Observatório do Pantanal apresenta a legisladores soluções de garantia de proteção ao bioma.
Representantes do Observatório do
Pantanal entregaram, nesta quarta-feira, 5, aos membros da Comissão
de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) da Câmara
dos Deputados e ao presidente da CMADS, Augusto Carvalho
(Solidariedade/DF), o texto “Contribuições da Sociedade Civil
para a Lei do Pantanal”.
Segundo o Observatório do Pantanal
o atual texto do Projeto de Lei 750/2011 precisa ser modificado para
se tornar uma legislação que promova a conservação e o
desenvolvimento sustentável no bioma, a maior área úmida
continental do planeta.
O grupo é formado por uma coalizão
com 18 organizações não governamentais, o Instituto Centro de Vida
(ICV) entre elas, que atuam no bioma nos estados de Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Bolívia e Paraguai. O resultado do trabalho impresso
distribuído no Congresso Nacional é fruto de uma reunião do
seminário Contribuições da Sociedade Civil para a Lei do Pantanal
de 26 de setembro, quando os membros do Observatório, e instituições
dos governos federais, estaduais e academia se reuniram para discutir
o texto que tramita no Congresso Nacional.
O seminário também contou com a
participação de pesquisadores, líderes de associações de
pescadores e representantes do setor do turismo. As apresentações
deixaram claras as graves ameaças ao Pantanal e a necessidade de uma
legislação específica para a proteção do bioma, prevista na
Constituição de 1988, mas que 30 anos depois ainda não tornou-se
realidade.
Teodoro Irigaray, ex-procurador do Mato Grosso e professor na universidade federal daquele estado, demonstrou preocupação com o texto que foi protocolado e poderá ser colocado em votação. “Não podemos ter mais uma lei ruralista. Não apenas o Pantanal, como também todas as áreas úmidas do país ficaram fragilizadas com o Código Florestal”, analisou.
O pescador Aparecido dos Santos,
destacou uma série de vulnerabilidades que têm afetado diretamente
as comunidades pesqueiras de Mato Grosso do Sul. “Temos visto muito
assoreamento, desmatamento sem critério, degradação de rios e
matas pela lavoura, uso exagerado de veneno, esgoto sem tratamento
despejado nos rios e barulho muito alto de motor de embarcações. O
rio Aquidauana baixou de nível e a gente atravessa a pé em vários
locais. Por conta disso precisa cuidar das cabeceiras”, observou.
Bruno Taitson (WWF) e Juliana Arini
(SOS Pantanal) entregam documento ao deputado Alessandro Molon.
O relatório atual, protocolado este
mês pelo senador Pedro Chaves na Comissão de Meio Ambiente,
apresentou algumas pioras em relação ao texto anterior, de autoria
do mesmo parlamentar, a retirada da proteção na região da Bacia do
Alto Paraguai, onde estão os rios que formam o Pantanal seria uma
das principais questões.
Segundo Bruno Taitson, Analista de
Políticas Públicas do WWF-BRASIL, o relatório é fruto de um amplo
trabalho da sociedade civil organizada. “Essa publicação é
resultado de muita ciência, da participação de organizações de
pesquisa, de meio ambiente, de comunidades locais, de pescadores, de
mulheres. Esperamos que esta casa aprove uma Lei do Pantanal que
promova a proteção do bioma e seu desenvolvimento sustentável.”.
Juliana Arini, Coordenadora de
Comunicação do Instituto SOS Pantanal, enfatiza a importância da
constituição da lei e do lançamento do relatório. “A principal
contribuição do relatório é preencher uma lacuna de 30 anos sem
uma legislação específica para o Pantanal. Que estava prevista na
constituição de 1988 e até hoje o Congresso não cumpriu seu papel
de legislar e de proteger este bioma.”.
O recente acidente envolvendo os
rios da região de Bonito e Jardim, em Mato Grosso do Sul é um
exemplo da necessidade da urgência de se garantir a proteção
integral da rede hidrográfica do Pantanal. A ausência de gestão
ambiental e o avanço desenfreado das lavouras de monocultura na
região fizeram trechos inteiros dos rios Olho d’Água e da Prata
ficarem tomados pela lama, perdendo a característica de turbidez
natural das águas da região. Todos esses cursos de água são
contribuintes e formadores do bioma Pantanal.
O deputado Augusto Carvalho (SD/DF),
presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável (CMADS), na Câmara dos Deputados, recebeu um exemplar
da publicação e ressaltou a importância da sociedade civil
organizada no processo legislativo. “O parlamento é a casa do
contraditório. Da mesma maneira que o agronegócio se mobiliza
defendendo suas teses, é importante que a sociedade civil e os
movimentos organizados possam se fazer presentes.” E conclui. “É
importante que haja essa pressão sobre o parlamento, para que o
melhor possa sair desse debate.”.
O deputado Alessandro Molon
(PSB/RJ), líder da Frente Parlamentar Ambientalista (RAPS), afirmou
que é grande a preocupação para que a proteção do meio ambiente
e de nossos biomas continue avançando. “Vamos tentar ainda esse
ano aprovar aquilo que for possível, inclusive na Comissão do Meio
Ambiente, um projeto de lei de nossa autoria que protege o Pantanal.
E se não conseguirmos nesse ano sabemos que a luta vai continuar.
Nós sabemos que o novo governo tem uma visão muito refratária às
causas ambientais, mas a nossa expectativa é que a mobilização da
sociedade civil organizada brasileira e a pressão internacional nos
ajude a avançar nessas pautas.”.
Leia o documento na
integra: PropostaLeidoPantanal_2018
Fonte: ICV
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