ECO21 – O
Brasil na contramão com o desmatamento e a energia nuclear.
Por Lúcia Chayb e René Capriles,
da revista ECO21 –
Diversos acontecimentos neste mês de Julho
chamaram a atenção particularmente no Brasil. No campo político, a possível
abertura de um processo de impeachment ao Presidente Temer na Câmara dos
Deputados foi o fato mais significativo. Nas suas articulações, o Presidente
Temer decidiu agradar a bancada ruralista enviando ao Congresso Nacional um
Projeto de Lei que diminui em 350 mil hectares a Floresta Nacional do Jamanxin,
uma das principais Unidades de Conservação do país.
Este PL, segundo diversos
analistas e organizações ambientalistas, como o IPAM Amazônia, “anistia a
grilagem e pode gerar um desmatamento adicional de mais de 138 mil hectares,
até 2030, provocando a emissão de 67 milhões de toneladas de CO2. Se
passar, o PL representará uma confirmação de que o desmatamento fugiu do
controle e que, paradoxalmente, tem o aval do Governo”.
O desmatamento do Bioma Chaco, no Paraguai, para
fazer carvão, e na, Bolívia, para plantar soja, se soma à destruição do Cerrado
que muito em breve será transformado num deserto sem recursos hídricos. Essa
situação leva a uma análise mais aprofundada sobre o desaparecimento das
florestas tropicais no mundo. O Professor Luiz Marques da UNICAMP, num artigo
recente adverte que estaríamos vivenciando o último século das florestas
tropicais. Reproduzindo dados de 2001 do Earth Observatory da NASA ele informa:
“se a taxa atual de desmatamento continuar, as florestas tropicais
desaparecerão dentro de 100 anos, provocando efeitos desconhecidos sobre o
clima global e eliminando a maioria das espécies vegetais e animais no
Planeta”.
Essa observação se encontra fundamentada em
observações de imagens de satélite e nelas a região amazônica figura em
primeiro lugar. No dia 10 deste fatídico Julho, a publicação científica PNAS da
Academia Nacional de Ciências dos EUA, alertou que a atividade humana está
precipitando a “aniquilação biológica” e promovendo um evento de extinção em
massa, que seria o sexto fenômeno deste tipo na evolução da vida na Terra. Dois
dias depois, aconteceu o colapso da plataforma de gelo Larsen C na Antártida,
provocando a formação de um gigantesco iceberg, estimado em um trilhão de
toneladas de gelo. O iceberg tem quase a mesma área de algumas ilhas muito
conhecidas; é maior que Bali, Trinidad e um pouco menor que Córsega, Chipre ou
Porto Rico.
Mas a dramática realidade planetária não se
limita a isso, neste mês a National Oceanic & Atmospheric Administration
(NOAA) dos EUA revelou o aparecimento de uma gigantesca “zona morta” no Golfo
do México de 15 mil km2, quase 15 vezes o tamanho da cidade do Rio
de Janeiro, onde a água não tem oxigênio suficiente para que os peixes
sobrevivam. Isso se deve aos agrotóxicos e produtos químicos utilizados pelos
agricultores a quilômetros de distância.
É o que o jornalista e ambientalista Dal
Marcondes chama de “terra envenenada” citando um informe da FAO: “os solos
estão contaminados por conta das atividades dos homens, que descartam uma
grande quantidade de produtos químicos nas áreas utilizadas para produzir
alimentos”. Por sorte surge uma esperança, Nicolas Hulot, Ministro da Transição
Ecológica e Solidária da França de Macron, decidiu banir alguns agrotóxicos,
fechar l7 centrais nucleares até 2025, proibir até 2040 o uso de carros com
combustível fóssil, e levar a França a zerar as emissões de CO2 até
2050.
Na Coreia do Sul, O novo Presidente Moon Jae-In,
prometeu que o país acabará com a dependência de energia nuclear e investirá em
fontes de energia renováveis. Ele espera que o país entre em uma “era livre da
energia nuclear” assim como o governo espanhol que decidiu fechar a sua central
nuclear de Santa Maria Garoña, a mais antiga do país. Enquanto isso o Brasil
vai à contramão pensando em terminar de construir a central nuclear de Angra 3.
Acompanhando as boas notícias, a empresa Tesla
concluiu uma enorme usina solar de 55.000 painéis na ilha havaiana de Kauai,
que permitirá o armazenamento de energia em escala industrial. Como resultado,
44% da energia da ilha virão de fontes renováveis. Será a primeira iniciativa
solar a fornecer energia de forma confiável 24 horas por dia, 7 dias por
semana. O Havaí estabeleceu metas de eliminar todas as fontes de energia não
renováveis até 2045. Aloha spirit!
Fonte: ECO21
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