que podem abrigar formas de vida, são menores que os planetas gasosos, que têm
menos chances de serem habitáveis.”
ESO/M.
Kornmesser/Nick RisingerA missão havia sido selecionada como candidata pela ESA
em 2014 e agora serão dados os primeiros passos da construção do projeto, com o
recebimento de propostas de empresas para a produção de cada componente. O
desenvolvimento de Plato ficará a cargo do Programa Científico da ESA, que
o selecionou como seu projeto médio do ciclo Cosmic Vision 2015–25, e a
previsão de lançamento é 2026.
Mais
informações: (11) 3091-2779; e-mail eduardo.janot@iag.usp.br, com o professor
Eduardo Janot Pacheco
Fonte: Jornal
da USP
Nenhum comentário:
Postar um comentário