quinta-feira, 23 de agosto de 2018


Desmatamento segue como vilão do clima no Brasil e em Mato Grosso.

Autor Assessoria de Comunicação - 29/06/2018
Método de análise brasileiro é destaque em revista internacional

Mais da metade das emissões de gases-estufa em 2016 vieram do setor de mudança do uso da terra (MUT) – e até agora nada indica que 2017 será diferente. O dado, que não chega a ser nenhuma surpresa, é resultado da análise do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG). O estudo, publicado pelo Observatório do Clima, conta com a colaboração de Paula Bernasconi, do Instituto Centro de Vida. 

Em 2016, este segmento emitiu 1,17 bilhão de toneladas brutas de CO2 equivalente (tCO2eq), o que representa 51% de todas as emissões brasileiras no ano. Mato Grosso foi o segundo estado que mais emitiu gases oriundos das mudanças do uso da terra – 13% do total. Ficou atrás do Pará, com quem há anos se reveza no triste primeiro lugar em taxa de desmatamento da Amazônia.

O setor de mudança do uso da terra (MUT) é uma das categorias estabelecidas internacionalmente para avaliação de emissões de gases-estufa. Engloba emissões de desmate, calagem de solos e queima de resíduos florestais.

>> Mais: baixe o estudo completo neste link 


As emissões do setor MUT em 2016 são as maiores desde 2008, contrastando com a tendência de estabilização no período de 2010 a 2015. De acordo com o estudo do Observatório do Clima, isso levanta a possibilidade de nova tendência de aumento das emissões, principalmente nos biomas Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. E, como esperado, acompanham o aumento das taxas de desmatamento.

De acordo com as análises do ICV – que acompanha os dados do desmatamento há mais de 10 anos – entre 2011 e 2015 o desmatamento na Amazônia mato-grossense ficou estabilizado em torno de 1 mil km², mas, desde então vem aumentando.

Na última temporada, entre agosto de 2016 e julho de 2017, a taxa de desmatamento da área florestal na Amazônia, levantada pelo Prodes foi de mais de 6,6 mil quilômetros quadrados – 20% disso ocorreu em Mato Grosso: 1.341 km² de florestas desmatadas em corte raso.
Crédito: Ibama

>> Veja também: Análise do Desmatamento em Mato Grosso (Prodes/2017)

Ou seja, nada indica que quando forem feitos os cálculos de emissões de 2017 os números serão melhores do que em 2016. Com isto, Brasil está cada vez mais distante de cumprir seus compromissos de redução de emissões de gases-estufa por desmatamento. Tanto quando o Estado de Mato Grosso se distancia do compromisso de zerar o desmatamento ilegal até 2020.

Reconhecimento

A metodologia usada no Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa recebeu reconhecimento internacional no final de maio. Um artigo científico contendo o passo a passo completo do SEEG foi publicado no periódico Scientific Data. A revista integra o grupo Nature, que edita a principal revista científica do planeta.

Veja o artigo aqui (em inglês): https://www.nature.com/articles/sdata201845

O relatório do setor de Mudança de Uso da Terra integra a série de cinco documentos de análise que é publicada depois do lançamento dos dados do SEEG. Também foram analisadas as emissões dos setores de Resíduos, Energia e Processos Industriais e Agropecuária, além de um documento-síntese com recomendações para a governança climática do Brasil. 

SEEG

O Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) é uma iniciativa da sociedade civil através do Observatório do Clima que compreende a produção de estimativas anuais das emissões de gases de efeito estufa (GEE) no Brasil, documentos analíticos sobre a evolução das emissões e um portal na internet para disponibilização de forma simples e clara dos métodos e dados do sistema.

As Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa são geradas segundo as diretrizes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), com base nos dados dos Inventários Brasileiros de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases do Efeito Estufa, elaborado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e em dados obtidos junto a relatórios governamentais, institutos, centros de pesquisa, entidades setoriais e organizações não governamentais.

Fonte: ICV

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