terça-feira, 7 de agosto de 2018


Em seis meses 100 milhões de árvores foram derrubadas na Bacia do Xingu.

O equivalente a 100 milhões de árvores foram desmatadas na Bacia do Xingu em apenas seis meses. A pressão por novas áreas para a expansão agropecuária, grilagem de terras, retirada ilegal de madeira e a expansão do garimpo provocaram a derrubada de 70 mil hectares de floresta no Pará e Mato Grosso. O ritmo do desmatamento não mostra sinais de diminuição: em junho, 24.541 hectares foram destruídos.

Do total desmatado no último mês, mais de 7 mil hectares correspondem ao montante de floresta derrubada dentro de áreas protegidas – Terras Indígenas e Unidades de Conservação. À revelia de denúncias feitas pelos povos indígenas, ribeirinhos e seus parceiros, que cobram medidas efetivas de combate ao desmatamento, não houve até então, um arrefecimento das atividades ilegais no território. “É urgente que os órgãos governamentais responsáveis atuem para combater o desmatamento. Os índices são assustadores e aumentam a cada mês”, alerta Juan Doblas, especialista em geoprocessamento do ISA.

A ação de grileiros e desmatadores voltou com força na Terra Indígena (TI) Ituna Itatá, morada de indígenas isolados, no Pará. Em junho foi registrado um aumento exorbitante na área desmatada em seu interior: de 3 hectares detectados em maio, o número pulou para 756 hectares.

A TI entrou no radar do monitoramento do Sirad X em janeiro, quando foi identificado um desmatamento de 77 hectares. Após detectar 7 hectares desmatados em 2013, a região contabilizou assustadores 1.349 hectares de floresta derrubados entre agosto de 2016 e junho de 2017. Esses dados revelam uma tendência de expansão de um processo de grilagem, fruto da ação de grupos criminosos de Altamira e Anapú.

Em março, o ISA encaminhou a diversos órgãos governamentais um ofício denunciando o avanço da destruição da floresta, com a localização de todos os polígonos referentes ao desmatamento. O documento foi entregue ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas-PA), Fundação Nacional do Índio (Funai) e Ministério Público Federal (MPF). Em abril, voltou a encaminhar uma denúncia, dessa vez referente a exploração de madeira no interior da TI. Após alguns meses de calmaria, em que duas ações do Ibama foram realizadas para coibir as atividades ilegais, o desmatamento parece ter voltado com força.

A TI Ituna/Itatá localiza-se a menos de 70 quilômetros do sítio Pimental, principal canteiro de obras da hidrelétrica de Belo Monte, e a destruição das florestas vem aumentando exponencialmente desde 2011, início da construção da usina. “A chegada do empreendimento e o brutal aquecimento do mercado de terras na região provocou uma corrida especulativa. Nesse contexto, o desmatamento constitui uma reafirmação do controle sobre determinadas áreas, e tende a crescer com a ausência de ações de fiscalização”, afirma Doblas.

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