Jovens
representam mais de 35% dos desempregados do mundo, alerta OIT.
A juventude
representa mais de 35% da população desempregada em todo o mundo, segundo
relatório lançado nesta segunda-feira (20) pela Organização Internacional do
Trabalho (OIT). Apesar de o número estimado de 70,9 milhões de jovens
desempregados este ano representar uma melhora frente ao auge da crise em 2009,
a OIT estima que esse volume deve aumentar em mais 200 mil em 2018, atingindo
um total de 71,1 milhões.
Globalmente, os aumentos consideráveis nas taxas
de desemprego juvenil observadas entre 2010 e 2016 no norte da África, nos
Estados árabes e na América Latina e no Caribe foram compensados por melhorias
nos mercados de trabalho juvenil na Europa, na América do Norte e na África
subsaariana.
O crescimento econômico geral continua
desconectado do crescimento do emprego e a instabilidade econômica ameaça
reverter os avanços observados no emprego juvenil. A diferença nas taxas de
desemprego entre jovens e adultos quase não mudou na última década, ilustrando
as desvantagens enraizadas e extensivas que a juventude enfrenta no mercado de
trabalho.
O relatório também destaca as vulnerabilidades
contínuas das mulheres jovens no mercado de trabalho. Em 2017, a taxa global de
participação delas na força de trabalho é 16,6 pontos percentuais menor que a
dos homens jovens.
As taxas de desemprego das mulheres jovens também
são significativamente maiores do que as dos homens jovens. Além disso, a
diferença de gênero na taxa de jovens que não estão trabalhando nem estudando
ou recebendo treinamento é ainda maior: globalmente, essa taxa é de 34,4% das
mulheres jovens, comparado a 9,8% dos homens jovens.
Em 2017, 39% dos 160,8 milhões de jovens
trabalhadores no mundo emergente e em desenvolvimento vivem em pobreza moderada
ou extrema, ou seja, com menos de 3,10 dólares por dia.
Atualmente, mais de dois em cada cinco jovens na
força de trabalho estão desempregados ou estão trabalhando enquanto continuam
na pobreza, uma realidade impressionante que afeta sociedades do mundo todo.
Para muitos deles, presente e futuro estão na
economia informal. Três em cada quatro jovens mulheres e homens empregados
estão no emprego informal, em comparação com três em cada cinco adultos. Nos
países em desenvolvimento, essa proporção chega a 19 em cada 20 jovens mulheres
e homens.
O desafio do emprego juvenil não é, portanto,
apenas sobre a criação de emprego, mas também — e principalmente — sobre a
qualidade do trabalho e empregos decentes para a juventude.
“Lidar com esses persistentes desafios sociais e
do mercado de trabalho enfrentados por jovens mulheres e homens é crucial, não
só para alcançar um crescimento sustentável e inclusivo, mas também para o
futuro do trabalho e a coesão social”, disse a diretora-geral adjunta para
políticas da OIT, Deborah Greenfield.
Outros resultados
Outros resultados
O relatório também revela que os setores com
algumas das maiores taxas de crescimento de emprego juvenil na última década
incluem finanças, comércio e saúde.
Os jovens são relativamente mais fluentes em
tecnologia do que os trabalhadores mais velhos e aproveitam isso cada vez mais
para ganhar a vida, embora existam diferenças entre as regiões, dependendo da
taxa de difusão e do acesso digital.
As habilidades demandadas também estão mudando.
Houve um declínio na busca por capacidades de nível médio, enquanto a procura
por trabalhadores altamente qualificados e menos qualificados está crescendo,
contribuindo para uma maior polarização no mercado de trabalho.
A demanda por jovens altamente qualificados
cresceu fortemente em países de renda alta, enquanto nos países em
desenvolvimento e emergentes houve um aumento no trabalho de baixa habilidade.
O emprego de jovens trabalhadores
semiqualificados diminuiu na maioria dos países, em todos os níveis de
desenvolvimento. Essa tendência de polarização do trabalho pode ser acentuada
pelas novas tecnologias e potencialmente exacerbar as desigualdades existentes.
Um número crescente de jovens à procura de
emprego e de jovens empreendedores está recorrendo à Internet — ou seja, à
economia sob demanda das plataformas digitais, conhecida como gig economy —
onde encontram formas novas e diversas de emprego.
Um exemplo disso é o crowd-work realizado
remotamente através de plataformas online, que pode oferecer flexibilidade e
expandir as oportunidades de obtenção de renda. No entanto, existem riscos
importantes, incluindo baixos rendimentos, nenhuma garantia de continuidade no
emprego ou de renda e falta de acesso a benefícios relacionados ao trabalho.
Os jovens muitas vezes iniciam suas vidas
profissionais em empregos temporários, sabendo que talvez nunca consigam
conquistar “segurança no trabalho”.
Eles são mais propensos a fazerem a transição
para empregos estáveis e satisfatórios nas economias desenvolvidas e emergentes
do que nos países em desenvolvimento.
Mais investimentos em educação de qualidade e
desenvolvimento de habilidades são críticos, pois quanto mais tempo uma pessoa
jovem estuda, menor é o tempo de transição para o emprego, mostrou o relatório.
O documento também destaca a necessidade de
políticas que levem em conta as rápidas mudanças nas características do mundo
do trabalho, impulsionadas pela tecnologia, e que permitam que mulheres e
homens jovens estejam à frente da curva.
“Investir em mecanismos de aprendizagem ao longo
da vida, habilidades digitais e estratégias setoriais que expandam o trabalho
decente e abordem as vulnerabilidades dos mais desfavorecidos deve ser a prioridade
das políticas nacionais”, disse a diretora do Departamento de Políticas de
Emprego da OIT, Azita Berar Awad.
O relatório fez ainda um chamado por parcerias
estratégicas com múltiplos atores no âmbito da Iniciativa Global sobre Empregos
Decentes para a Juventude e da plataforma da Agenda 2030 de Desenvolvimento
Sustentável, no sentido de aumentar a ação e o impacto sobre o emprego juvenil.
Acesse o relatório:
- Resumo
executivo em inglês: http://www.ilo.org/
global/about-the-ilo/newsroom/ news/WCMS_597065/lang–en/ index.htm - Resumo
executivo em francês: http://www.ilo.org/
global/about-the-ilo/newsroom/ news/WCMS_597466/lang–fr/ index.htm - Resumo
executivo em espanhol: http://www.ilo.org/
global/about-the-ilo/newsroom/ news/WCMS_598665/lang–es/ index.htm - Relatório
completo (somente em inglês): http://www.ilo.org/
global/publications/books/ global-employment-trends/WCMS_ 598669/lang–en/index.htm
Fonte: ENVOLVERDE
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