Desmatamento no Cerrado emitiu 7 bi de gases do efeito estufa em 15 anos.
Katowice, 7 de dezembro de 2018
- O desmatamento e as queimadas no Cerrado geraram, entre 1990 e
2017, a emissão de 7 bilhões de toneladas de CO2 equivalentes,
que causam o efeito estufa – foram 159 milhões de toneladas só no
ano passado, o que equivale a 17% do total de emissões por mudança
do uso do solo no Brasil.
Os dados são baseados no SEEG
(Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa), do
Observatório do Clima, e foram lançados pelo IPAM (Instituto de
Pesquisa Ambiental da Amazônia) na 24ª Conferência do Clima (COP
24), da ONU, que acontece na Polônia.
O Cerrado é o segundo maior bioma
da América do Sul, com 2 milhões de quilômetros quadrados, e dá
origem a dois terços das bacias hidrográficas brasileiras. Mais da
metade de sua vegetação nativa foi desmatada, e a maior parte do
bioma (45%) abriga pastagens e atividades agrícolas – 12% da soja
produzida no mundo sai do Cerrado.
“A agropecuária no Cerrado tem
bastante espaço para crescer com sustentabilidade, de forma a
aproveitar as áreas já abertas com eficiência, conservação de
recursos hídricos e manutenção da vegetação nativa, inclusive a
que poderia ser desmatada legalmente”, afirma a pesquisadora do
IPAM Gabriela Russo, que coordenou o trabalho divulgado na COP 24.
“Um caminho é implementar mecanismos de mercado, que remunerem os
produtores rurais que tenham mais vegetação nativa do que rege a
lei.”
Pelas regras do Código Florestal,
existem 325 mil km2 de vegetação nativa que podem ser legalmente
desmatados no Cerrado, o que geraria 3,2 bilhões de toneladas de
CO2 equivalentes na atmosfera. Há ainda 25,6 mil km2 de áreas
públicas não destinadas no bioma, que não estão sujeitas a
nenhuma categoria fundiária definida e podem, facilmente, ser alvo
de desmatamento irregular e grilagem de terras. Se desmatadas,
gerariam mais 200 milhões de toneladas.
“O Cerrado e sua população
precisam de apoio. Conservar o que resta do bioma é bom para o
clima, para a água que serve boa parte do Brasil, para a agricultura
e para as pessoas que ali vivem”, diz a diretora de Ciência do
IPAM, Ane Alencar.
Fonte: ENVOLVERDE
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