Em seis meses 100 milhões de árvores foram derrubadas na Bacia do Xingu.
O equivalente a 100 milhões de
árvores foram desmatadas na Bacia do Xingu em apenas seis meses. A
pressão por novas áreas para a expansão agropecuária, grilagem de
terras, retirada ilegal de madeira e a expansão do garimpo
provocaram a derrubada de 70 mil hectares de floresta no Pará e Mato
Grosso. O ritmo do desmatamento não mostra sinais de diminuição:
em junho, 24.541 hectares foram destruídos.
Do total desmatado no último mês,
mais de 7 mil hectares correspondem ao montante de floresta derrubada
dentro de áreas protegidas – Terras Indígenas e Unidades de
Conservação. À revelia de denúncias feitas pelos povos indígenas,
ribeirinhos e seus parceiros, que cobram medidas efetivas de combate
ao desmatamento, não houve até então, um arrefecimento das
atividades ilegais no território. “É urgente que os órgãos
governamentais responsáveis atuem para combater o desmatamento. Os
índices são assustadores e aumentam a cada mês”, alerta Juan
Doblas, especialista em geoprocessamento do ISA.
A ação de grileiros e desmatadores
voltou com força na Terra Indígena (TI) Ituna Itatá, morada de
indígenas isolados, no Pará. Em junho foi registrado um aumento
exorbitante na área desmatada em seu interior: de 3 hectares
detectados em maio, o número pulou para 756 hectares.
A TI entrou no radar do
monitoramento do Sirad X em janeiro, quando foi identificado um
desmatamento de 77 hectares. Após detectar 7 hectares desmatados em
2013, a região contabilizou assustadores 1.349 hectares de floresta
derrubados entre agosto de 2016 e junho de 2017. Esses dados revelam
uma tendência de expansão de um processo de grilagem, fruto da ação
de grupos criminosos de Altamira e Anapú.
Em março, o ISA encaminhou a
diversos órgãos governamentais um ofício denunciando o avanço da
destruição da floresta, com a localização de todos os polígonos
referentes ao desmatamento. O documento foi entregue ao Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama),
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará
(Semas-PA), Fundação Nacional do Índio (Funai) e Ministério
Público Federal (MPF). Em abril, voltou a encaminhar uma denúncia,
dessa vez referente a exploração de madeira no interior da TI. Após
alguns meses de calmaria, em que duas ações do Ibama foram
realizadas para coibir as atividades ilegais, o desmatamento parece
ter voltado com força.
A TI Ituna/Itatá localiza-se a
menos de 70 quilômetros do sítio Pimental, principal canteiro de
obras da hidrelétrica de Belo Monte, e a destruição das florestas
vem aumentando exponencialmente desde 2011, início da construção
da usina. “A chegada do empreendimento e o brutal aquecimento do
mercado de terras na região provocou uma corrida especulativa. Nesse
contexto, o desmatamento constitui uma reafirmação do controle
sobre determinadas áreas, e tende a crescer com a ausência de ações
de fiscalização”, afirma Doblas.
Fonte: Instituto
Socioambiental
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