Por que
os adolescentes se expõem aos riscos do Baleia Azul?
Por Sylvia van Enck Meira para a Carta Educação –
Psicóloga dá dicas a pais e educadores de como
orientar os adolescentes e protegê-los dos perigos do jogo.
Desde o
início de abril, as mídias vêm divulgando notícias sobre os riscos do uso de um
jogo virtual chamado “Desafio da Baleia Azul”. Com terreno bastante fértil
entre os adolescentes, o jogo – criado na Rússia, em 2015, e recém chegado ao
Brasil – vem causando muito temor entre famílias e educadores.
O “Desafio da Baleia Azul” começa a partir de
um convite enviado pelas redes sociais (WhatsApp ou Facebook) por um
administrador ou curador, nome dado aos organizadores do jogo. Uma vez aceito o
desafio, começam as trocas de mensagens com tarefas que devem ser cumpridas
pelo jogador.
Crédito: Foto: Tato Rocha/JC Imagem.
A partir desse momento, o participante é coibido a
não desistir do jogo sob pena de punições a si próprio e aos familiares e
amigos, já que os organizadores têm acesso aos seus dados pessoais.
Ao todo, são 50 desafios sendo o último o suicídio.
Há outras tarefas que consideram por exemplo, assistir filmes deprimentes e de
terror durante a madrugada, estimulando sentimentos de menos valia e a
depressão. Os jogadores recebem o desafio do dia às 4h20. Sequencialmente, eles
se tornam mais perigosos, inserem técnicas como a automutilação e estimulam a
privação do sono, simulando etapas preparatórias para o objetivo final.
Nos perguntamos por que muitos adolescentes se
expõem aos riscos? Como conseguem driblar a vigilância paterna?
Na busca por identidade, os jovens podem se sentir
melancólicos e solitários.
É sabido que a fase adolescente está ligada à busca
de identidade pessoal e, muitas vezes, os jovens sentem-se melancólicos e
solitários. Eles estão num momento precioso de buscas de novos referenciais e,
pertencer a um grupo, passa a ter importância fundamental.
Temos observado que, cada vez mais, as pessoas têm
se utilizado dos recursos tecnológicos e de seus benefícios. No entanto,
os filhos, sobretudo os menores de idade, carecem de supervisão paterna
frequente.
Na medida em que os próprios adultos se mantém
conectados aos aparelhos é comum surgir a dificuldade de estabelecer limites às
crianças e adolescentes, inclusive no que diz respeito ao cumprimento das
atividades de rotina. Frente a este cenário, as relações familiares se tornam
superficiais, distanciadas.
O “Desafio da Baleia Azul” sugere reflexões e ações
por parte de pais e educadores para:
- Atentar
às mudanças no comportamento dos jovens, dentre eles mudanças nos hábitos
de rotina (alimentação, sono, vestuário, falta às aulas, isolamento) e no
humor;
- Abrir
espaço para o diálogo sobre diferentes assuntos;
- Acolher,
ouvir o que o adolescente tem a falar sobre si, sobre seu mundo de
relações e incertezas;
- Orientá-lo
acerca dos riscos do uso de jogos que podem colocar sua vida em risco;
- Estimulá-lo
e valorizar suas competências e interesses genuínos;
- Estabelecer
limites de forma coerente e consistente.
Sylvia van Enck Meira: Psicóloga Clínica. Mestre em
Psicologia Clínica. Especialista em Terapia Familiar e de Casais. Terapeuta
Comunitária. Psicóloga do Ambulatório dos Transtornos do Impulso no Programa de
Dependências Tecnológicas do Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP.
Fonte: ENVOLVERDE
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